O governo Bolsonaro começa a inverter a lógica no comércio exterior que praticamente sempre imperou no Brasil, a de "exportar mais, e importar menos".
Entrevista exclusiva com o secretário de comércio exterior do Ministério da Economia, Marcos Troyjo; Abaixo, acompanhe a palestra de Marcos Troyjo no LIDE de Agronegócios:

Marcos Prado Troyjo – Sec. Especial de Comércio Exterior do Ministério da Economia

O governo Bolsonaro começa a inverter a lógica no comércio exterior que praticamente sempre imperou no Brasil, a de “exportar mais, e importar menos”. Marcos Troyjo, secretário de comercio exterior do Ministério da Economia, diz, em entrevista exclusiva ao Notícias Agrícolas, que, cada vez mais o Brasil vai se abrir para o comércio exterior “comprando mais para vender mais”.

O foco não será nem a União Européia nem mesmo os Estados Unidos (“obviamente mercados importantes”). ” Os nossos novos negócios serão com os paises do Sudeste Asiático e com a Índia, “os novos ricos”. (Acompanhem a entrevista).

Os planos de Marcos Troyjo (considerado como um vice-ministro da Economia do Brasil, responsável pelo Comércio Exterior e Assuntos Internacionais), vão, inicialmente, provocar muitas reações em várias cadeias produtivas. A Agricutura, por exemplo, deverá sofrer fortes impactos. O café será estimulado a abrir importações para novas variedades, por exemplo, para conseguir vender mais qualidade (novos blends). No leite, o País se abrirá para importações mas deverá vender mais lacteos, com maior valor agregado.

“Nenhum País comprará mais se não conseguir fazer dinheiro vendendo, é a lógica”, explica o secretário. O Brasil é um dos países mais fechados para o comércio exterior. Vamos inverter a estratégia e fazer mais negócios. “Acordos bilaterais são importantes, mas o que nos interessa são os mercados mais ricos que precisam de nossos produtos, como o Sudeste Asiático e a Índia, Indonésia, Singapura”

Marcos Troyjo evita discorrer sobre problemas surgidos (pelas questões ambientais) com a União Européia. “Estamos na fase dos ajustes”, diz ele, negando que haja atrasos. Sobre acordo bilateral com os Estados Unidos, diz que é fundamental por ser o país mais rico do Mundo. “Mas vamos vender muito mais para quem precisa de nossos produtos, como é o caso do Sudeste Asiático, Coreia e Vietnâ, além da Índia.

Em palestra ao Lide Agro (entidade que congrega a maior parte do PIB do agronegocio brasileiro, reunido sexta-feira em Ribeirão Preto) o secretário de comercio exterior fez, no entanto, importante ressalva:

–“Antes de mais nada precisamos fazer um importante acordo interno com a nossa sociedade. Antes de tudo precisamos realizar as reformas fundamentais de nossa economia. Senão…”.

Há poucos dias a Ministra da Agricutura, Teresa Cristina, trouxe novos negócios do Oriente Médio, principalmente com a Arábia Saudita, para quem deveremos vender mais carne de frango congelado. O ministro da Infraestrutura, Tarsicio Freitas, está há 10 dias nos Estados Unidos e Europa buscando investidores para participarem de obras no Brasil.

Abaixo, veja na íntegra a palestra de Marcos Troyjo no LIDE de Agronegócios:

Brasil tem espaço para diversificar exportações para Oriente Médio, diz ministra Teresa Cristina

Em balanço sobre a viagem a quatro países árabes, Tereza Cristina ressaltou que Brasil precisa ampliar vendas de produtos de valor agregado, e não só commodities

A ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) disse que a missão realizada pelo Brasil ao Oriente Médio mostrou que nosso País  precisa diversificar a pauta exportadora.

Nos quatro países árabes que visitou – Egito, Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes Unidos, há mercado para o Brasil vender produtos com valor agregado. Tereza Cristina citou, como exemplo, o Kuwait onde a população consome produtos mais caros, por ter uma renda per capita média de US$ 40 mil.

De acordo com a ministra, 70% da carne de ave consumida nesses países são provenientes do Brasil. Agora, os produtores nacionais precisam levar itens diferenciados para a mesa dos árabes, como cortes especiais de carnes. “O Brasil vai ter que começar a pensar a exportar não só commodities, mas agregar valor”, disse a ministra.

“Temos que acompanhar as tendências que o mundo quer, o que os consumidores querem”, acrescentou.

