A qualidade do leite tem se tornado cada vez mais um diferencial competitivo na pecuária brasileira, e a família Stockler, de Castro (PR), mostra como o manejo cuidadoso e a inovação podem elevar padrões e gerar reconhecimento no setor.
Proprietária do sítio São Sebastião, Mariele Stockler coleciona premiações e compartilha sua experiência com produtores que visitam a propriedade ao longo do ano, consolidando a região dos Campos Gerais como uma das principais bacias leiteiras do país.
A história da família começou em 1986, quando os pais de Mariele iniciaram a atividade, hoje administrada pelos filhos.
Segundo informações fornecidas pela Associação Paranaense de Criadores da Raça Holandesa (APCBRH), a fazenda recebeu recentemente um prêmio pelo melhor índice de vacas em transição (Transition Cow Index – TCI), que mede a saúde e o desempenho do rebanho no período pós-parto.
Esse reconhecimento, de acordo com o médico-veterinário Gilberto Foltran, consultor da Elanco Saúde Animal, “demonstra que o manejo adotado vai além da qualidade do leite, refletindo também na sanidade e bem-estar dos animais”.
Produção e indicadores de excelência
Atualmente, a propriedade mantém um rebanho de 420 animais, com predominância da raça holandesa. São 165 vacas em lactação, responsáveis por uma produção média de 6.500 litros de leite por dia.
Dois indicadores reforçam o nível de qualidade: a contagem de células somáticas (CCS) de 60.000 células/mL — muito abaixo do limite de excelência de 100.000 células/mL — e a contagem padrão em placas (CPP) inferior a 1.000 UFC/mL, quando valores abaixo de 10.000 já são considerados de alto padrão higiênico.
Manejo que gera resultados
Para Mariele, o segredo está na soma de fatores. O sistema free stall, adotado em 2017, inicialmente para vacas em lactação, foi ampliado para animais secos e em pré-parto, garantindo conforto e reduzindo a incidência de mastites e infecções.
“Com esse cuidado, gastamos menos com medicamentos e as vacas iniciam a lactação com alta produção”, explica.
A rotina inclui cuidados rigorosos na ordenha — desde a limpeza do ambiente e equipamentos até a secagem adequada dos tetos e o resfriamento imediato do leite —, além de um programa de controle efetivo da mastite, com monitoramento mensal e isolamento de animais com suspeita da doença.
“Quando ocorre um caso, o leite não vai para o tanque até a cura completa”, reforça Mariele.
A alimentação também é um pilar estratégico: dieta balanceada, silagem produzida na própria fazenda e prioridade ao bem-estar animal desde o nascimento. As bezerras permanecem em confinamento até o desmame, quando passam a pastar. “A bezerra de hoje é nossa vaca de amanhã”, destaca a produtora.
Inspiração para a cadeia leiteira
A experiência da família Stockler, apresentada durante o evento Agroleite em Castro, reflete um modelo de gestão que alia tradição e modernização, com impacto direto na competitividade da cadeia láctea paranaense e brasileira.
Para o setor, exemplos como esse mostram que a excelência na produção de leite é resultado de processos bem definidos, manejo responsável e atenção contínua ao bem-estar animal.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Globo Rural
