ESPMEXENGBRAIND
4 set 2025
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4 set 2025
🧾 Importações de leite em pó estão no centro do debate sobre dumping; segundo dados oficiais, representam ~4,4% da produção e atuam como válvula de segurança, não vilãs automáticas.
📰 Importações de leite em pó viraram alvo; dados oficiais mostram participação limitada e causas estruturais.
📰 Importações de leite em pó viraram alvo; dados oficiais mostram participação limitada e causas estruturais.

Importações de leite em pó entraram no centro do debate após reportagens e uma reunião ministerial que apontaram risco para os produtores; confrontamos o relato do Portal Tarobá com a resposta técnica publicada no eDairyNews e com dados oficiais.

O  Portal Tarobá em 4 de setembro de 2025, relatou que reunião entre Ministério da Indústria e Comércio, FPA e CNA discute suspeitas de dumping nas importações do Uruguai e da Argentina, além de citar posicionamentos políticos e uma moção aprovada pela Câmara Municipal de Quedas do Iguaçu (Paraná).

Segundo eles, deputados e representantes do setor alertaram para um possível impacto “devastador” sobre mais de 1 milhão de produtores, dos quais “cerca de 80%” seriam de agricultura familiar (conforme depoimento citado no artigo).

Os dados, no entanto, apresentam outro quadro. As importações de leite em pó têm papel complementar — especialmente em entressafra — : em 2023, as importações de leite em pó argentino e uruguaio representaram aproximadamente 4,4% do volume total de leite produzido no Brasil, segundo ComexStat e PPM/IBGE.

Vale lembrar que o preço médio pago ao produtor brasileiro em 2023 foi um dos maiores da América Latina (conforme dados citados pelo próprio texto) e que fatores climáticos e choque de custos explicam queda de produção em 2022, precedendo o aumento das importações.

Há, portanto, duas narrativas distintas: uma política e sensível a mobilizações locais, e outra técnica, apoiada em séries oficiais e em análise setorial .

O que os dados oficiais permitem afirmar com segurança? Primeiro, que a participação relativa das importações em 2023 foi pequena (~4,4%), insuficiente para, por si só, “tomar” o preço do produtor no mercado interno.

Segundo, que relatórios técnicos — como o Anuário do Leite 2024 da EMBRAPA — listam desafios estruturais do setor (baixa escala média, produtividade, custo de transporte, fragmentação da industrialização, entre outros) que explicam perda de competitividade independente do comércio internacional.

Outro ponto crítico: a diferença entre produtos. O leite em pó tem uso predominantemente industrial e baixa substitutibilidade com o leite in natura — argumento técnico relevante quando se avalia medida antidumping.

Já o Portal Tarobá enfatiza a preocupação política e a pressão do setor organizado (FPA, CNA), inclusive sobre uma interpretação técnica que poderia excluir leite em pó na comparação com leite líquido para efeitos de medida antidumping.

Não se deve, porém, minimizar a preocupação dos produtores: cancelamentos de mercados, decisões regulatórias e perda de confiança têm impacto real, sobretudo em regiões dependentes da atividade.

O que falta é contextualizar esses temores com dados oficiais e com uma análise das causas estruturais da queda de oferta que precedeu o aumento das importações.

Conclusão prática e cautelosa: a investigação do Ministério, precisa seguir regras técnicas claras — definindo critérios de comparabilidade entre produtos e quantificando efeitos de mercado — antes de qualquer medida restritiva.

Paralelamente, as medidas públicas que realmente atacam as fragilidades apontadas pela EMBRAPA (escala, produtividade, logística, investimentos em inovação e cooperativismo) são essenciais para fortalecer os produtores locais sem recorrer a explicações simplistas.

Decisões públicas devem combinar proteção legítima com análise técnica e impacto econômico, sempre à luz de dados oficiais.

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