Com queijos que buscam mostrar a identidade do Pampa Gaúcho, a Queijaria Tambero, de Luisa Brasil, recebeu uma espécie de presente recentemente.
Após um longo período de espera, os queijos Coxilha e Geada, produzidos na agroindústria, receberam o Selo Arte – certificado que assegura que os produtos alimentícios de origem animal foram elaborados de forma artesanal, com receita e processo que apresentem características tradicionais, regionais, culturais, vinculação ou valorização territorial.
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Em entrevista ao TP, Luisa disse que a proposta sempre foi trabalhar com queijo artesanal e autoral. Ela relatou que o queijo é feito com leite cru, buscando a maior identificação possível com Pampa Gaúcho. “Nossos queijos são todos com fungos naturais da campanha.
Então é um queijo que tem uma maturação bem selvagem, com a mínima intervenção possível minha. Cerca de 99% dos queijos produzidos no Brasil são pasteurizados e o nosso é com o leite cru. Aqui temos uma produção bem ao modo antigo de fazer o queijo e cada produção vai depender das características do clima e do leite”,explicou.
Nosso queijo não é comum, tanto em função dos fungos como sazonalidade, pois respeitamos a característica do leite. Então, ao contrário da indústria, a gente pensa na particularidade de cada lote. Temos uma padronização tecnológica mínima claro, mas ele é um queijo que a cada lote vai sair de um jeito, o que faz parte de todo processo artesanal”, frisou.
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SIM
Hulha Negra, além do Serviço de Inspeção Municipal (SIM), também possui, por meio da Secretaria de Agropecuária, atuação através do Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (Susaf), que permite o comércio dos produtos da agricultura familiar em todo o Rio Grande do Sul, cada um seguindo suas particularidades.
No município, o médico veterinário Marcus Leitzke que é o responsável pelo SIM, falou sobre o ganho do Selo Arte por parte da agroindústria e do trabalho envolvido para as conquistas. “Além de ser uma conquista profissional, foi algo que a gente se dedicou, se qualificou. São vários cursos de qualificação, dedicação para essas conquistas, é qualidade do serviço público que a gente presta, se propõe a fazer por cidadãos.
Vemos eles prosperarem, a agroindústria é uma possibilidade deles manufaturarem seus produtos. Em razão disso todo esse trabalho em busca, primeiramente do SIM, depois do Susaf e agora do Selo Arte. Nosso mercado consumidor no município é pequeno e os selos nos permitem ampliação do mercado para os produtores.
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Claro que há todo um trabalho sanitário a ser seguido regularmente, mas que traz os resultados esperados com o apoio de instituições e vários profissionais. A primeira indicação para o selo foi os queijos da Tambero, Coxilha e Geada, que possuem certas peculiaridades e perfeitos para o consumidor.
Com auxílio do Sebrae e Emater chegamos a essa conquista e já houve a publicação no Diário Oficial da União a aquisição do Selo Arte. Também já entramos com processo da agroindústria Sinuelo, de charques artesanais, diferenciados, do Manuel Domingues, para que ele possa vender para todo Estado”, disse Leitzke.
EXECUTIVO
A secretária de Agropecuária de Hulha Negra, Janice Silveira, falou sobre a importância do Selo Arte para o município. “Este selo permite com que as agroindústrias comercializem seus produtos em todo o território nacional.
Dessa forma, as agroindústrias podem expandir os seus negócios, divulgar o seu trabalho em todo o país, todo o Brasil. É importante saber que temos um produto de qualidade dentro do município, que foi criado, projetado, produzido todo aqui pelas famílias do município”, afirmou Janice.
EMATER
Presença fundamental nas agroindústrias a Emater trabalha diretamente com produtores e produtoras. Ao TP, a extensionista rural Carmem Cáceres, explicou acerca do trabalho da Emater.
“Somos responsáveis por oportunizar aos agricultores as orientações para implantarem seus estabelecimentos, desde a estrutura física necessária, equipamentos, legalizações sanitária, fiscal e ambiental. Acompanhamos todo processo, também elaboramos projetos de crédito, documentos que os agricultores necessitarem durante a jornada de legalização.
Especificamente quanto ao Susaf e Selo Arte, organizamos a documentação necessária, além da declaração de assistência técnica que é exigida pelo Ministério da Agricultura. Receber o Selo significa poder comercializar os produtos em todo país”, explicou.
SOBRE A TAMBERO
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Estabelecida na localidade de Olhos d`Agua, no quilômetro 611 da BR-153, a Tambero surgiu de uma paixão inusitada. Luisa Brasil é historiadora e Daniel, o esposo, publicitário.
Ambos estavam em um momento de transição nas suas carreiras quando o queijo e as vacas de leite apareceram para dar a guinada transformadora em suas vidas. “Começamos de maneira bem experimental, ordenhando a mão e maturando queijos na geladeira.
Quando eu estava terminando minha tese de doutorado, já com olhos em voltar a morar na região definitivamente, começamos a compartilhar os queijos com amigos e família. Foi unânime, todos adoraram e nos incentivaram muito a profissionalizar o negócio.
Decidimos largar nossas carreiras e ir atrás de um sonho que ainda nem tínhamos a noção dos caminhos que hoje estão se configurando. Criamos a Queijaria Tambero do zero. Entre erros e acertos, estamos hoje fazendo um queijo com sabor único”, pontuou Luisa.