A brucelose é uma doença infectocontagiosa causada por bactérias do gênero Brucella. De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), sua “principal manifestação clínica é o aborto, tipicamente no terço final da gestação.
O processo de habilitação envolveu a capacitação da profissional responsável, auditoria documental, material e do espaço físico

Doenças como a brucelose e a tuberculose bovinas representam uma ameaça à pecuária, comprometendo a saúde dos rebanhos, a produtividade dos criadores e a segurança alimentar da população.

Com sua tradição em inovação, o Instituto Federal de Alagoas (Ifal) – Campus Satuba inaugurou, em 2023, uma estrutura própria para diagnóstico e pesquisa dessas patologias. Na reportagem a seguir, você vai conhecer um pouco dessa iniciativa pioneira.

Brucelose e tuberculose bovinas: o que são?

A brucelose é uma doença infectocontagiosa causada por bactérias do gênero Brucella. De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), sua “principal manifestação clínica é o aborto, tipicamente no terço final da gestação.

Após o primeiro aborto, são comuns a presença de natimortos, o nascimento de bezerros fracos e complicações como a retenção de placenta e a metrite [inflamação da parede uterina]”. 

Já a tuberculose bovina, causada pela bactéria Mycobacterium bovis, tem como sinais clínicos “fraqueza, perda de apetite e peso, febre flutuante, dispneia e tosse intermitente, sinais de pneumonia de baixo grau, diarreia, linfonodos aumentados e em alguns casos supurados” (Mapa). 

Enfrentando o desafio

A médica veterinária do Campus, Jana Kelly dos Santos, relata que, até o final de 2023, ano em que o laboratório recebeu aprovação do Mapa e da Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas (Adeal) para funcionar, havia uma dificuldade em manter a regularidade nos testes dessas doenças no Campus. 

“Os testes eram realizados através de contratos com empresas privadas. Diante de algumas dificuldades burocráticas e técnicas, decidimos criar nosso próprio laboratório”, conta Jana.

O processo de habilitação envolveu a capacitação da profissional responsável, auditoria documental, material e do espaço físico. “Desde então, estamos realizando exames nos animais a cada seis meses, uma frequência maior do que a exigida pela legislação”, relata.

Além de permitir a identificação precoce de animais doentes, prevenindo a transmissão para outros animais e seres humanos, especialmente estudantes e trabalhadores do Campus, a rotina de testes atende a exigências legais e sanitárias. “O diagnóstico negativo reforça a qualidade do leite e derivados dos nossos animais.

O laboratório nos permite realizar testes sempre que precisarmos, seja na entrada ou saída de animais”, explica a veterinária.

Por enquanto, o laboratório foca nos Campi do Ifal, principalmente na rotina diagnóstica já estabelecida no Campus Satuba, mas “pode fornecer testes para parceiros e instituições públicas que necessitarem reforçar o diagnóstico da brucelose”, destaca a Jana.

Vacinação

A vacinação é fundamental para o controle de doenças. Embora ainda não exista vacina para tuberculose bovina, o Campus já realiza a imunização contra a brucelose, permitindo que estudantes participem do processo como parte de seu aprendizado prático. 

Para vacinar, o médico veterinário deve ser cadastrado na Adeal. Apesar de ser exclusiva para este profissional, ele pode autorizar até cinco pessoas treinadas para realizar a aplicação. “A vacina contra brucelose tem sido uma das exigências para emissão da Guia de Transporte Animal (GTA), se o produtor tiver fêmeas em seu rebanho”, explica a servidora.

Atualmente, há duas vacinas disponíveis: a B19, que só pode ser aplicada entre os 3 e 8 meses de idade; e a RB51, que, apesar de mais cara, pode ser aplicada em qualquer idade a partir de 3 meses e não interfere no diagnóstico, como a B19, que pode dar falso positivo se for feita na idade superior à recomendada.

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