Previsão é de avanço de 2,5% na produção de alimentos, mas as exportações poderão aumentar até 10%, colocando o país em segundo lugar mundial em termos de volume.
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A Associação Brasileira de Alimentos (Abia) informa que o Brasil está na posição de segundo maior exportador mundial em volume e o quinto em receita.
Indústria brasileira de alimentos | Depois de um faturamento histórico de R$ 1,075 trilhão e um incremento de 2,5% na produção física em 2022, a indústria brasileira de alimentos espera para este ano um crescimento semelhante, entre 2% e 2,5% na produção, resultado que deve se aproximar da expansão esperada para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e mundial.

A Associação Brasileira de Alimentos (Abia) informa que as exportações de alimentos industrializados também devem mostrar desempenho positivo e crescer entre 5% e 10%, colocando o Brasil na posição de segundo maior exportador mundial em volume e o quinto em receita.

No ano passado, números da entidade mostram que as vendas externas cresceram 30% em valor em relação às de 2021, com receita de R$ 304,4 bilhões. “Este ano, a expansão em dólares será mais moderada, pela tendência de desaceleração nos preços das principais commodities agroindustriais exportadas para o mercado internacional”, diz João Dornellas, presidente da Abia.

Segundo ele, o açúcar tende a apresentar maior expansão em termos de valor entre os principais produtos da pauta de exportação de alimentos industrializados, impulsionados pela redução da safra indiana, segundo produtor mundial.

Nessa onda de expansão dos alimentos industrializados, o segmento de biscoitos, massas alimentícias, pães e bolos calcula que suas vendas devam crescer entre 3% e 5% neste ano. Claudio Zanão, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), lembra que o segmento movimentou mais de R$ 65 bilhões em 2022, quase 25% a mais em comparação a 2021. Já a produção superou os 5 milhões de toneladas no ano passado. Para 2023, as estimativas tanto de receita quanto de produção devem sair só em agosto.

Fábrica da Ajinomoto, em Limeira (SP), empresa que estima um crescimento de 12% — Foto: Divulgação
Fábrica da Ajinomoto, em Limeira (SP), empresa que estima um crescimento de 12% — Foto: Divulgação

Zanão afirma que esses alimentos fazem parte da cultura alimentar do brasileiro e estão dentro da cesta básica. Isso, segundo ele, permite esperar um desenvolvimento perene do segmento como um todo, tendo em vista as inovações de mercado que acompanham as tendências de consumo e os novos hábitos do consumidor.

Sobre as exportações, embora não fale em números, o executivo diz que historicamente biscoitos em geral têm impulsionado o desempenho dos envios para fora do país. “Desde a pandemia, tivemos um incremento importante das exportações de massas instantâneas, principalmente para a América do Sul, por sua praticidade, versatilidade e diversidade”, diz.

No mercado interno, a demanda de alimentos industrializados tem acompanhado a dinâmica do emprego e da renda, segundo a Abia. Mas, apesar de ainda estar positiva, apresentou tendência de desaceleração no primeiro semestre deste ano. “A redução da taxa de inflação, inclusive a de alimentos, contribui para minimizar a perda de poder aquisitivo da população, além de viabilizar o início de um ciclo de redução na taxa básica de juros, o que contribuirá para a retomada do ritmo de crescimento da economia no segundo semestre”, avalia Dornellas.

Para a Ajinomoto do Brasil, o consumo doméstico começou a se recuperar depois dos impactos da pandemia, e a tendência deve se acelerar mais neste ano. Esse cenário faz a empresa projetar uma expansão de 12% na sua divisão de alimentos industrializados, alavancada pela demanda e por lançamentos recentes.

De janeiro a maio deste ano, as vendas da Ajinomoto cresceram 6%, taxa menor que a projetada para 2023. Mas, segundo Shigeo Nakamura, presidente da empresa, o resultado está dentro do planejado, porque em igual período de 2022 houve uma expansão significativa nas vendas. “Quando incluímos junho, já atingimos os dois dígitos”, diz o executivo.

Nakamura explica que duas frentes têm acelerado o desempenho das vendas da Ajinomoto. Primeiro, o aumento do consumo fora do lar e algumas mudanças de comportamento no consumo dos domicílios.
A outra alavanca de expansão é atribuída ao aumento das compras on-line, tanto para o cliente/consumidor final como para os supermercadistas. “Trata-se de uma frente na qual estamos apostando”, explica Nakamura. Segundo ele, a linha de produtos para os serviços de alimentação fora do lar tem crescido por meio de serviços e parcerias com clientes, além de lançamentos de produtos inovadores.

