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29 out 2025
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Entidades rurais unidas pedem medidas para evitar o colapso do leite catarinense, com perdas crescentes e risco de fechamento de pequenas indústrias.
Santa Catarina pressiona governos por apoio à cadeia produtiva do leite.
Santa Catarina pressiona governos por apoio à cadeia produtiva do leite.

A crise no setor do leite em Santa Catarina mobilizou as principais lideranças rurais do estado. A Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc) e o Conseleite-SC cobram ações imediatas dos governos estadual e federal para conter perdas crescentes que ameaçam produtores e indústrias.

O alerta foi dado durante a reunião do Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite (Conseleite), realizada na sede da Epagri, em Chapecó, no dia 24 de outubro. No encontro, representantes da cadeia produtiva decidiram, por unanimidade, elaborar dois documentos oficiais com pedidos emergenciais aos governos.

Segundo o presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo, a produção catarinense vem crescendo, impulsionada pelo investimento e pela dedicação dos produtores. “Eles trabalham para atingir sempre os melhores resultados, tanto em qualidade quanto em quantidade. Mas o consumo não acompanhou esse ritmo — e, com o aumento das importações, vivemos uma concorrência desleal”, afirmou.

Pedrozo destacou que o leite importado do Mercosul, muitas vezes vendido a preços inferiores ao custo nacional, tem pressionado o mercado interno e comprometido a renda das famílias rurais. “A CNA precisa continuar auditando esses dados, e o governo não pode interromper esse trabalho”, reforçou.

O dirigente lamentou que as perdas recaiam sobre produtores e indústrias, enquanto os preços nas prateleiras seguem praticamente inalterados. “O consumidor não sente a queda, o intermediário não sente tanto, mas o campo sofre. É um momento delicado que exige ação imediata.”

O presidente do Conseleite e do Sindileite, Selvino Giesel, também expressou preocupação com o impacto logístico nas indústrias. Ele lembrou que produtos como leite UHT, iogurte e queijo têm validade curta e exigem refrigeração constante. “Se não forem vendidos a tempo, são descartados. E estamos entrando em um período do ano em que o consumo de lácteos historicamente cai.”

Giesel acrescentou que algumas propriedades operam com perdas de até R$ 0,15 por litro, e pequenas indústrias enfrentam risco de fechamento. Diante desse quadro, Faesc e Conseleite decidiram redigir dois documentos estratégicos com propostas concretas para equilibrar a cadeia.

O primeiro será encaminhado ao governo federal e incluirá:

  • A continuidade das auditorias da CNA sobre o leite importado;

  • A criação de estoques reguladores;

  • E o uso do leite nacional em programas sociais e na merenda escolar.

O segundo documento será dirigido ao governo de Santa Catarina, pedindo:

  • Reforço das inspeções sanitárias;

  • Equalização tributária entre produtos locais e importados;

  • E incentivos à compra de lácteos catarinenses, medida que ajudaria a retirar o excedente do mercado.

“É uma ação simples, mas de grande impacto para estabilizar o ambiente. Queremos justiça na remuneração”, defendeu Pedrozo.

O presidente da Faesc também declarou apoio ao projeto de lei 768/2025, do deputado Altair Silva (PP), que proíbe a reconstituição de leite em pó importado para venda como leite fluido no estado. A proposta prevê multas de até R$ 1 milhão, apreensão do produto e suspensão do registro sanitário em caso de descumprimento.

Os valores arrecadados seriam destinados ao Fundo Estadual de Desenvolvimento Rural (FDR), para investimentos na cadeia do leite e na agricultura familiar. A fiscalização caberá aos órgãos de defesa sanitária animal e vigilância sanitária.

Para ampliar o debate, o deputado Altair Silva convocou uma audiência pública no dia 12 de novembro, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, reunindo produtores, cooperativas, indústrias, especialistas e representantes do governo. O objetivo é discutir alternativas e políticas de apoio à atividade.

“Santa Catarina alcançou a quarta posição entre os maiores produtores do país graças ao esforço dos pequenos e médios produtores. Eles são eficientes e não podem ser forçados a desistir”, finalizou Pedrozo, com otimismo, mas também com um apelo: “Esta crise vai passar — mas precisamos agir agora.”

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Compre Rural

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