ESPMEXENGBRAIND
3 nov 2025
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✅ Quase 89% dos agricultores aprovaram a venda global à Lactalis, marcando virada estratégica da Fonterra.
🧀📉 Fonterra se desfaz de Anchor e Mainland: agricultores lucram NZ$3,2 bi
🧀📉 Fonterra se desfaz de Anchor e Mainland: agricultores lucram NZ$3,2 bi

A cooperativa neozelandesa Fonterra deu um passo histórico ao aprovar a venda de seus negócios de consumo e integrados à francesa Lactalis, em um acordo avaliado em NZ$4,22 bilhões.

A decisão, respaldada por quase 89% dos votos de agricultores acionistas, marca uma virada estratégica significativa, com foco na divisão B2B da empresa, responsável por 80% do leite processado.

O presidente da Fonterra, Peter McBride, destacou a força do mandato recebido: “Recebemos um apoio sólido, com 88,47% dos votos dos agricultores favoráveis à recomendação e participação de 80,59% baseada em sólidos de leite. Agradecemos a todos os acionistas que votaram”.

O retorno financeiro para os agricultores será de NZ$2,00 por ação, totalizando NZ$3,2 bilhões em dinheiro livre de impostos.

O comprador, Lactalis, emergiu como o maior lance após um processo competitivo que avaliou venda comercial e oferta pública inicial (IPO), garantindo o melhor valor financeiro e operacional para a cooperativa.

A transação inclui negócios de ingredientes, consumo e foodservice da Fonterra na Austrália, Nova Zelândia, Sri Lanka, Oriente Médio, África e exportações para Pacífico e Caribe. Marcas conhecidas como Anchor, Mainland, Western Star e Perfect Italiano, além da licença do queijo Bega, passarão a integrar o portfólio do grupo francês.

Apesar da venda, a Fonterra manterá o fornecimento de leite para essas marcas por meio de uma parceria comercial com a Lactalis, transformando a multinacional francesa em um de seus maiores clientes.

A única exceção é o negócio de consumo na Grande China, que a cooperativa pretende desenvolver separadamente, apontando para potencial de crescimento estratégico.

A decisão de se desfazer do Mainland Group evidencia a mudança de prioridade da Fonterra. Enquanto o segmento Consumer registrou NZ$3,3 bilhões em FY2023, os negócios de Ingredients e Foodservice geraram NZ$21,3 bilhões, com margens de retorno significativamente maiores.

De acordo com os consultores independentes da Northington Partners, o investimento de capital no Mainland Group poderia ter gerado cerca de NZ$200 milhões a mais em EBIT em FY24 e aproximadamente NZ$110 milhões a mais em FY25 se aplicado nas divisões de maior performance.

“Examinamos o contexto estratégico em que operamos, nossas forças e como, como cooperativa, criamos valor para nossos agricultores”, afirmou McBride. “A desinvestimento inaugura uma fase empolgante. Poderemos concentrar energia e esforços onde temos melhor desempenho, tornando a Fonterra mais simples e focada, com valor inestimável.”

Do ponto de vista operacional, a venda deve permitir à Fonterra maximizar o retorno do leite cru fornecido pelos agricultores da Nova Zelândia, convertendo-o em produtos de maior margem via Ingredients e Foodservice.

A simplificação do portfólio também reforça a lucratividade futura, eliminando negócios que apresentavam baixo retorno sobre investimento (ROI).

Apesar da aprovação pelos conselhos e acionistas, o acordo ainda depende de autorizações regulatórias em múltiplas jurisdições: Nova Zelândia (Overseas Investment Office), Austrália (Foreign Investment Review Board), COMESA (África Oriental), Polinésia Francesa, Kuwait, Vietnã, Arábia Saudita e Nova Caledônia. Se não houver atrasos, a conclusão do acordo está prevista para o primeiro semestre de 2026.

Especialistas do setor observam que a transação é um movimento ousado, mas lógico, em um cenário global cada vez mais competitivo.

A Fonterra passa a concentrar-se em segmentos de alto desempenho, deixando de lado marcas icônicas de consumo que, embora populares, não ofereciam retorno financeiro equivalente.

Para os agricultores, o ganho imediato é expressivo, com NZ$3,2 bilhões distribuídos em cash, mas a longo prazo, a aposta é que a estratégia B2B aumente a rentabilidade e a sustentabilidade do fornecimento de leite.

Em síntese, o acordo entre Fonterra e Lactalis combina lucro imediato para os acionistas e uma reestruturação estratégica profunda para a cooperativa.

A mudança ilustra como grandes cooperativas globais ajustam seus portfólios para concentrar esforços em operações mais rentáveis, enquanto redesenham o papel do produtor primário no ecossistema de negócios lácteos internacional.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Dairy Reporter

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