A sanidade dos bovinos é essencial para o produtor manter a boa produtividade do rebanho e o potencial de qualidade do produto que chega até o consumidor, seja o da carne ou do leite. Para esse cenário, de animais saudáveis, os médicos veterinários orientam sobre as diversas vacinas que os animais devem receber no processo de criação de bovinos, algumas delas obrigatórias no Brasil.
Em todo o estado de São Paulo, 10,8 milhões de bovinos deverão receber neste ano, obrigatoriamente, a vacina contra a febre aftosa. Para imunizar o rebanho contra a brucelose, outra doença de vacinação obrigatória, os técnicos da Defesa Agropecuária estimam 1,0 milhão de bezerras (apenas fêmeas são vacinadas), anualmente. No caso da vacinação contra a raiva, a vacina será obrigatória apenas quando há focos da doença em propriedades fiscalizadas pela Defesa Agropecuária.
De acordo com o gerente do Programa Estadual de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose, Klaus Saldanha Hellwig, os criadores devem estar atentos para vacinar o rebanho contra a brucelose, uma doença bacteriana e contagiosa que atinge o rebanho e a população humana. Para a tuberculose, Klaus explica que não há vacina, mas a doença é crônica e o programa tem como estratégia o diagnóstico da doença.
“O principal dano para os produtores quando a brucelose acomete o rebanho é que atinge o sistema reprodutivo dos animais, tanto da fêmea como do macho. E uma das formas de prevenir a doença é a vacina, aplicada em uma única dose em fêmeas entre três e oito meses de idade”, afirma Klaus. A aplicação da vacina, segundo o gerente do Programa, deve ser feita por um veterinário e as bezerras ainda recebem uma marca no lado esquerdo da face.
Além dos prejuízos reprodutivos no animal, que causam diminuição da produção de carne ou de leite, a brucelose bovina ainda traz desvantagem para o produtor rural na comercialização dos produtos. Os animais também, segundo Klaus, devem ser descartados quando apresentarem a brucelose.
Raiva
A raiva é uma doença incurável e que causa a morte em bovinos, porém como não ocorre com muita frequência no estado de São Paulo, a vacinação não é obrigatória nas propriedades rurais. “A raiva não é transmitida de animal para animal, sendo um dos motivos de não obrigatoriedade da vacinação, apenas quando há casos da doença em algumas regiões paulistas”, afirma Guilherme Shin, gerente do Programa Estadual de Controle da Raiva dos Herbívoros.
Shin explica ainda que a raiva é transmitida por morcegos hematófagos (que sugam o sangue), através da saliva, em animais bovinos. “É uma doença incurável e que leva à morte e pode ainda ser transmitida para outros animais, e também para os humanos”.
Pecuaristas reforçam proteção
Para o pecuarista Augusto Cavalin, apesar de a febre aftosa não atingir rebanhos no estado de São Paulo, alguns casos mais isolados ainda apareceram em regiões brasileiras e há a preocupação com a doença. “É sempre preocupante, um prejuízo para a propriedade se tiver um foco de febre aftosa”, ressalta o pecuarista.
Cavalin diz ainda que faz o controle de doenças que são obrigatórias para a vacinação (brucelose e febre aftosa), além de outras que não são, mas que ele mantém a proteção do rebanho da pecuária de corte. Ele não teve maiores problemas com doenças e também não precisou fazer a vacinação para raiva por não apresentar focos desta doença em propriedades onde engorda o gado.
Em propriedades de bovinos do pecuarista Osmair Guareschi os cuidados com a sanidade dos animais são essenciais para manter a eficiência na produção de carne. “Sou totalmente a favor de todos os controles sanitários, como os de vacinação de animais, importantes para manter a qualidade da produção brasileira”, comenta.
Estoques
Em Rio Preto, as revendas de produtos veterinários já estão se programando para atender o pecuarista com a comercialização das vacinas para a febre aftosa. Segundo Alexandre Carvalho Passarini, da revenda Rio Alta, estão previstas a venda de 800 mil doses de vacinas que protegem o gado contra a febre aftosa, no mês de novembro. Os preços das vacinas variam entre R$ 2,25 e R$ 2,35 cada unidade. (CC)
Estados retiram vacinação
Após a etapa de novembro, sete unidades da Federação do Bloco IV do no Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância da Febre Aftosa (PE-PNEFA). – Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Tocantins – vão suspender a vacinação contra a febre aftosa. Aproximadamente 114 milhões de bovinos e bubalinos deixarão de ser vacinados, o que corresponde a quase 50% do rebanho total do País.
A ação faz parte da evolução do projeto de ampliação de zonas livres de febre aftosa sem vacinação no país, previstas no Plano. O Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) aguarda a evolução nos demais estados para compor o pleito brasileiro para o reconhecimento internacional de zona livre sem vacinação junto à Organização Mundial da Saúde Animal.
Atualmente, no Brasil, somente os estados de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e do Mato Grosso possuem a certificação internacional de zona livre de febre aftosa sem vacinação. (Ministério da Agricultura e Pecuária/Mapa)
Campanha contra aftosa começa nesta 3ª
Tem início hoje, 1º, a segunda etapa de vacinação contra a febre aftosa em todo o estado de São Paulo, sendo que os produtores devem vacinar os bovinos de todas as idades, até o dia 30 de novembro. Na campanha de maio, neste ano, foram vacinados contra a aftosa os animais com dois anos de idade.
Em todo do estado paulista, a previsão da Coordenadoria de Defesa Agropecuária é de vacinar 10,8 milhões de animais bovinos. Já na região de Rio Preto (em 24 municípios), a previsão é de vacinar 445 mil bovinos e bubalinos em 5.030 propriedades rurais, conforme Aldris Rogério Martins, da Defesa Agropecuária de Rio Preto.
Breno Moscheta, gerente do Programa Estadual de Erradicação de Febre Aftosa, explica que desde a campanha de 2014 o estado paulista atinge índices de vacinação acima dos 99%. “Esperamos que esse número se mantenha para que o Estado continue livre da doença da febre aftosa”. Ele acrescenta ainda que a febre aftosa – apesar de o Brasil ser livre da doença – causa grande impacto econômico para o País, sendo ainda necessária a vacinação do rebanho bovino.
A febre aftosa é uma doença causada por um vírus, sendo considerada pelos especialistas como uma das mais contagiosas, com o vírus se disseminando rapidamente pelo contato entre os animais doentes.
A declaração da vacinação também é obrigatória e deve ser feita até 7 de dezembro, por meio do sistema Gestão de Defesa Animal e Vegetal (Gedave), em www.gedave.sp.gov.br. O produtor que não vacinar os animais pagará multas de 5 Ufesps (R$ 145,45) por cabeça e de 3 Ufesps (R$ 87,27) por cabeça se não comunicar a vacinação. (CC)