O volume das importações brasileiras de lácteos aumentou 63,7% em janeiro deste ano em relação ao mesmo mês de 2020, informa o Boletim do Leite de Fevereiro do Cepea/Esalq/USP, divulgado nesta semana. No entanto, na comparação com dezembro do ano passado, as compras desses produtos de terceiros países recuaram 20,5% em janeiro, totalizando 17,9 mil toneladas.
Ainda de acordo com a publicação, “no primeiro mês de 2021, a demanda por derivados lácteos no mercado atacadista de São Paulo seguiu enfraquecida, prejudicada pela diminuição do poder de compra do consumidor brasileiro”.
Leia, abaixo, as avaliações dos analistas da Equipe Leite do Cepea sobre as importações de lácteos e os preços dos derivados de leite:
“Enfraquecimento da demanda freia importações de lácteos em janeiro
Munira Nasrrallah e Juliana Santos/Cepea
“As importações de produtos lácteos recuaram 20,5% de dezembro/20 para janeiro/21, somando 17,9 mil toneladas de derivados no primeiro mês deste ano, segundo apontam dados da Secex. Essa diminuição esteve atrelada ao enfraquecimento da demanda interna nesse período, tendo em vista a perda do poder de compra do consumidor brasileiro. Já quando comparado ao volume de janeiro do ano passado, verifica-se forte alta de 63,7% nas compras externas de produtos lácteos.
As importações de leite em pó – que corresponderam por 68,2% de todo o volume de lácteos adquirido internacionalmente pelo Brasil em janeiro – recuaram de 25,6% frente ao mês anterior, totalizando 12,2 mil toneladas. Porém, em relação a janeiro de 2020, houve forte aumento de 112,4% nas importações de leite em pó. Os principais fornecedores desse produto ao Brasil foram a Argentina, com participação de 48,9%, e o Uruguai, com 46,6% – ainda conforme dados da Secex.
Exportações
Com relação às exportações nacionais, foram embarcadas 2,6 mil toneladas de produtos lácteos em janeiro, recuos de 7,1% frente a dezembro/20 e de 10,2% em relação a janeiro/20.
As vendas de leite condensado, que representaram 40,8% do total embarcado, totalizaram 1,07 mil toneladas em janeiro/21, volume 25,8% superior ao registrado em dezembro/20 e forte aumento de 122,9% quando comparado ao de janeiro/20.
Trinidad e Tobago foi destino de 31,3% dos envios desse derivado brasileiro, seguido pelos Estados Unidos, com participação de 23,1% do total embarcado.
As exportações de leite em pó, apesar de terem apresentado a menor participação no total embarcado, de apenas 1,2%, somaram 31 toneladas em janeiro/21, alta expressiva de 134,7% frente às de dezembro/20, mas expressiva queda de 97% quando comparadas às de janeiro/20.
Balança comercial
Em valores, a balança comercial caiu 23,4% de dezembro/20 para janeiro/21, registrando déficit de US$ 50 milhões. No mesmo período, o recuo no déficit em volume foi de 22,4%, totalizando 15,3 mil toneladas do produto em janeiro.”
“Derivados se desvalorizam em janeiro
Débora Zanatta e Beatriz Pina/Cepea
No primeiro mês de 2021, a demanda por derivados lácteos no mercado atacadista de São Paulo seguiu enfraquecida, prejudicada pela diminuição do poder de compra do consumidor brasileiro. Além disso, colaboradores do Cepea afirmaram haver pressão do mercado por preços mais atrativos nas negociações. No entanto, os custos envolvidos na captação de leite cru e a valorização dos insumos produtivos impediram pressões de baixas mais intensas. Neste cenário, as negociações de leite longa vida, queijo muçarela e leite em pó (400g) seguiram reduzidas em janeiro/21, com consequente aumento nos estoques.
O queijo muçarela registrou desvalorização diária no primeiro mês de 2021, resultando em recuo da média mensal pelo quarto período consecutivo. A média em janeiro foi de R$ 23,68/kg, 9,12% menor em relação a dezembro/20. No caso do leite UHT, a queda na média mensal foi de 7,02% no mesmo comparativo, fechando a R$ 3,01/litro. Em contrapartida, o leite em pó (400g) registrou estabilidade após três meses seguidos de baixa, aumento de apenas 0,71% de dezembro para janeiro.
Já em comparação a janeiro/20, as cotações do primeiro mês de 2021 permaneceram em patamares elevados, com aumentos reais de 21,41%, 21,2% e 34,8% para o leite longa vida, queijo muçarela e leite em pó, nessa ordem. A pesquisa diária de preços é realizada pelo Cepea e tem apoio financeiro da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras).
Fevereiro
Ainda com demanda fragilizada, as cotações dos derivados lácteos seguem em queda em fevereiro, e os estoques estiveram acima da normalidade até a metade do mês. Considerando dados de negociações diárias até 17/02, o leite longa vida apresenta média parcial de R$ 2,87/litro, o queijo muçarela, de R$ 22,16/kg, e o leite em pó (400g), de R$ 21,50/kg – baixas de 4,76%, 6,39% e 6,61% frente a janeiro, respectivamente.”