A especialista iniciou sua fala relatando que milhares de toneladas de colostro bovino são desprezadas no Brasil, pois ainda não se entendeu o potencial deste alimento para auxiliar no combate à fome. “No Rio Grande do Sul o pessoal costuma dar o colostro para a terneira a partir do quarto ao quinto dia, mas no Brasil isso ocorre lá pelo oitavo dia, enquanto há um desperdício de leite neste período”, salientou.
Segundo Mara, são pelo menos 24 milhões de terneiras no Brasil. Uma vaca pode produzir de 32 a 80 litros de colostro em cinco ordenhas, com uma média de 1,4 bilhão de litros de colostro produzidos, sendo que 1,2 bilhão de litros são descartados por ano. “As terneiras continuam sendo alimentadas com leite que poderia ser vendido e o colostro sendo jogado fora. Se calcularmos que temos 12 milhões de terneiras com 300 litros de leite consumidos em 30 dias, isso dá 3,6 bilhões de litros. Com preço de R$ 2,00 o litro, são R$ 7 bilhões que deixam de entrar no bolso desse produtor. Precisamos achar um substituto para o leite barato, disponível e nutritivo e que o agricultor possa reduzir esse custo”, ponderou.
A especialista salientou que o colostro é rico em vitaminas, proteínas, substâncias bioativas e tem a função de transmitir imunidade passiva à terneira. Mara explicou que nas pesquisas realizadas a introdução foi feita junto às terneiras aos poucos e, com isso, foi feita a silagem de colostro. “A silagem de colostro é uma solução para o agricultor e é muito fácil de fazer. Com dois litros de silagem de colostro e dois litros de água a 50 graus, fizemos quatro litros de composto. Ela é simples de produzir, não tem custo para fazer e as terneiras apresentaram desenvolvimento superior às criadas com leite”, destacou.