No segmento de consumo nos lares, a Ajinomoto diz ter aumentado sua busca por saudabilidade e soluções que ajudem a contornar período de restrição de renda. “Novos itens com redução de sódio ou fontes de proteínas têm alavancado o crescimento, além de produtos à base de vegetais, tendência que também está relacionada com a sustentabilidade”, diz.

 

Sobre custos de produção, Nakamura afirma que, no último ano, a empresa enfrentou aumentos significativos, principalmente por causa do incremento nos preços dos materiais e dos custos logísticos.

“Essa situação foi influenciada por fatores como a inflação, flutuações na taxa de câmbio e até mesmo conflitos como a guerra na Ucrânia. No entanto, adotamos uma abordagem proativa e aproveitamos essa oportunidade para implementar estratégias que minimizaram o impacto desses custos para nossos clientes e consumidores”, diz Nakamura.

Segundo ele, estratégias como a prospecção de fornecedores com preços mais atrativos, otimização da linha produtiva, uso de inteligência artificial e impressão 3D, além da melhoria na comunicação com a cadeia de valor, permitiram garantir um fornecimento contínuo e competitivo, ao mesmo tempo em que minimizou custos para clientes e consumidores.

A Unilever Brasil, que não informa projeções relacionadas a vendas e faturamento de suas operações, principalmente em período de divulgação de resultados, relata que os insumos aumentaram consideravelmente nos últimos três anos, impactando a indústria de forma geral. “Tratam-se de circunstâncias mercadológicas nas quais estamos inseridos e com as quais precisamos lidar”, aponta Rodrigo Visentini, líder de nutrição e marketing da Unilever Brasil.

Para ele, essa questão não está restrita apenas ao Brasil, mas ao mundo todo. “Na Unilever, lidamos com esse desafio a partir de um sistema de controle de custos eficiente, também apoiados pela tecnologia e inovação, essenciais para manter nosso crescimento de forma sustentável, fazendo movimentos nos momentos certos e em sintonia com a indústria e o varejo”, explica.

Visentini avalia ainda que o conhecimento dos desejos e necessidades do consumidor, combinados à agilidade de resposta à demanda, são essenciais para o crescimento das marcas da Unilever.

“Diante disso, contamos com um alto investimento em pesquisa com o consumidor, e trabalhamos constantemente para tornar nossos processos de inovação cada vez mais rápidos e eficientes”, afirma. Para ele, o resultado desse movimento são inovações que antes levavam mais de um ano desde a identificação da demanda até a chegada do produto à prateleira. Hoje, são viabilizadas em três ou quatro meses.

Outro ponto considerado importante por Visentini é o acompanhamento de perto dessas inovações, contando com a tecnologia como aliada. “O Data Hub, nossa ferramenta de coleta de dados de mercado, nos permite entender de modo assertivo a aceitação e a demanda sobre os nossos produtos, possibilitando correções de rota, se necessário, de forma muito mais ágil”, diz ele.

Em relação ao emprego no setor, a Abia estima para este ano um crescimento no patamar de 0,5% a 1%, com a geração de 10 mil a 20 mil novos postos de trabalho formais e diretos e entre 50 mil e 100 mil na cadeia produtiva como um todo, somando os empregos diretos e indiretos.

Já a Abimapi diz que um levantamento elaborado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) exclusivamente para a entidade em 2022 constatou que o segmento é responsável por mais de R$ 18 bilhões de renda do trabalho anualmente. A categoria emprega mais de 260 mil trabalhadores. “Esses números indicam o potencial que o setor possui na geração de empregos, renda, arrecadação e produtividade do país”, diz Zanão.

A Ajinomoto avalia que o país está em meio a um cenário econômico desafiador e dinâmico, e a empresa projeta manter suas operações de forma estável e responsável. “Nossas projeções otimistas baseiam-se em uma série de fatores, incluindo a solidez de nossa equipe, a rápida adaptação estratégica ao mercado e, acima de tudo, nosso compromisso em investir na capacitação das pessoas”, diz Nakamura.

Para ele, a estabilidade na empresa não se limita somente aos recursos humanos, mas também se estende às estruturas de negócios, produção, de desenvolvimento, financeira e operacional. “Temos mantido um gerenciamento responsável, focado em eficiência e otimização dos processos internos, o que nos permite manter uma posição financeira sólida mesmo em tempos incertos”, afirma.

 

 

 

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