ESPMEXENGBRAIND
13 out 2025
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O sonho de dois neozelandeses virou a Leitíssimo um modelo brasileiro de sucesso, com impacto social, inovação e leite de excelência.
O que parecia ser mais um projeto ousado transformou-se em um case de sucesso e excelente exemplo para a pecuária do leite no Brasil. Leitissimo
O que parecia ser mais um projeto ousado transformou-se em um case de sucesso e excelente exemplo para a pecuária do leite no Brasil

Leitíssimo | Isso tudo começou com a chegada ao Brasil de dois neozelandeses — pai e filho, David e Simon Wallace — que partiram em busca de uma genética bovina adaptada ao clima tropical para o mercado da Ásia.

O objetivo era cruzar esta genética com a da Nova Zelândia e criar um modelo de produção de leite eficiente, sustentável e de alta qualidade para os trópicos.

Neste processo, descobriram o enorme potencial do Brasil como produtor de leite, e decidiram investigar a viabilidade de produção de leite no país.

O tempo investido para atingir o objetivo de pai e filho foram dois anos de viagem pelo Brasil, de norte a sul, e a escolha para iniciar o projeto foi uma região remota no oeste da Bahia, no município de Jaborandi.

A infraestrutura local era precária, com acesso limitado à energia e transporte, o que não impediu os fundadores de dar início à construção de uma fazenda modelo. Foram necessários 22 quilômetros de estradas e 26 de linhas de transmissão elétrica para conectar a fazenda a outras regiões.

Estratégia de implantação

O início do empreendimento não foi simples. Além da infraestrutura limitada, havia carência de mão de obra especializada e dificuldades no acesso à genética animal de qualidade. A solução veio com planejamento, investimento técnico e formação de equipe.

Para equacionar a questão de colaboradores, a empresa priorizou desde o início a retenção de talentos. Dos oito primeiros funcionários contratados em 2002 em Mambaí (GO), cidade mais próxima, quatro seguem na empresa até hoje.

Um pilar importante nesse processo foi a criação da Escola Leitíssimo, que atende tanto crianças quanto adultos da comunidade local e proporciona formação e qualidade de vida para os colaboradores e seus familiares.

Por outro lado, para produzir leite de forma eficiente nos trópicos, foi preciso adaptar o modelo neozelandês às condições brasileiras. A genética bovina da Nova Zelândia foi crucial, com animais selecionados ao longo de 100 anos para transformar pasto em leite com alta eficiência em sistemas de pasto.

A nutrição também precisou ser totalmente reprogramada por que os pastos tropicais são diferentes dos pastos usados na nova Zelândia.

Gestão eficiente: cada pivô é uma fazenda

A gestão da Leitíssimo também é destaque. A fazenda é dividida em unidades independentes, com seus próprios gestores, equipamentos e metas. Esse modelo permite comparações, análises de desempenho e responsabilização direta por resultados.

Funções como manutenção, compras e atendimento veterinário são centralizadas para otimizar processos. Outro diferencial é o uso diário de dados na tomada de decisões, além da constante consulta a especialistas em áreas técnicas.

Leitíssimo é, hoje, mais do que uma fazenda. É um exemplo de que inovação, sustentabilidade e visão de longo prazo podem transformar desafios em oportunidades — e o leite em um produto premium, com sabor e valor agregado.

Para trazer mais alguns outros aspectos interessantes deste case de sucesso, a Revista +Leite complementou com uma entrevista com David Broad, um dos sócios e diretor comercial da empresa, que falou, inclusive, do lançamento das marcas Leitíssimo e Delicari para as categorias de sorvetes e iogurtes.

+Leite – Por que a Bahia foi escolhida como polo de implantação da Leitíssimo? Quais fatores econômicos e geográficos favoreceram essa decisão?

David Broad – A Bahia foi escolhida pela Leitísssimo devido ao clima tropical temperado com altitude elevada que deixa o clima mais ameno, o que é importante para a criação de animais ao ar livre, além da abundância de água para irrigação, que permite pasto fresco o ano inteiro.

Na época, era uma área subdesenvolvida com terra barata oferecendo uma oportunidade de desenvolver um negócio de escala e, também, o fato de estar dentro do Nordeste oferecendo acesso aos mercados consumidores importantes, fugindo da concorrência de grandes bacias de leite em Minas Gerais, Goiás e do sul do país.

+Leite – Em quanto tempo o modelo foi efetivamente implementado na prática e quais foram os pilares que sustentaram a evolução da fazenda ao longo dos anos?

David Broad – O projeto tem 23 anos de vida. Os primeiros sete anos foram focados somente no desenvolvimento da fazenda. Depois veio a indústria que foi inaugurado em 2010.

A ideia foi sempre conectar nosso leite de alta qualidade com o consumidor através de uma indústria própria. Não tem lógica produzir leite excepcional e este leite ser misturado com qualquer leite através de indústrias grandes.

O produto perde seu valor. Reconhecemos isto. O desafio foi definir uma tecnologia industrial que cumpria este objetivo, e uma marca que comunicava a essência da Leitíssimo como produto diferenciado.

+Leite – Em um cenário de fazendas cada vez mais tecnificadas, quais são os principais desafios para produtores que trabalham com criação a pasto e como superá-los?

David Broad – A criação a pasto é mais difícil. Você está exposto a um ambiente menos controlável em termos de clima, nutrição e desafios biológicos. Pasto tropical não dá a mesma eficiência produtiva que uma ração otimizada em confinamento. Sua produção vai ser menor, que desafia o objetivo de produção de baixo custo.

+Leite – Esse modelo da Leitíssimo pode ser aplicado por que tipo de produtor? Grandes, médios ou pequenos? Quais adaptações seriam necessárias para cada perfil?

David Broad – O sistema de produção de leite a pasto pode ser adaptado por qualquer fazendeiro. As técnicas são iguais para o produtor pequeno e grande.

O pequeno não vai ter a mesma oportunidade de investir em processos de escala, mas por outro lado ganha eficiência em outras áreas como o foco da sua gestão, pois fazenda grande não é fácil administrar.

O modelo industrial conectado a fazendas de pasto – vamos dizer o sistema fazenda/indústria – é mais difícil replicar porque precisa de escala para viabilizar uma indústria.

Fonte: Revista Mais Leite

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