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22 jul 2025
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📉 Em 2023, Brasil importou 6,2% da produção nacional de lácteos. Déficit bilionário expõe baixa competitividade da cadeia leiteira.
Milho. "O programa foi lançado na sexta-feira (19), e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) será responsável pela ação". importações

As importações de lácteos no Brasil alcançaram patamares históricos em 2023, revelando uma preocupante perda de competitividade da cadeia leiteira nacional.

De acordo com dados do CILeite, o país internalizou o equivalente a 2,18 bilhões de litros de leite, ou 6,2% da produção nacional — o maior percentual já registrado. O resultado foi um déficit comercial superior a US$ 1 bilhão, valor nunca antes atingido pelo setor.

O cenário contrasta com o potencial produtivo brasileiro. Com mais de 35 bilhões de litros produzidos anualmente, o Brasil ocupa o quarto lugar no ranking global de produção de leite.

A atividade é difundida em 98% dos municípios e emprega diretamente cerca de 4 milhões de pessoas, com destaque para pequenos e médios produtores.

Mesmo assim, o avanço da produtividade não tem sido suficiente para frear a crescente dependência externa.

Entre os produtos mais importados estão o leite em pó, os queijos e o soro de leite. Somente com leite em pó, o país gastou US$ 738 milhões em 2023, contra US$ 51 milhões em 2004.

Os queijos, por sua vez, saltaram de US$ 11 milhões para US$ 213 milhões no mesmo período — um crescimento de mais de 1.800%. O soro de leite teve aumento de 31% de 2022 para 2023, chegando a US$ 55 milhões.

Na outra ponta, as exportações de lácteos brasileiros seguem modestas. Após um pico entre 2004 e 2008, quando o país chegou a exportar 882 milhões de litros-equivalentes, o volume caiu drasticamente.

Desde 2009, o Brasil se consolidou como importador líquido de lácteos. A média histórica de exportação entre 2002 e 2023 foi de apenas 260 milhões de litros, frente a uma média de importação de 967,8 milhões.

O principal destino das exportações brasileiras são produtos de menor valor agregado, como leite em pó, leite condensado e creme de leite.

Já as importações concentram-se em produtos com maior valor unitário, o que amplia ainda mais o impacto negativo na balança comercial.

Essa fragilidade está ligada a fatores estruturais da cadeia produtiva. Entre 2011 e 2023, o número de vacas ordenhadas caiu 33%, de 23,2 para 15,6 milhões de cabeças. Paralelamente, a produtividade aumentou 104%, alcançando 2.254 litros/vaca/ano.

No entanto, a produção nacional tem oscilado, sem conseguir responder à estagnação do consumo interno — que permanece em torno de 180 litros per capita por ano.

O aumento da massa salarial e do número de trabalhadores ocupados entre 2023 e 2024 pressionou a demanda, mas a produção interna não acompanhou o ritmo, abrindo espaço para importações, especialmente de parceiros como Argentina e Uruguai.

Outro entrave grave é o alto custo de produção do leite no Brasil. Em novembro de 2024, o preço do leite em pó industrial nacional era 34% superior ao do produto importado.

A muçarela brasileira custava 24% a mais. Esse descompasso estimula a importação e desestabiliza os elos da cadeia nacional.

Além do custo da matéria-prima, a logística ineficiente de coleta — agravada pela dispersão geográfica da produção —, os elevados preços de insumos e o chamado “Custo Brasil” (que inclui carga tributária, infraestrutura deficiente e baixa governança) aumentam significativamente os custos de transação.

Frente a esse panorama, especialistas defendem a necessidade urgente de políticas públicas que incentivem a competitividade da produção nacional, a adoção de tecnologias que aumentem a eficiência e a reorganização da cadeia produtiva com foco em governança, cooperação e agregação de valor.

Se o Brasil quiser deixar de ser um eterno importador de lácteos e assumir seu protagonismo internacional, será preciso mais do que produtividade: será preciso competitividade real — do campo à indústria, da prateleira ao comércio exterior.

*Adaptado para eDairyNews, com informações de O Presente Rural

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