ESPMEXENGBRAIND
12 dez 2025
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📊 Após anos de queda, o consumo de leite reage nos EUA, guiado pela força da integral e por mudanças claras no comportamento alimentar.
Consumo de leite sobe nos EUA após 10 anos; integral puxa a alta 🔥
Consumo de leite sobe nos EUA após 10 anos; integral puxa a alta 🔥

O consumo de leite voltou a crescer nos Estados Unidos em 2024, marcando um ponto de inflexão relevante após mais de uma década de retração no mercado de lácteos líquidos.

Dados federais indicam que as vendas totais de bebidas lácteas aumentaram 358 milhões de libras no ano, o equivalente a uma expansão próxima de 1% em comparação com 2023, alcançando 43,2 bilhões de libras. Trata-se da primeira alta significativa desde o início da queda contínua observada após 2009, quando o país havia registrado mais de 55,4 bilhões de libras vendidas.

Segundo analistas ouvidos pelo setor, essa recuperação representa mais do que uma oscilação pontual. Para pesquisadores, trata-se de um movimento que combina mudanças nutricionais, viradas culturais e reposicionamentos políticos que recolocam a bebida no centro das dietas das famílias americanas.

A protagonista desse crescimento foi a leite integral, que registrou avanço de 3% em 2024, consolidando uma trajetória ascendente que já se estende há uma década. A evolução compensou perdas persistentes em categorias como leite desnatado e reduzido em gordura, que seguem apresentando baixa demanda. Para Leonard Polzin, especialista de mercados lácteos da Universidade de Wisconsin–Madison, o consumidor dos EUA está respondendo diretamente ao avanço das dietas ricas em proteína e ao resgate da valorização de gorduras consideradas saudáveis.

“Quanto mais proteína, melhor. Os consumidores estão realmente buscando isso”, observou Polzin em declarações ao setor. Ele destacou que o fenômeno se estende a outros produtos, como o requeijão (cottage), que vive um novo ciclo de expansão graças ao fortalecimento desse paradigma alimentar.

As tendências recentes mostram que o apelo da integral está presente tanto em lares com crianças quanto em famílias adultas sem filhos, conforme relatado por Karen Gefvert, diretora de políticas da Edge Dairy Farmer Cooperative, organização sediada em Wisconsin. Segundo ela, a bebida também se beneficia do impulso por alimentos minimamente processados e integrais, alinhados a um consumo mais simples e tradicional.

Gefvert ainda apontou que esse reposicionamento ocorre em um ambiente político favorável. A narrativa “Make America Healthy Again”, impulsionada pela administração Trump, coloca foco explícito na valorização de alimentos básicos e menos industrializados, reforçando a imagem positiva da integral. “A leite integral tem inúmeros atributos que começam a ser reconhecidos novamente pelos consumidores”, afirmou a dirigente.

Outro componente relevante do cenário é a desaceleração das bebidas vegetais. Embora o ritmo de crescimento desse segmento tenha perdido força, especialistas evitam afirmar que seus consumidores estejam retornando diretamente ao leite bovino. Há indícios, segundo analistas de mercado, de que parte desse público apenas reduziu o consumo total de bebidas similares, sem necessariamente migrar de volta para os lácteos.

Do ponto de vista produtivo, o impacto é percebido, ainda que de maneira desigual. O aumento do consumo de leite fluido tende a influenciar positivamente os preços pagos ao produtor, já que esse tipo de destinação agrega maior valor direto. No entanto, a abrangência do efeito varia conforme a estrutura produtiva de cada estado.

Em Wisconsin, por exemplo, onde a maior parte do volume captado se converte em queijos e derivados industriais, o movimento foi recebido com cautela. “Não foi algo significativo e pode ser apenas uma pausa dentro da trajetória estrutural de queda do leite líquido”, avaliou Gefvert.

Ainda assim, há otimismo moderado no setor. Parte dele está concentrado na possível implementação nacional da Lei de Leite Integral para Crianças Saudáveis, aprovada pelo Senado no fim de 2024. A medida busca reintroduzir leite integral no Programa Nacional de Alimentação Escolar — um canal de alto impacto para a formação de hábitos alimentares e para a sustentação da demanda interna. Caso avance definitivamente, a legislação poderá reforçar o impulso observado em 2024 e estabelecer uma nova base de crescimento para o mercado doméstico de lácteos.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de EDairyNews Español

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