Alvo de reclamação dos produtores de leite, a importação de lácteos perdeu força nos últimos meses como consequência da elevação da taxa de câmbio. Segundo dados do Ministério da Economia compilados pelo Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat), o volume total de importações feitas pelo Brasil caiu de 22 mil toneladas em dezembro de 2020 para 14,6 mil toneladas em fevereiro deste ano. O cálculo inclui a importação de leite em pó integral, leite em pó desnatado, iogurtes, soro de leite em pó, manteiga e queijo.
“As importações ocorrem muito mais por uma oportunidade de diminuição de custos, não porque tenham qualidade superior”, justifica o secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini. Para março, é aguardada uma nova queda das importações, já que, além do dólar alto, há a valorização expressiva do produto nos leilões da plataforma Global Dairy Trade (GDT. O dirigente ressalta ainda que os impactos dos preços do milho e do farelo de soja, utilizados na alimentação animal, começam a ser sentidos em todo o mundo, de modo que produzir lácteos a um custo baixo torna-se cada vez mais difícil. “Esse reajuste de preços provavelmente consiga reverter um quadro que o Brasil vinha enfrentando muito forte de concorrência com as importações no mercado interno”, analisa.
Em 2020, o pico das importações foi percebido entre outubro e dezembro. No período, registrou-se a elevação das aquisições de leite em pó desnatado e leite em pó integral, principalmente. A maior parte do leite importado pelo Brasil nos dois primeiros meses deste ano veio da Argentina (49,3%) e Uruguai (40,2%). Paraguai, Estados Unidos, Nova Zelândia e França também realizaram embarques para o território brasileiro.