O setor lácteo global vive um momento de transformação profunda, e isso ficou evidente na Cúpula Mundial do Leite 2025, realizada pela Federação Internacional de Laticínios (IDF) em Santiago, Chile. O evento reuniu líderes, produtores e especialistas de todo o mundo para debater os desafios e as oportunidades que definirão o futuro da produção de leite.
De acordo com a jornalista Karen Bohnert, que acompanhou o encontro, o cenário mundial do leite está em um ponto decisivo: as dificuldades são grandes, mas as possibilidades de avanço também. A seguir, os cinco principais aprendizados da edição 2025 da cúpula, que apontam o rumo da próxima década do setor.
1️⃣ A ascensão da tecnologia e da inteligência artificial
A digitalização do campo já é uma realidade. Ferramentas como sistemas de monitoramento de atividade, ordenha robótica e câmeras com IA estão redefinindo o dia a dia das fazendas leiteiras.
Durante o evento, especialistas defenderam a padronização de ferramentas digitais e a colaboração entre países para ampliar o acesso à inovação. O foco não está apenas no aumento da produtividade, mas também no bem-estar animal e na redução de impactos ambientais.
Essas tecnologias, segundo os painelistas, representam um passo decisivo para que a pecuária leiteira se torne mais eficiente e sustentável — sem perder o vínculo com as tradições que sustentam a identidade do setor.
2️⃣ Sustentabilidade no centro das decisões
A sustentabilidade foi o tema dominante do IDF 2025. A indústria láctea dos Estados Unidos apresentou metas ambiciosas para 2050, como alcançar a neutralidade em emissões de gases de efeito estufa, otimizar o uso e a reciclagem da água e melhorar a qualidade hídrica nas regiões produtoras.
Esses objetivos fazem parte da Net Zero Initiative, um programa colaborativo que une pesquisa, tecnologia e projetos-piloto para tornar as práticas sustentáveis acessíveis a produtores de diferentes portes.
A representante da Nestlé, Katja Seidenschnur, destacou que o consumidor global exige produtos mais sustentáveis, o que cria espaço para parcerias ao longo da cadeia de valor. Mostrar resultados concretos é essencial para manter a confiança e apoiar a transição verde sem sobrecarregar os produtores.
3️⃣ Desafios globais exigem soluções conjuntas
Problemas como escassez de mão de obra, aumento de custos e sucessão familiar afetam produtores em todos os continentes. O IDF 2025 mostrou que esses obstáculos não são exclusivos de um país — são parte de uma realidade compartilhada que pede cooperação internacional.
Participantes destacaram a necessidade de estratégias criativas para atrair jovens ao setor e políticas públicas que garantam a viabilidade econômica da atividade leiteira, essencial para a segurança alimentar global.
4️⃣ Mais semelhanças do que diferenças
Apesar das distâncias culturais e econômicas, há muitas semelhanças entre os desafios enfrentados pelos produtores de leite no mundo. A troca de experiências e boas práticas foi um dos pontos altos da Cúpula.
Segundo Krysta Harden, presidente e CEO do U.S. Dairy Export Council, o setor só continuará a “nutrir o mundo” com uma abordagem colaborativa que una países, empresas e consumidores em torno de um objetivo comum: produzir mais e melhor, com menos impacto.
5️⃣ O mundo olha para os Estados Unidos
O protagonismo dos Estados Unidos foi evidente ao longo do evento. Seja em iniciativas de sustentabilidade, avanços tecnológicos ou melhoramento genético, o setor lácteo norte-americano inspira outras nações.
Durante visitas técnicas a fazendas chilenas, observou-se a influência direta da genética e das práticas de manejo vindas dos EUA, o que demonstra o alcance global da sua expertise.
Um futuro promissor
A Cúpula Mundial do Leite 2025 deixou claro que o caminho do setor passa pela inovação tecnológica, pela cooperação global e por um compromisso firme com a sustentabilidade.
Em um cenário de mudanças climáticas, pressões de mercado e transformações sociais, o leite continua sendo um símbolo de tradição — mas agora, com olhos voltados para o futuro.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de Dairy Herd Management
