“Hoje, as famílias estão divididas. Parte dos integrantes quer parar de produzir leite, outra parte quer seguir. Mais de 90% dos sócios da Gadolando trabalham em até 30 hectares. Não temos lavoura, temos roça”, argumenta Tang.
Segundo informativo conjuntural da Emater/RS-Ascar divulgado na semana seguinte ao início da tragédia climática, as perdas por afogamento, na atividade leiteira, concentravam-se no Vale dos Sinos, no Vale do Caí e na região Centro-Sul do Estado. “A coleta de leite está sendo comprometida em várias localidades. Estima-se que mais de 50% da produção não está sendo escoada”, divulgou a agência de extensão rural.
Segundo o secretário executivo do Sindilat, Darlan Palharini, o sistema de coleta de leite foi bastante afetado pelos estragos nas vias de escoamento. O problema chega não só às unidades localizadas nas áreas devastadas pela chuva, mas nas que dependem de insumos de outros estados e nas que precisam distribuir lácteos ao varejo, especialmente aos centros metropolitanos.
“A preocupação concentra-se, agora, em chegar com os produtos acabados nos grandes centros e no recebimento de insumos, como lenha, óleo diesel e produtos químicos usados no beneficiamento”, enumera Palharini.
Ao listar o trabalho vindouro em prol dos produtores de leite, Tang começa pelas pastagens.
“Perdemos anos de melhoramento do solo, muitas pastagens de inverno recém-plantadas, como aveia e azevém. O solo foi lavado e terá de ser calcariado, adubado, e a correção não acontece do dia para a noite”, analisa Tang.
“Precisamos de socorro, precisamos de ajuda, de crédito. Precisamos recomeçar do zero e fazer com que esses recursos anunciados cheguem, efetivamente, ao produtor”, clama o dirigente da Gadolando.