O auxílio emergencial, criado para minimizar os impactos da pandemia, foi essencial para manter a demanda de leite aquecida em 2020 e sustentar os preços mais elevados para os produtores. Mas, após sua interrupção, o setor tem se preocupado diante da queda na compra de derivados de leite pela população e das dificuldades nas vendas no varejo.
Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP), a média nacional de preços do litro de leite pago ao produtor chegou a atingir R$ 2,16 em outubro do ano passado. Em fevereiro, esse valor foi de R$ 2,03.
“Ainda que o auxílio emergencial seja retomado pelo governo, o valor deverá ser menor e menos pessoas irão recebê-lo”, afirma o analista da Embrapa Gado de Leite, Denis Rocha, que acredita que um novo aquecimento de demanda dependerá da retomada econômica.
Outro ponto que preocupa o setor são os custos de produção, que estão em alta. De acordo com a Embrapa, a alta média das despesas foi de 10,7% em relação a 2019. Considerando os últimos dois anos, o aumento chega a 24,6%. Para a Embrapa, o que tem puxado o crescimento é a alimentação à base de concentrados para o rebanho, cujo preço da mistura mais que dobrou.
No atacado de São Paulo, os preços dos principais produtos lácteos recuaram. Entre eles estão o leite UHT, vendido a R$ 3,67 em agosto e negociado a R$ 2,90 em 5 de fevereiro, e a muçarela, derivado que mais se valorizou durante a pandemia, chegando a ser vendida a R$ 29,69 – o valor, no início de fevereiro de 2021, era de R$ 22,38.