Os custos elevados e os preços insuficientes para garantir margem desestimularam a produção de leite em Minas Gerais. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no segundo trimestre de 2022, a produção de leite ficou 6,6% inferior frente a igual trimestre de 2021. No Estado também foi vista queda de 1,2% no abate de frangos. Já os abates de bovinos e suínos encerraram o período com resultados positivos: 8,5% e 4,6% de crescimento, respectivamente.
Conforme os dados da Pesquisa Trimestral do Abate de Animais divulgada, na terça-feira (6), pelo IBGE, em Minas Gerais, entre abril e junho de 2022, foram adquiridos pela indústria 1,34 bilhão de litros de leite ou 98,62 milhões de litros a menos.
O volume também ficou menor se comparado com o registrado no primeiro trimestre do ano, quando foram adquiridos cerca de 1,5 bilhão de litros.
Segundo o IBGE, além da estiagem, o alto valor dos insumos associado à dificuldade em repassar os custos ao longo da cadeia contribuíram para desestimular a atividade leiteira.
No segundo trimestre, Minas Gerais continuou liderando o ranking de aquisição de leite, com 25% da captação nacional, seguido por Paraná (14,7%) e Rio Grande do Sul (12,7%).
A analista de Agronegócios do Sistema Faemg Mariana Simões explica que a produção de leite foi atingida, principalmente, pelo aumento dos custos de produção.
“Os custos de produção aumentaram de forma significativa. Tivemos aumentos dos preços pagos aos produtores, mas não foram suficientes para acompanhar os custos. Isso interferiu no estímulo do produtor, que fez menos investimentos e, consequentemente, tivemos queda da produção. Além disso, produtores saíram da atividade”, destaca.
Ainda segundo Mariana, a tendência é de que a produção de leite aumente nos próximos meses com a retomada das chuvas e recuperação das pastagens. “Para o pagamento de setembro, referente à produção entregue em agosto, a tendência é de queda dos preços, mas os custos devem ficar mais equilibrados com a retomada das chuvas e aumento das pastagens, o que vai favorecer o aumento da produção”.
Resultado negativo também foi visto na produção mineira de frangos. No segundo trimestre, Minas Gerais abateu 1,2% de frangos a menos, somando 112,1 milhões de cabeças ante as 113,5 milhões registradas anteriormente. O peso das carcaças apresentou pequena queda de 3%, somando 271,5 mil toneladas.
Apesar da queda na produção, as exportações de carne de frango seguiram em alta no segundo trimestre. De acordo com o IBGE, Minas Gerais exportou 45,8 mil toneladas de carne de frango entre abril e junho, superando em 2,3% o volume registrado em igual trimestre de 2021.
Ao contrário das quedas nas produções de leite e frango, o abate de suínos e bovinos cresceu no Estado.
No caso dos suínos, foram 1,7 milhão de cabeças. O incremento no abate ficou em 4,6% se comparado com as 1,63 milhão de cabeças abatidas no segundo trimestre do ano anterior. O peso das carcaças, 145,1 mil toneladas, subiu 0,3%.
De acordo com o IBGE, tanto em Minas como no País, houve recuo nas exportações de suínos. Até o ano passado, os embarques estavam aquecidos devido aos casos de peste suína na China. Porém, segundo o IBGE, há evidências de recuperação do rebanho suíno chinês, o que reduz a necessidade de importação para o abastecimento. Com isso, houve maior disponibilidade do produto para o mercado interno e queda de preços, estimulando o consumo frente à carne bovina, que ficou mais cara.
De abril a junho, o Estado exportou 4,22 mil toneladas de carne suína, queda de 14,1% frente a igual período do ano passado.
Carne bovina mais cara
No abate de bovinos, em Minas Gerais, de abril a junho, foram 757,5 mil cabeças, resultado 8,5% superior ao mesmo período do ano passado. O peso das carcaças também ficou maior, 6,2%, atingindo 191,9 mil toneladas.
O abate tem sido estimulado pelas exportações em alta e preços valorizados no mercado externo. Segundo o IBGE, a carne bovina exportada registrou valorização de 30,7% no preço médio da tonelada, cotada em US$ 6.492,42 na média do País.
Ao longo do segundo trimestre, Minas Gerais foi o terceiro maior exportador de carne bovina, com o embarque de 53,4 mil toneladas e superando em 25,2% o volume embarcado em igual trimestre de 2021.
De acordo com Mariana, o bom desempenho dos embarques de carne bovina fez com que os preços no mercado interno subissem, o que inibiu o consumo. Por outro lado, houve queda nas exportações de carne suína, aumentando a oferta interna e favorecendo a queda de preços e o consumo interno.
“Precisamos avaliar as cadeias de forma integrada. Este ano, as exportações de carne bovina estão em níveis históricos. Foi exportado um volume recorde, o que refletiu no mercado interno e nas demais carnes. A carne suína teve como reflexo o aumento do consumo interno, já que a oferta ficou maior pela redução na exportação para a China, que registra uma retomada da produção após os casos de Peste Suína, e pelos preços altos da carne bovina”, explicou.