A Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos introduziu diretrizes voluntárias para limitar o teor de chumbo em alimentos processados para bebês vendidos no país.
De acordo com as novas orientações, os fabricantes de alimentos infantis nos EUA são aconselhados a limitar o teor de chumbo a 10 partes por bilhão (ppb) em produtos como iogurtes, cremes, pudins, carnes de ingrediente único e frutas e vegetais processados.
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Para vegetais de raiz, como cenouras e batatas-doces, e cereais infantis secos, o limite é de 20 ppb.
Essas diretrizes, propostas inicialmente em janeiro de 2023, aplicam-se a alimentos embalados para crianças menores de dois anos, incluindo alimentos prontos para consumo ou semipreparados em frascos, sachês, potes ou caixas.
Críticas à implementação
Embora as diretrizes representem um avanço, elas foram criticadas por organizações como o Center for Science in the Public Interest (CSPI), que as consideram insuficientes.
A presença de metais pesados em alimentos infantis tem sido associada a riscos à saúde. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não existe um nível de exposição ao chumbo considerado seguro para a saúde humana.
O FDA reconhece que é inviável eliminar completamente o chumbo do ambiente e da cadeia alimentar, já que o metal pesado está amplamente presente devido à sua ocorrência natural e atividades humanas. No entanto, a agência afirma que “estabelecer níveis de ação, como os descritos nas orientações, pode ajudar a reduzir os níveis de contaminantes nos alimentos”.
Apesar de não serem obrigatórias, essas diretrizes visam incentivar os fabricantes a manter os níveis de chumbo em alimentos processados para bebês e crianças abaixo dos limites estabelecidos, reduzindo assim os riscos associados à exposição alimentar ao chumbo.
Opiniões divergentes
Thomas Galligan, cientista principal de aditivos e suplementos do CSPI, elogiou as diretrizes como um “passo à frente que ajudará a proteger as crianças”. Contudo, ele criticou o tempo de resposta da agência e a falta de revisões mais rigorosas:
“A agência demorou muito para agir e ignorou contribuições públicas importantes que poderiam ter fortalecido esses padrões. Os níveis finalizados hoje não foram alterados em relação aos propostos há dois anos, o que nos leva a questionar se o FDA fez o suficiente para maximizar a proteção das crianças.”
No Brasil
Embora o Brasil tenha regulamentações para níveis de contaminantes em alimentos, incluindo metais pesados, as diretrizes propostas pelo FDA destacam a importância de revisar e atualizar constantemente os padrões nacionais.
A experiência norte-americana oferece um exemplo de como a transparência e a comunicação sobre a segurança alimentar podem promover maior conscientização e engajamento da sociedade. No contexto brasileiro, medidas como:
- Monitoramento mais rigoroso de metais pesados em alimentos infantis.
- Criação de programas educativos para fabricantes e consumidores sobre a importância de reduzir contaminantes.
- Incentivo à pesquisa e desenvolvimento de métodos para diminuir a exposição ao chumbo em alimentos processados.
Essas ações poderiam ajudar a alinhar a segurança alimentar no Brasil com as expectativas globais, protegendo ainda mais a saúde das crianças e fortalecendo a confiança do consumidor nos produtos nacionais.
*Traduzido e adaptado para eDairyNews 🇧🇷