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18 dez 2025
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🇪🇺 Paris pede adiamento da votação do acordo UE-Mercosul e reacende temores sobre concorrência no setor lácteo
🥛 A decisão da França de adiar o acordo UE-Mercosul impacta lácteos, carne e estratégias do agronegócio
🥛 A decisão da França de adiar o acordo UE-Mercosul impacta lácteos, carne e estratégias do agronegócio

O acordo UE-Mercosul voltou ao centro do debate internacional após a França solicitar formalmente o adiamento da votação final de ratificação no âmbito da União Europeia.

A iniciativa de Paris introduz um novo elemento de incerteza para o comércio agrícola global e, em especial, para o setor lácteo, considerado um dos mais sensíveis tanto na Europa quanto na América do Sul.

Segundo autoridades francesas, a decisão está diretamente relacionada à necessidade de garantir condições de concorrência justa entre produtores europeus e sul-americanos. O governo da França sustenta que o acordo UE-Mercosul, da forma como está estruturado, ainda não assegura paridade regulatória em aspectos considerados centrais pelo bloco europeu, como padrões ambientais, exigências de bem-estar animal e normas sociais aplicadas à produção agropecuária.

No coração da preocupação francesa está a proteção de setores classificados como estratégicos e vulneráveis, entre eles os lácteos e a carne bovina. Representantes do setor agrícola na França avaliam que uma abertura rápida e ampla do mercado europeu poderia provocar distorções significativas, sobretudo diante da entrada de produtos provenientes de sistemas produtivos com custos mais baixos e exigências regulatórias distintas das impostas aos produtores da União Europeia.

A movimentação de Paris reverbera fortemente entre os países do Mercosul — Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai — que veem no acordo UE-Mercosul uma peça-chave para ampliar exportações de produtos agroindustriais de alto valor agregado. Para o setor lácteo sul-americano, o acesso preferencial ao mercado europeu é interpretado como uma oportunidade estratégica de diversificação de destinos e aumento da competitividade internacional.

No entanto, o adiamento solicitado pela França obriga governos e empresas da região a revisarem cronogramas e projeções econômicas. Analistas do comércio internacional destacam que a postergação da votação interfere diretamente no planejamento de investimentos, na definição de quotas futuras e na adaptação às exigências técnicas esperadas para acessar o mercado europeu.

Dentro da própria União Europeia, o pedido francês evidencia a complexidade política que envolve o acordo UE-Mercosul. O tratado, negociado ao longo de cerca de duas décadas, afeta praticamente todos os Estados-membros, com impactos desiguais entre setores e regiões. Países com forte presença agropecuária acompanham de perto a posição da França, enquanto outros governos ponderam os ganhos potenciais em áreas industriais, de serviços e de acesso a matérias-primas estratégicas.

Para o setor lácteo europeu, o debate vai além de tarifas e volumes. Lideranças do segmento enfatizam que o cerne da discussão está na equivalência de regras. A percepção predominante é de que qualquer acordo comercial deve assegurar que produtos importados cumpram exigências similares às enfrentadas pelos produtores locais, evitando concorrência considerada assimétrica.

Em Bruxelas, a solicitação francesa amplia a pressão sobre as instituições comunitárias para construir consensos adicionais antes de avançar com a ratificação. Fontes ligadas ao processo indicam que o adiamento pode abrir espaço para ajustes políticos, declarações interpretativas ou mecanismos de salvaguarda específicos para setores sensíveis, como os lácteos.

Enquanto isso, o acordo UE-Mercosul permanece em um limbo legislativo em um momento crucial para o comércio global. Em um cenário marcado por tensões geopolíticas, revisão de cadeias de suprimento e crescente atenção a critérios ambientais, o desfecho desse tratado é acompanhado de perto por produtores, indústrias e analistas do mercado lácteo internacional.

O resultado final da votação, quando ocorrer, terá impacto direto sobre os fluxos comerciais, a competitividade entre regiões e a definição de padrões que devem moldar o futuro do agronegócio e do setor lácteo nos próximos anos.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de EDairy News English

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