Durante a viagem ao Oriente Médio, entre os dias 11 e 23 de setembro, os governos do Egito anunciaram a importação de lácteos brasileiros; da Arábia Saudita, de castanhas, derivados de ovos e a ampliação do acesso a frutas e do Kuwait, de mel.

Segundo a ministra, os países demonstraram interesse em investir no agro brasileiro e em obras de logística, como rodovias e ferrovias. Outro pedido foi a realização de parcerias com a Embrapa para intercâmbio de experiências tecnológicas. Uma delas prevê o envio de 10 mil cabras para o Egito, medida que pode beneficiar o Nordeste brasileiro, onde há um centro avançado de pesquisas sobre caprinos e ovinos, localizado em Sobral (CE).

 Tereza Cristina voltou a criticar o protecionismo adotado pelos países ricos, como a imposição de altas tarifas e barreiras sanitárias e comerciais. “São ferramentas usadas pelos os países, que estão acostumados a ter esse mercados, e ficam incomodados com o protagonismo, principalmente do Brasil, na agropecuária. Essa é a crítica para que se melhore esse ambiente, pois o mundo precisa de muitos alimentos”.

Coreia do Sul é fonte de inspiração para o Brasil, diz chanceler Ernesto Araújo

“A Coreia do Sul é fonte de inspiração permanente para o Brasil”, disse o chanceler brasileiro Ernesto Araújo, ao participar da celebração da passagem dos 60 anos de relações diplomáticas entre os dois países. Ele afirmou que a inspiração brasileira se deve sobretudo ao brilhante desempenho coreano em dois quesitos: inovação tecnológica e educação.

De acordo com Araújo, este mês as duas nações realizam mais uma rodada de negociações visando a conclusão de um Acordo de Livre Comércio entre o Mercosul e aquele país asiático. Segundo ele, a percepção do mercado de que o acordo é iminente já está trazendo resultados concretos para o Brasil, por meio da sinalização de empresas coreanas de que haverá aumento de investimentos no Brasil.

O embaixador coreano no Brasil, Chan-Woo Kim disse acreditar que o acordo Mercosul-Coreia deverá ser fechado em meados de 2020. O vice-ministro de Assuntos Econômicos da Coreia do Sul, Yun Kang-hyeon lembrou que a República da Coreia é o país líder em tecnologias avançadas como semicondutores e TI (tecnologia da informação). Ele observou também que a Coreia foi o primeiro país a lançar o serviço comercial de 5G no mundo.

O Vice-ministro de Assuntos Econômicos do Ministério das Relações Exteriores da Coreia, Yun Kang Hyeon, durante debate sobre os 60 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Coreia do Sul. – José Cruz/Agência Brasil

“Considerando que o Brasil é detentor de competitiva vantagem tecnológica na agricultura, na indústria da aviação e na ciência espacial, acredito que nossos dois países poderão lograr uma cooperação de mútuo benefício”, disse.

Para ele, essa cooperação levará os dois países a se prepararem para a próxima etapa tecnológica, também conhecida como a quarta revolução industrial.  “Nesse sentido, temos uma boa oportunidade para se dar um poderoso impulso e promover, entre os dois países, uma relação orientada para o futuro”.

O ministro, Ernesto de Araújo, e o Vice-ministro de Assuntos Econômicos do Ministério das Relações Exteriores da Coreia, Yun Kang Hyeon – José Cruz/Agência Brasil

Por seu desempenho tecnológico e por sua poderosa indústria, a República da Coreia ocupa hoje a quinta posição no ranking das importações brasileiras. De janeiro a julho deste ano, o Brasil importou US$ 2,86 bilhões do país asiático. Já as exportações atingiram US$ 1,73 bilhões. Com isso, o comércio bilateral apresenta um déficit de US$ 1,12 bilhão para o Brasil. Já no ranking das exportações, a Coreia do Sul ocupa a 16ª posição.

Mercosul

Ao falar sobre os recentes acordos assinados pelo Mercosul com a União Europeia e com o EFTA (bloco de países compostos por Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça), o chanceler Ernesto Araújo disse que o Brasil está muito empenhado em “reconstruir sua presença no mundo”.

Segundo ele, a presença brasileira no mundo foi abalada por um longo período de estagnação. “Não foi simplesmente estagnação econômica, foi também de ideias e de autoconfiança”, disse. Para ele, o Brasil já venceu essa inércia e essa timidez. “A Coreia deve ser um parceiro fundamental para comércio e investimentos nessa nova reinserção internacional”, disse o ministro Ernesto Araújo.

Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

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