ESPMEXENGBRAIND
8 maio 2025
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GLP-1 redefine consumo e cria oportunidades em laticínios, snacks e indulgências controladas, exigindo inovação dos produtores de alimentos e bebidas.
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Encontrando o equilíbrio: como a indústria alimentar pode prosperar na era do GLP-1 GLP-1 na mídia com manchetes e lupa sobre alimentos e bebidas (Getty Images)

Os consumidores querem perder, ganhar ou simplesmente manter o peso. O que isso significa para as principais categorias de alimentos e bebidas — e ainda há espaço para indulgências permitidas?

De acordo com a empresa de pesquisa de mercado Mintel, nos EUA, 15% dos adultos que afirmam estar controlando o peso atualmente usam medicamentos GLP-1.

E o Morgan Stanley estima que até 2035, 24 milhões de adultos norte-americanos estarão utilizando drogas para emagrecimento.

Rick Miller, RD, Diretor Associado de Alimentos e Bebidas da Mintel, afirmou que o aumento do uso de medicamentos para perda de peso à base de GLP-1 já está remodelando os padrões de consumo.

“Esses medicamentos suprimem o apetite, reduzem os desejos e fazem com que os usuários se sintam saciados por mais tempo, levando a porções menores em refeições e lanches”, disse Miller. “Há risco de desnutrição ou perda muscular se a ingestão de nutrientes não for cuidadosamente monitorada.”

Segundo Sally Lyons Wyatt, Vice-Presidente Executiva Global e Conselheira-Chefe de Bens de Consumo e Foodservice da Circana, LLC, os fabricantes de alimentos e bebidas estão ativamente adaptando seus portfólios para atender às necessidades desses consumidores.

“Se você tem um portfólio diversificado, está no caminho certo”, disse ela. “Você deve falar com públicos semelhantes, ser capaz de entregar mensagens específicas com base nos seus objetivos, seja bem-estar ou outro foco.”

Como o uso de GLP-1 impacta as principais categorias de alimentos e bebidas

Segundo Rick Miller, da Mintel, o uso de medicamentos para emagrecimento afeta diversas categorias — algumas mais negativamente do que outras.

Nos laticínios, formatos menores e ricos em proteínas (como cottage, shakes proteicos e iogurtes em tamanho snack) estão ganhando espaço por fornecerem nutrientes essenciais em porções compactas, ajudando na manutenção da massa muscular mesmo com ingestão calórica reduzida.

No segmento de snacks, a supressão do apetite está levando à redução na frequência e no volume de consumo. “Fabricantes de snacks devem focar em opções mais saudáveis, com controle de porções, alto teor de proteína e fibras para atender às novas demandas”, afirmou Miller.

Na confeitaria, cresce a demanda por versões com menos calorias e menos açúcar dos doces tradicionais. Mas a indulgência continua importante — mesmo que as marcas sejam incentivadas a posicionar os produtos indulgentes como ‘permitidos’, oferecendo alternativas mais saudáveis.

“Todas as empresas podem participar da jornada do GLP-1 — até as mais voltadas à indulgência”, disse Lyons Wyatt, da Circana. “Os consumidores ainda querem se permitir, mesmo que com menos frequência ou intensidade que antes.”

Nestlé: pioneira no segmento

Nos EUA, a gigante Nestlé foi uma das primeiras a lançar uma linha de alimentos voltada ao público usuário de GLP-1. Lançada em 2024, a linha Vital Pursuit inclui produtos ricos em proteína e fibras, com porções ajustadas aos apetites reduzidos desses consumidores e com promessas de nutrientes essenciais.

A linha inclui bowls congelados com grãos integrais ou massas proteicas, sanduíches e pizzas.

Enquanto isso, a Danone também tem se comunicado com consumidores em processo de controle de peso, com foco em hábitos alimentares saudáveis e orientação nutricional.

Quanto às bebidas alcoólicas, Rick Miller, da Mintel, afirmou que as grandes cervejarias da Europa ainda parecem relativamente despreocupadas com um declínio significativo no consumo de cerveja, já que esta está mais associada ao relaxamento e à socialização do que à ingestão calórica.

“No entanto, especula-se que alguns usuários possam reduzir o consumo de álcool e de outros produtos considerados ‘viciantes’”, observou.

No setor de foodservice, os restaurantes podem enfrentar menor frequência de visitas e menos pedidos de entradas e sobremesas, prevendo-se uma migração para cardápios mais saudáveis, com itens em porções menores ou formato snack, segundo Miller.

Ganho de peso: uma oportunidade pouco explorada?

Segundo pesquisa divulgada pela Mintel esta semana, quase 9 em cada 10 britânicos entre 18 e 34 anos estão ativamente controlando o peso.

Mas mais de um quarto dos homens jovens (entre 18 e 24 anos) tem quase três vezes mais chance que outros grupos de tentar ganhar peso — o que abre oportunidades para várias categorias, incluindo laticínios.

Iogurtes e bebidas lácteas ricas em proteína estão bem posicionados para atender esse público — “especialmente porque marcas de nutrição esportiva aproveitam sua expertise em suporte muscular e necessidades de hidratação, que atendem tanto quem quer ganhar quanto perder peso”, afirmou Rick Miller, da Mintel.

Outras categorias que podem contribuir para um ganho de peso saudável incluem:

  • Produtos de nutrição esportiva (barras de proteína, shakes, substitutos de refeição)
  • Cereais integrais e granolas
  • Bebidas fortificadas (como leites enriquecidos com proteína e smoothies)

 

Uma coisa é certa: a tendência de gerenciamento de peso continuará moldando o setor de alimentos e bebidas no futuro próximo.

“Acho que isso vai continuar transformando o cenário do que os consumidores comem e onde obtêm os alimentos”, concluiu Sally Lyons Wyatt, da Circana. “E vai impulsionar a inovação à medida que os fabricantes reavaliam seus pipelines.”

 

Traduzido e adaptado para eDairyNews🇧🇷

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