ESPMEXENGBRAIND
19 dez 2025
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O GDT 394 caiu 4,4%, refletindo excesso de oferta global e menor urgência dos compradores 📉
Resultados do GDT 394 confirmam oferta abundante e ajuste nas projeções de preço 🧮
Resultados do GDT 394 confirmam oferta abundante e ajuste nas projeções de preço 🧮

O GDT voltou a ser o principal termômetro de um mercado global de lácteos pressionado pelo excesso de oferta.

O evento Global Dairy Trade 394, realizado em meados de dezembro, registrou queda de 4,4% no índice geral de preços, com valor médio vencedor de US$ 3.341 por tonelada, marcando a nona retração consecutiva do indicador internacional.

Segundo análise do time de lácteos da NZX, o resultado foi mais baixista do que o esperado e refletiu, sobretudo, a persistente pressão do lado da oferta. A produção de leite segue elevada em regiões-chave como Estados Unidos e Europa, além da continuidade dos fluxos na Argentina, mantendo ampla disponibilidade exportável no mercado internacional.

O cenário de abundância também ganhou reforço adicional da China, que reportou crescimento anual da produção de leite pelo segundo mês consecutivo. Em outubro, o volume produzido avançou 2,1% na comparação anual, alimentando a percepção de que a oferta global segue confortável, mesmo diante de sinais pontuais de recuperação da demanda.

A pressão ficou ainda mais evidente no leite em pó integral (WMP), principal produto do leilão. Os preços caíram 5,7%, para uma média de US$ 3.161 por tonelada. Embora a demanda tenha aberto em nível relativamente sólido, com índice de 2,0, o interesse se enfraqueceu ao longo do evento. Foram necessárias dez rodadas para que o indicador caísse abaixo de 1,25, evidenciando a falta de urgência dos compradores diante da ampla oferta disponível.

Analistas destacam que a concorrência entre origens limitou movimentos de sustentação de preços. O contrato regular C2 de WMP encerrou US$ 140 por tonelada abaixo do que era precificado previamente no mercado de derivativos SGX-NZX, sinalizando surpresa negativa para os participantes.

No leite em pó desnatado (SMP), a queda foi mais moderada, de 2,1%, com preço médio de US$ 2.431 por tonelada. Apesar de mostrar maior resiliência relativa frente ao WMP, todos os contratos fecharam em baixa. O produto da Nova Zelândia manteve prêmio sobre o europeu, mas o fluxo elevado de leite global impediu qualquer reação mais consistente.

Os mercados de gordura láctea também sofreram ajustes. O AMF (gordura anidra do leite) recuou 5,2%, para US$ 5.602 por tonelada, com demanda já fraca desde a abertura do leilão. O contrato premium C2 fechou US$ 195 por tonelada abaixo das expectativas derivadas do mercado futuro. A manteiga, por sua vez, caiu 2,5%, desempenho menos negativo do que o antecipado, sustentada por uma demanda relativamente mais firme.

Entre os queijos, o cheddar permaneceu estável, enquanto muçarela e lactose apresentaram valorização, refletindo dinâmicas específicas de oferta e volumes menores negociados.

Do ponto de vista regional, o destaque foi o Norte da Ásia, responsável por 58% das compras totais, acima dos 50% do evento anterior. Essa participação ajudou a evitar uma queda ainda mais acentuada do índice geral. Em contrapartida, o Oriente Médio reduziu sua fatia para 11%, frente aos 19% do leilão anterior, reforçando o tom mais cauteloso do mercado.

Além dos preços das commodities, o GDT 394 teve impacto direto nas projeções de preço do leite. A Fonterra revisou sua estimativa de pagamento ao produtor para a safra 2025/26, reduzindo a faixa para NZ$ 8,50 a NZ$ 9,50 por kg de sólidos do leite, com ponto médio de NZ$ 9,00. Segundo a cooperativa, a decisão reflete a força da produção global e o impacto negativo sobre os preços internacionais.

Na esteira do leilão, bancos como ASB e ANZ também ajustaram suas previsões para baixo, enquanto a própria NZX reduziu sua estimativa média para NZ$ 9,17 por kgMS, apontando o desempenho fraco do WMP como principal fator de pressão.

O relatório destaca ainda que fatores sazonais de fim de ano contribuíram para uma demanda mais branda, encerrando dezembro com um mercado claramente orientado para a oferta. Para os analistas, enquanto a produção global seguir forte, o GDT tende a continuar refletindo um ambiente de preços sob pressão e ajustes graduais nas expectativas do setor.

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