A Fetag-RS divulgou nota na tarde desta segunda-feira onde manifesta preocupação com a importação de leite e com os altos custos de produção. Segundo a entidade, mesmo com a devida importância da cadeia produtiva para a economia interna, o governo federal não realiza contrapartida com a implementação de uma política comercial no Mercosul. “Os dados do Ministério da Indústria e Comercio Exterior (MDIC) revelam que a importação de produtos lácteos está novamente tomando patamares que irão impactar negativamente de forma muito violenta o preço do leite. As importações somaram 54,2 mil toneladas no terceiro trimestre deste ano (2020), crescimento de 62,8% frente ao volume adquirido de julho a setembro de 2019”, diz a nota.
De acordo com a Fetag, o reflexo da falta de uma política agrícola eficiente e do controle das importações foi que a valorização do produto que vinha em um crescente em 2020 passou a cair novamente. “No entanto, o custo de produção não para de subir, praticamente inviabilizando a cadeia. A ração animal e os fertilizantes apresentaram reajuste de 22,45% e 12%, respectivamente, nos últimos 6 meses de acordo com o Levantamento de Dados da Cadeia Produtiva do Leite implementado pela FETAG-RS.”
A nota prossegue pontuando que aliado ao aumento considerável do custo de produção, os produtores de leite estão sofrendo com os efeitos da estiagem que mais uma vez assola diversos municípios do Rio Grande do Sul. “Assim como aconteceu no último trimestre de 2019 e primeiro trimestre de 2020, os rebanhos estão ficando sem a alimentação adequada e os estoques públicos de milho da Conab são pífios à demanda existente para todas as cadeias de proteína animal no Estado. “
Também o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, solicitou à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, medidas de apoio aos produtores de leite no momento que os preços do leite começam a cair e o custo de produção continua a aumentar.
No ofício enviado ao Ministério da Agricultura, Martins diz que o ano de 2020 tem sido “desafiador” para o produtor de leite, pois os prejuízos causados pela Covid-19 ainda não foram totalmente recuperados. A margem bruta da atividade no primeiro semestre deste ano foi 29,5% menor em relação ao mesmo período de 2019, segundo dados do Cepea, refletindo em queda de 11,7% na produção de leite, de acordo com o IBGE.
Neste contexto, a CNA propõe, entre outros pontos, a operacionalização de instrumentos de política agrícola como os leilões utilizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a compra de insumos a preços mais acessíveis pelos produtores, a subvenção ao prêmio pago na aquisição de contratos de opção privada de compra de grãos e outras iniciativas que possuam o mesmo fim.