Ao reabrir esta semana o Museu do Sorvete, na Ribeira, o empresário Natanael Couto, da Sorvetes Real, contou que desde o início da pandemia vem se “mantendo, mas com muito jogo de cintura”. Ele se queixa do aumento no preço do leite, do açaí (vindo do Pará), da energia, gasolina, entre outros.

Não bastassem os impactos gerados pelo fechamento do comércio durante os primeiros meses da pandemia, donos de pequenas empresas veem-se agora diante do desafio de operar em meio à alta generalizada de custos e queda no consumo. Para fazer frente ao aumento do preço de combustível, gás de cozinha, conta de luz, alimentos, vale de tudo: apagar luzes, desligar freezer, otimizar roteiro de entrega, substituir insumos.

De acordo com a analista de negócios do Sebrae Bahia, Adriana Pereira, existem alternativas para driblar essa escalada, mas é preciso fazer o “dever de casa”, afirma. Tudo ficou mais caro, diz.

“É hora de rever tudo, essa é uma nova realidade. Os gastos, especialmente com energia elétrica, combustível e alimentação cresceram bastante, causados seja pela escassez, por eventos climáticos, e a primeira dica é conhecer de perto os custos, na ponta do lápis”, conta ela.

Procurar reduzir taxas bancárias e de maquininha de cartão é outra dica, conta. “Avaliar a necessidade de instalação de dispositivos de ecoeficiência energética, como sensor de presença; verificar se há máquina fora do calibre, procurar novos fornecedores, o que pode ser diminuído. Rever o próprio orçamento doméstico”, diz.

Ao reabrir esta semana o Museu do Sorvete, na Ribeira, o empresário Natanael Couto, da Sorvetes Real, contou que desde o início da pandemia vem se “mantendo, mas com muito jogo de cintura”. Ele se queixa do aumento no preço do leite, do açaí (vindo do Pará), da energia, gasolina, entre outros.

Conta já ter dispensado funcionário, desligado câmara frigorífica – e o caminhão de entregas agora só roda uma vez por semana.

“São muitas as dificuldades. Pouco antes da pandemia investimos alto na capacidade de produção, em maquinário. Mas não tem mercado. A conta de luz, que era R$ 12 mil, subiu para

R$ 18 mil. Houve aumento da pasta de amendoim. O açaí disparou, saltou de R$ 7,50 para R$ 12. Estamos enxugando ao máximo, comprando só o mínimo. Tivemos um inverno rigoroso, o dinheiro sumiu. Esperamos o verão”.

Insumos em alta

Dona de um restaurante especializado em culinária japonesa no Rio Vermelho, o Nozu, Maria Carvalho destaca o aumento de 50% do principal ingrediente utilizado em sua cozinha, o salmão. Fabricado no Chile, ela conta que o país vem preferindo vender principalmente para os Estados Unidos e ganhar em dólar.

Mas os pescados de uma forma geral também tiveram aumento, diz. O que mais a preocupa são os aumentos “constantes e repentinos”. “Toda essa incerteza (da economia). O fornecedor de sacolas ligou essa semana dizendo que papel aumentou 17%, impactando demais nossa operação, 100% delivery. Temos câmara fria grande ligada 24 horas, sistema de exaustor, e estamos estudando a instalação de placas fotovoltaicas de energia solar. E segurando para não repassar esses custos aos clientes”, conta Maria.

Autor do recém-lançado livro Governança Corporativa e Pequenos Negócios, o consultor Augusto Cruz diz que a atual conjuntura exige “união” por parte de quem empreende. Segundo ele, objetivo seria a construção de uma espécie de “rede” de colaboração mútua, visando, por exemplo, compras coletivas com custos menores, mas, sobretudo, a criação de “novas cadeias de valor” e práticas, explica.

“Pequenos empreendedores costumam achar que governança é coisa de grandes empresas, mas não”.

Sócio ao lado da mãe e da irmã na Bolo da Luz, Joás Simples diz que enfrenta reajustes de até 100% de insumos, como óleo de cozinha, farinha de trigo, manteiga e ovos. Além disso, tem a frota com cinco veículos e logística de entrega diária, incluindo Feira de Santana, Praia do Forte e Guarajuba.

Como quase 97% da produção é destinada a redes de supermercados, conta estar há um ano e meio trabalhando com uma margem cada vez mais apertada, já que é difícil repassar essa alta. “O jeito é tentar ser ainda mais assertivo na produção”, diz.

À medida que as populações globais continuam a crescer, com projeções que estimam um número impressionante de 10 bilhões de pessoas até 2050, os agricultores de todo o mundo enfrentam um imenso desafio: garantir a segurança alimentar para todos.

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