As importações de lácteos voltaram a subir em setembro de 2025. Segundo dados oficiais da SECEX/MDIC, o Brasil importou 11% a mais em valor e 8,3% em volume na comparação com setembro de 2024. O movimento foi sustentado principalmente pelo leite em pó argentino, que compensou a queda nas compras de queijo.
O boletim indica que o leite em pó desnatado (SMP) aumentou 43,7% em valor e 36,8% em toneladas, enquanto o leite em pó integral (WMP) teve alta de 26,5% em valor e 13,6% em volume. Esses produtos, classificados sob o código NCM 0402, foram os principais responsáveis pelo avanço das importações.
O desempenho de setembro foi considerado um “ponto fora da curva”, configurando o segundo maior valor de importações de lácteos para o mês em toda a série histórica, atrás apenas de setembro de 2022.
Leite em pó sustenta o mercado; queijos recuam
Enquanto o leite em pó impulsionou a balança, o segmento de queijos (NCM 0406) teve retração expressiva: queda de 25% em valor e volume. Ainda assim, o acumulado do ano mostra que as compras externas seguem em níveis historicamente altos, sustentadas pelas fortes aquisições de janeiro e fevereiro.
Nos nove primeiros meses de 2025, as importações de queijos caíram 7% em valor e 12,4% em volume na comparação com o mesmo período de 2024. Mesmo assim, é o segundo maior volume desde 2013, tanto para queijos quanto para leite em pó — o que confirma a relevância dos lácteos importados na composição da oferta brasileira.
Cone Sul domina o fornecimento
O fornecimento de produtos lácteos ao Brasil continua fortemente concentrado no Cone Sul. A Argentina mantém a liderança absoluta nas exportações de todos os produtos lácteos ao mercado brasileiro — exceto leites e cremes fluídos, cuja importação é residual.
O Uruguai ocupa a segunda posição, exportando menos da metade do volume argentino. Em seguida, vêm Chile, Paraguai e Estados Unidos, que juntos completam o grupo dos cinco maiores fornecedores.
Entre janeiro e setembro de 2025, esses países responderam por 96,5% de todo o volume de lácteos importados pelo Brasil. Os 3,5% restantes correspondem a produtos vindos de outros 13 países, especialmente soro de leite, manteiga e queijos especiais.
Além disso, o preço médio dos produtos argentinos continua sendo o mais alto entre os fornecedores do Cone Sul, refletindo a qualidade e a valorização dos produtos industrializados daquele país.
Leite em pó e queijos representam 92% das compras
As categorias NCM 0402 (leite em pó) e NCM 0406 (queijos) concentraram 92% das importações brasileiras de lácteos em valor, de acordo com o levantamento. Outros produtos, como leite fermentado (NCM 0403) e manteiga (NCM 0405), cresceram 48,8% e 88%, respectivamente, mas têm peso marginal na balança comercial.
Em equivalente litro de leite (EqL), o conjunto dos produtos das categorias 0402 e 0406 respondeu por 99% das importações de janeiro a setembro. Mesmo com queda de 5,3% em relação ao mesmo período de 2024, o volume atual representa o segundo maior patamar de importações da década.
Desafio para a produção nacional
A tendência de alta nas importações de lácteos, especialmente do leite em pó argentino e uruguaio, volta a acender o alerta no setor produtivo brasileiro. O movimento reforça a dependência externa em um cenário de preços internos em queda e margens pressionadas para os produtores locais.
Com o avanço das compras externas, o Brasil consolida 2025 como um ano de importações elevadas, o que pode impactar a rentabilidade do produtor nacional e a competitividade da indústria.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de Terra Viva