O Brasil é o 3º maior produtor de leite do mundo, superando o padrão Europeu. São mais de 350 municípios brasileiros que apresentam uma produtividade superior à da Nova Zelândia, que, atualmente, produz 4 mil litros por vaca. Em alguns municípios, os números são ainda maiores (acima de 6 mil litros por vaca), o que se equipara ao nível de produção da Europa. Com essa produtividade, o Brasil pode ser um líder na exportação de leite, veja!
A produção de leite no Brasil ranqueia entre os três maiores produtores mundiais, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia. Ainda segundo os dados, divulgados pelo IBGE, o pais em 2020, teve uma produção nacional de leite registrando a marca de 35,4 bilhões de litros, alcançando a maior produção já registrada na pesquisa, com um aumento de 1,5% em relação a 2019.
Primeira exportação para gigante asiática
A China recebeu em novembro a primeira carga de produtos lácteos brasileiros da história. Dois anos depois da consolidação da abertura do mercado, com a habilitação das plantas do Brasil para exportação, a Central Cooperativa Gaúcha Ltda (CCGL) encaminhou um pequeno volume de leite em pó por via área, de Guarulhos (SP) para Xangai.
Emblemático, o negócio pode começar a abrir as portas de um dos maiores mercados consumidores de lácteos do planeta, cujas importações estão em franca expansão. “Acreditamos muito nesse mercado para o futuro”, afirmou ao Valor Caio Vianna, presidente da CCGL, que faturou R$ 1,4 bilhão em 2020.
Primeiro grupo brasileiro a buscar habilitação para exportar à China, a CCGL usará essa venda para tentar expandir os negócios no país asiático, onde já tem marca registrada. A importação foi realizada por uma empresa parceira da cooperativa, que agora vai fazer o trabalho de correspondente comercial para divulgar e vender os produtos gaúchos. Mais dois contêineres de leite em pó já estão negociados e devem ser enviados em breve.
ABRALEITE quer aumentar as exportações
O presidente da ABRALEITE, Geraldo Borges, participou hoje de importante reunião para discutir a exportação de produtos lácteos para a China pela CCGL, do Rio Grande do Sul. Além da entidade, participaram OCB e Viva Lácteos, representando a cadeia produtiva, o embaixador Orlando Leite Pinheiro (secretário de comércio e relações internacionais do MAPA) e o senador gaúcho Luiz Carlos Reinze, além da equipe da CCGL.
ABRALEITE e demais entidades solicitam apoio para viabilizar as exportações de lácteos à China, particularmente em relação a dificuldades observadas na experiência da CCGL com a 1ª carga de leite em pó embarcada para o país asiático no final de 2021, especialmente relacionadas à burocracia interna de despachos aduaneiros para melhorar a competitividade dos lácteos brasileiros.
“A ABRALEITE ressalta a importância de alavancar a exportação de produtos lácteos, tema recorrente que defende nas reuniões da Câmara Setorial. Esse é um tema extremamente relevante para desafogar a produção nacional, especialmente num momento de elevação dos custos, objetivando proporcionar melhor remuneração aos produtores”, disse Geraldo Borges.
O embaixador Orlando Ribeiro comprometeu-se a trabalhar em prol da demanda da cadeia produtiva, destacando que “o leite merece atenção especial do MAPA e da ministra Tereza Cristina”.
Porém, ele também abordou a dificuldade em redução da alíquota de importação dos produtos brasileiros (10%) para competir em iguais condições com a Nova Zelândia, que tem alíquota zero. Quanto ao custo de frete – item destacado pela CCGL –, o embaixador gostou da proposta de trabalhar em conjunto com o Mercosul. Ele se comprometeu a avançar nesse tema com Argentina e Uruguai.
Mercado pujante
A CCGL já exportava para a Argélia e outros países africanos. As vendas externas são uma opção para corrigir distorções de mercado, disse Vianna, dada a sazonalidade da produção e dos preços internos. “É bom exportar porque o mercado interno está travado, algumas exportações se fazem necessárias para tirar a pressão sobre estoques”, ressaltou.
A Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos) ainda não tem uma estimativa do potencial das exportações à China, mas diz que outras empresas estão prospectando negócios.
A meta é conseguir um desempenho semelhante ao alcançado na Rússia, cujo mercado foi aberto em 2014. Hoje, quatro contêineres são enviados por mês aos russos, com produtos de alto valor agregado. “Vamos conquistando o gosto dos consumidores estrangeiros aos poucos”, disse Gustavo Beduschi, diretor executivo da entidade.