A raça Girolando esteve no centro das atenções durante a visita de uma missão técnica do Ministério da Agricultura de Fiji ao Brasil.
O grupo, que busca referências de sucesso para o desenvolvimento da pecuária leiteira em seu país, conheceu de perto as vantagens do cruzamento zebuíno-holandês, que hoje responde por cerca de 80% da produção de leite nacional.
O encontro ocorreu no último sábado, 30 de agosto, durante a Expointer 2025, em Esteio (RS). A delegação foi recebida por Marcello Cembranelli, gerente do programa Brazilian Girolando e técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando.
Ele apresentou os avanços obtidos pelo Programa de Melhoramento Genético de Girolando (PMGG), iniciativa que tem permitido ganhos consistentes em produtividade, rusticidade e adaptação da raça.
Segundo Cembranelli, o interesse do governo de Fiji está voltado à importação de sêmen e embriões. “O perfil da pecuária em Fiji é formado majoritariamente por pequenas propriedades rurais. Eles querem elevar a produtividade dos rebanhos leiteiros.
Como o país enfrenta temperaturas elevadas durante boa parte do ano, o Girolando é ideal por manter alta produção mesmo em condições climáticas desafiadoras”, destacou o especialista.
Girolando: solução para clima tropical
Criado a partir do cruzamento entre as raças Gir (zebuína) e Holandesa (taurina), o Girolando é resultado de décadas de pesquisa e seleção. O equilíbrio entre rusticidade, resistência ao calor e boa produção leiteira fez da raça a base da pecuária de leite tropical.
No Brasil, os resultados são expressivos: estima-se que oito em cada dez litros de leite tenham origem em vacas Girolando. A difusão da genética é acompanhada por programas oficiais de controle de produção, avaliação de touros e certificação de genealogia, consolidando o Brasil como referência mundial no desenvolvimento da raça.
Para países como Fiji, que possuem clima quente e sistemas de produção familiar, a adaptação do Girolando pode representar um salto de produtividade. O modelo brasileiro demonstra que é possível combinar eficiência genética com tecnologias de manejo acessíveis, gerando impacto econômico e social significativo.
Agenda da missão técnica
Além da participação na Expointer, a missão do Ministério da Agricultura de Fiji cumpre uma agenda que inclui visitas a propriedades rurais, abatedouros e instituições de controle e pesquisa nos estados do Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.
A delegação é acompanhada por Lucas Fiuza, representante do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) do Brasil. Compõem o grupo:
- Avinesh Dayal, diretor de Saúde e Produção Animal;
- Samuel Kunal Prasad, oficial agrícola do setor de Carnes;
- Jovilisi Mosese Tabuyaqona, oficial agrícola do setor de Genética;
- Penaia Donuca, oficial agrícola do setor de Extensão Rural.
O objetivo central da missão é reunir informações técnicas sobre sistemas de produção, sanidade e genética animal, estabelecendo bases para futuras parcerias bilaterais.
Cooperação internacional e perspectivas
A aproximação de Fiji com o Brasil no setor pecuário reflete uma tendência de cooperação entre países tropicais. Enquanto nações de clima temperado exportam genética voltada a sistemas intensivos, o Brasil se consolidou como fornecedor de soluções adaptadas ao calor, com destaque para o Girolando.
Para o governo fijiano, a aposta na genética brasileira pode abrir caminhos para fortalecer a segurança alimentar, reduzir a dependência de importações e gerar renda para agricultores familiares.
Já para o Brasil, a cooperação representa a expansão da influência internacional de sua pecuária de leite, reforçando a imagem do país como exportador de conhecimento e tecnologia.
A missão oficial segue em território brasileiro até o início de setembro, com expectativa de consolidar contatos e identificar oportunidades de intercâmbio técnico e comercial.
Conclusão
O interesse de Fiji pela raça Girolando confirma a relevância da genética desenvolvida no Brasil para enfrentar os desafios da produção de leite em climas tropicais.
Combinando rusticidade e eficiência produtiva, a raça se projeta como solução estratégica não apenas para a pecuária nacional, mas também para países que buscam ampliar sua oferta de leite em condições semelhantes.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de O Presente Rural