A Nestlé Brasil está transformando sua operação com o uso estratégico de inteligência artificial (IA) e análise de dados.
Por meio do programa interno Data Fast Track (DFT), liderado pelo Laboratório de Dados da companhia, a subsidiária brasileira da gigante suíça já identificou potenciais economias de mais de R$ 70 milhões em diferentes áreas do negócio.
A iniciativa faz parte da jornada de transformação digital da empresa e busca otimizar investimentos ao testar e validar hipóteses de negócio com base em evidências. Segundo a companhia, o objetivo é reduzir riscos, acelerar decisões e fomentar uma cultura corporativa orientada por dados.
“Fail Fast, Learn Fast”: inovação guiada por evidências
O programa DFT funciona em ciclos de oito semanas e reúne equipes multidisciplinares formadas por gerentes de produtos, engenheiros e cientistas de dados. Esses grupos se conectam com áreas estratégicas da Nestlé para testar soluções em pequena escala antes de decidir sobre investimentos mais amplos.
A metodologia usada é conhecida como “Fail Fast, Learn Fast” — em tradução livre, “erre rápido, aprenda rápido” — e tem como princípio a experimentação ágil. O processo começa com a identificação de oportunidades em uma plataforma interna da empresa. A partir daí, as áreas envolvidas decidem se é mais adequado desenvolver uma prova de conceito (PoC) ou um produto mínimo viável (MVP).
Cada proposta passa por uma análise que considera impacto financeiro, viabilidade técnica e alinhamento com os objetivos estratégicos. Somente as ideias com maior potencial seguem adiante para a fase de desenvolvimento.
Do conceito à execução: resultados concretos
No primeiro ano de execução, o Data Fast Track realizou sete provas de conceito, das quais três evoluíram para casos de negócio com investimentos planejados. Um exemplo é o projeto Supply Compras, que otimizou aquisições de caixas de papelão e embalagens flexíveis, resultando em uma economia potencial de até R$ 1 milhão em um curto período de análise.
Outro destaque é o Supply Logística Física, que utiliza técnicas de ciência de dados para definir estratégias inteligentes de contratação de fretes. O sucesso do projeto foi tão expressivo que deve originar uma nova estrutura dedicada à área logística da Nestlé.
Essas experiências demonstram o impacto direto da inovação baseada em dados sobre a eficiência operacional da companhia.
Cultura de dados e expansão interna
De acordo com Brunno Ragonha, diretor de ciências de dados e analytics da Nestlé Brasil, a principal transformação não está apenas nos números, mas também na mudança cultural dentro da organização.
“Com a expansão do Data Fast Track para outras áreas do negócio, houve uma mudança significativa na cultura de experimentação com dados. Se antes o DataLab não era visto como parceiro estratégico, hoje o engajamento cresceu exponencialmente”, afirmou o executivo.
Essa integração entre tecnologia e negócio tem fortalecido a colaboração entre áreas e estimulado uma visão mais analítica nas tomadas de decisão.
Próximos passos: dados a serviço das pessoas
Segundo Ragonha, a expectativa da Nestlé Brasil é desenvolver dez novos projetos ainda em 2025, incluindo iniciativas voltadas ao setor de recursos humanos, com foco em saúde mental e bem-estar dos colaboradores.
Com essa abordagem, a empresa reforça sua aposta em uma transformação digital sustentável e centrada em pessoas, combinando tecnologia, agilidade e inteligência de dados para gerar valor em toda a cadeia de negócios.
A experiência da Nestlé Brasil mostra que a integração entre IA e gestão estratégica pode não apenas reduzir custos, mas também impulsionar a inovação e o aprendizado contínuo — pilares essenciais para a competitividade na indústria de alimentos.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de IT Forum