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22 abr 2025
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Pesquisa da Escola de Saúde Pública de Nova York revela baixa preocupação da população com potencial pandêmico do vírus H5N1, apesar dos alertas científicos
gripe aviaria
Recentemente, o vírus demonstrou capacidade de infectar uma variedade maior de espécies, incluindo vacas leiteiras nos Estados Unidos – algo nunca antes documentado.

Uma nova pesquisa conduzida pela Escola de Pós-Graduação em Saúde Pública e Política de Saúde da Universidade da Cidade de Nova York (CUNY) revelou que a maioria dos estadunidenses não considera a gripe aviária uma ameaça significativa à saúde pública.

Isso ocorre mesmo com o aumento de casos em gado leiteiro e o primeiro caso humano de transmissão por consumo de leite não pasteurizado já registrado no país.

O estudo, publicado em 17 de abril, destaca uma preocupante lacuna entre os alertas científicos sobre o potencial pandêmico do vírus H5N1 e a percepção pública do risco, levantando questões sobre a eficácia da comunicação de saúde nos Estados Unidos.

Principais descobertas

De acordo com a pesquisa, apenas 31% dos estadunidenses estão “muito preocupados” ou “extremamente preocupados” com a possibilidade de uma transmissão generalizada do vírus H5N1 entre humanos. Além disso, cerca de 42% dos entrevistados afirmaram estar “pouco preocupados” ou “nada preocupados” com a questão.

“Os resultados são alarmantes considerando que o H5N1 tem uma taxa de mortalidade significativamente alta em humanos e vem demonstrando sinais de adaptação a mamíferos”, explica a Dra. Ayman El-Mohandes, reitor da Escola de Saúde Pública da CUNY e um dos coordenadores do estudo.

  • 65% dos entrevistados desconheciam o surto atual de gripe aviária em fazendas leiteiras americanas
  • 78% não sabiam que o primeiro caso de transmissão para humanos por meio de leite não pasteurizado já havia sido registrado no país
  • Apenas 23% reconheceram a gripe aviária como uma potencial ameaça pandêmica

Complacência perigosa

Um aspecto preocupante destacado no estudo é que a experiência recente com a pandemia de COVID-19 não parece ter aumentado a vigilância pública em relação a novas ameaças virais. Pelo contrário, muitos americanos desenvolveram uma espécie de “fadiga pandêmica”, tornando-se menos receptivos a alertas sobre potenciais surtos.

“Há uma complacência perigosa quando se trata de ameaças que parecem distantes ou hipotéticas”, observa o Dr. Scott Ratzan, professor de saúde pública da CUNY e coautor do estudo. “As pessoas tendem a subestimar riscos que não percebem como imediatos.”

O estudo também aponta que a politização de questões de saúde pública durante a pandemia de COVID-19 pode ter contribuído para o ceticismo em relação a novos alertas sanitários, com claras divisões partidárias nas respostas dos entrevistados.

Desafios na comunicação de risco

Os pesquisadores enfatizam que os resultados indicam falhas significativas na comunicação de risco por parte das autoridades de saúde pública. Segundo o estudo, muitos americanos confundem a gripe aviária com a gripe sazonal comum, subestimando sua gravidade potencial.

“Precisamos recalibrar a forma como comunicamos ameaças emergentes ao público”, argumenta a Dra. Lauren Rauh, professora associada de comunicação em saúde na CUNY. “O desafio é alertar sem alarmismo, mas também sem banalizar riscos reais.”

Entre as recomendações do estudo está a necessidade de campanhas educativas mais eficazes, que expliquem em linguagem acessível o que é a gripe aviária, como ela se espalha e por que representa uma preocupação para a saúde pública global.

O contexto do H5N1

O vírus H5N1 da gripe aviária tem preocupado cientistas e autoridades de saúde há décadas por seu potencial pandêmico. Embora a transmissão de humano para humano ainda seja rara, o vírus tem uma taxa de mortalidade de aproximadamente 50% nos casos humanos confirmados – significativamente mais alta que a da COVID-19.

Recentemente, o vírus demonstrou capacidade de infectar uma variedade maior de espécies, incluindo vacas leiteiras nos Estados Unidos – algo nunca antes documentado. Esta adaptação a novos hospedeiros mamíferos aumenta o risco de mutações que poderiam eventualmente facilitar a transmissão entre humanos.

“Cada vez que o vírus ‘salta’ para uma nova espécie, ele tem a oportunidade de se adaptar e potencialmente adquirir mutações que o tornariam mais transmissível entre humanos”, explica o Dr. Carlos Machado, virologista da Universidade de São Paulo (USP). “É por isso que esses surtos em gado leiteiro são particularmente preocupantes.”

O estudo da CUNY conclui que há uma necessidade urgente de melhorar a alfabetização em saúde pública e a comunicação de risco sobre ameaças emergentes como a gripe aviária.

Os pesquisadores recomendam uma abordagem mais coordenada entre agências governamentais, mídia e comunidade científica para transmitir informações precisas e contextualizar adequadamente os riscos.

“A história nos mostra que subestimar patógenos com potencial pandêmico pode ter consequências catastróficas”, alerta o Dr. El-Mohandes. “Precisamos aprender com as lições da COVID-19 e desenvolver uma cultura de precaução informada, não de pânico ou negação.”

Para especialistas brasileiros, o estudo representa uma oportunidade para revisar as estratégias nacionais de comunicação de risco e preparação para emergências sanitárias, especialmente considerando a importância econômica da avicultura e da pecuária leiteira para o país.

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