ESPMEXENGBRAIND
20 nov 2025
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A fraqueza do GDT acende alertas sobre a Fonterra, que pode ser obrigada a revisar sua projeção de preço do leite ⚠️
A fraqueza do GDT intensifica as dúvidas do mercado sobre a estabilidade da previsão de preço da Fonterra. 🔍
A fraqueza do GDT intensifica as dúvidas do mercado sobre a estabilidade da previsão de preço da Fonterra 🔍

A fraqueza do GDT não é apenas mais um tropeço estatístico:

Ela está mexendo diretamente com o humor do mercado e encurralando a Fonterra em um momento decisivo, às vésperas da divulgação dos resultados do primeiro trimestre do ano fiscal 2025, marcada para 4 de dezembro.

A cooperativa neozelandesa enfrenta uma pressão crescente para revisar sua previsão de preço do leite, e o ambiente regulatório da Nova Zelândia só aumenta essa tensão.

Pela legislação do Dairy Industry Restructuring Act (DIRA), qualquer alteração de 30 centavos ou mais na projeção de pagamento ao produtor precisa ser anunciada publicamente.

Traduzindo para o setor: se a Fonterra enxergar um cenário pior — e tudo indica que já enxerga — ela terá de admitir isso antes que o mercado descubra por conta própria. Essa obrigação, pensada para dar transparência ao produtor, acaba funcionando como uma sirene que amplifica cada movimento negativo nos preços internacionais.

E negativo é exatamente o que o último leilão do Global Dairy Trade entregou.

O pilar das exportações da Nova Zelândia, o whole milk powder (WMP), caiu 1,9% na última rodada e já acumula um tombo de 21% desde o pico de maio.

Para um produto que costuma ditar o pulso das exportações do país, a queda não é apenas incômoda — é estrutural. O skim milk powder (SMP) deslizou mais 0,6%, e os queijos também não ficaram ilesos: cheddar e muçarela recuaram 2,7%.

Não se trata, portanto, de um tropeço isolado: o enfraquecimento está espalhado pela cesta inteira e expõe um desequilíbrio mais profundo entre oferta e demanda globais.

O caráter inesperado dos resultados pegou mesmo os traders mais experientes de surpresa. Os futuros sugeriam um movimento menos severo, mas o spot decidiu ignorar qualquer tentativa de previsão otimista.

Segundo Cristina Alvarado, head de dairy insights da NZX, o sétimo recuo consecutivo do GDT é consequência direta de três fatores:

  1. fluxos elevados de leite nas regiões exportadoras;

  2. demanda sazonal fraca;

  3. condições macroeconômicas apertadas nos grandes mercados importadores.

Essa combinação, explicou ela, reduz drasticamente a chance de uma recuperação firme no curto prazo, a menos que a produção global desacelere — algo que ainda não aparece no radar.

A deterioração contínua do GDT também reacende um antigo fantasma que acompanha todas as cooperativas do Hemisfério Sul: o risco de mais revisões para baixo nos preços pagos aos produtores. Se o GDT continuar acumulando quedas, o preço-alvo da Fonterra — já pressionado — pode precisar de um ajuste adicional para alinhar expectativas com a realidade de mercado.

E como isso chega na porteira? Nada suave.

Uma revisão negativa agora pegaria o produtor neozelandês em um período particularmente sensível. Os custos de insumos continuam altos — especialmente ração, fertilizantes e logística — e a instabilidade climática vem impondo curvas imprevisíveis sobre o início do verão. Pressão em cima, volatilidade embaixo: o pior dos mundos.

Para a indústria do Hemisfério Sul, o recado é claro: quem ainda não revisou margens e cenários precisa fazer isso ontem. Uma queda sustentada nos preços internacionais tende a puxar toda a cadeia para um ambiente de rentabilidade mais estreita, testando a capacidade de ajuste das indústrias e o fôlego de caixa dos produtores.

Mesmo com esse quadro, o mercado quer saber: a previsão de preço da Fonterra é realmente segura?

A resposta — por enquanto — depende menos de convicção e mais de aritmética. O comportamento do GDT indica que o “piso” imaginado para o ciclo atual talvez fosse mais psicológico do que técnico.

A liquidez enfraquecida dos mercados importadores, somada à oferta consistente vinda do Hemisfério Norte, forma um cenário em que qualquer recuperação significativa fica constantemente adiada.

O resultado é uma Fonterra encurralada: obrigada legalmente à transparência, pressionada pelo mercado e observada atentamente pelos produtores. Se a cooperativa estiver a poucos centavos da faixa crítica, cada leilão fraco amplia a probabilidade de um anúncio antecipado — e aumenta a sensibilidade do mercado para os próximos movimentos.

A fotografia atual não permite otimismo fácil. O GDT segue em terreno lamacento, e enquanto a fraqueza persistir, a narrativa da recuperação continuará atrasada.

Para a Fonterra, para seus fornecedores e para toda a cadeia do Hemisfério Sul, os próximos leilões serão muito mais que números: serão o teste de resistência de um mercado global que parece ter esquecido como estabilizar.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Dairy Dimension

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