ESPMEXENGBRAIND
24 nov 2025
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Com produção crescente no Brasil e no RS, lideranças defendem campanha unificada para impulsionar o consumo de leite e equilibrar o mercado.
🥛 Com oferta robusta, setor discute ações integradas para ampliar o consumo de leite e reduzir pressão sobre estoques e preços.
🥛 Com oferta robusta, setor discute ações integradas para ampliar o consumo de leite e reduzir pressão sobre estoques e preços.

O consumo de leite dominou a reunião virtual da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados realizada nesta sexta-feira (21/11). Representantes de todos os elos da cadeia analisaram números atualizados da produção no Rio Grande do Sul, no país e no cenário global, além de debater a construção de uma campanha que estimule a demanda interna em um momento de forte disponibilidade do produto.

A apresentação inicial ficou a cargo do secretário-executivo do Sindilat-RS, Darlan Palharini, que compartilhou dados considerados “claros e contundentes” sobre a evolução recente da produção. Segundo ele, a captação brasileira até junho registrou aumento de 7% em relação ao mesmo período de 2024, o que representa cerca de 2,5 bilhões de litros adicionais entrando no sistema. No Rio Grande do Sul, o crescimento foi ainda mais expressivo: alta de 12% e incremento estimado em 500 milhões de litros.

Palharini destacou que essa ampliação consistente coloca o mercado nacional diante de um cenário de forte disponibilidade. “O que se pode ver é que temos disponibilidade de leite per capita, porque temos aumentado a oferta durante o ano. Segundo dados da Embrapa, são em torno de 1 milhão de litros no mercado brasileiro à disposição”, afirmou ao colegiado. Para ele, esse contexto reforça a necessidade de ações coordenadas para estimular o consumo e evitar desequilíbrios na formação de preços.

Outro ponto observado pelo executivo foi o comportamento das importações de leite em pó, que historicamente influenciam o ambiente competitivo da indústria. Ele recordou que, entre janeiro e outubro de 2024, o país importou 149 mil toneladas. Já no mesmo período de 2025, o volume avançou para 151 mil toneladas. Embora a variação seja moderada, as entidades ponderam que qualquer expansão das compras externas em períodos de alta oferta doméstica tende a gerar preocupação entre produtores e cooperativas.

O coordenador da Câmara Setorial do Leite e vice-presidente da Fetag-RS, Eugênio Zanetti, chamou atenção para uma iniciativa considerada estratégica pelo governo estadual: a compra pública de leite em pó integral produzido por cooperativas da agricultura familiar gaúcha. Conforme relatado durante a reunião, o edital de chamada prevê a aquisição de aproximadamente 2 milhões de quilos, com investimento estimado em R$ 90 milhões. A medida foi elogiada pelos participantes por representar estímulo direto à industrialização local e por apoiar estruturas que atuam na base do sistema produtivo.

Ainda assim, Zanetti ponderou que a ampliação de políticas estruturantes deve vir acompanhada de ações de mercado capazes de aumentar o consumo cotidiano de lácteos pela população. Segundo ele, a disponibilidade atual abre espaço para uma campanha de comunicação ampla, construída coletivamente, que valorize o leite produzido no Estado e reforce benefícios nutricionais, versatilidade de uso e impacto socioeconômico na vida rural.

A proposta de uma campanha estadual de incentivo ao consumo foi recebida com respaldo pelas entidades presentes, que avaliam que o momento é oportuno para promover unidade na cadeia produtiva. A percepção compartilhada é de que, diante do crescimento da oferta, as ações precisam mirar tanto o consumidor final quanto setores como alimentação escolar, redes varejistas e serviços de alimentação.

Também houve manifestações de produtores e representantes de cooperativas reafirmando a importância de fortalecer a imagem do leite gaúcho, especialmente após anos marcados por eventos climáticos severos e oscilações acentuadas de preço. Para eles, comunicar a resiliência do setor e reforçar práticas modernas de produção pode ampliar a confiança do consumidor e contribuir para dinamizar a demanda.

Ao final da reunião, os participantes concordaram em avançar na elaboração conjunta da campanha, envolvendo governo, indústria, cooperativas e organizações de produtores. Como encaminhamento, o grupo deve definir nos próximos encontros os pilares de comunicação, a segmentação de público e a forma de participação de cada entidade. A intenção, segundo resumiram representantes do colegiado, é construir uma iniciativa contínua, capaz de acompanhar os ciclos de produção e consumo e gerar impacto real no mercado interno.

Para o setor, o avanço da captação em 2025 reforça a necessidade de movimentos coordenados. E a aposta unânime dos integrantes da Câmara Setorial é que ampliar o consumo de leite será decisivo para equilibrar a oferta crescente e garantir sustentabilidade econômica ao longo da cadeia.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação

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