Sobre as exportações, embora não fale em números, o executivo diz que historicamente biscoitos em geral têm impulsionado o desempenho dos envios para fora do país. “Desde a pandemia, tivemos um incremento importante das exportações de massas instantâneas, principalmente para a América do Sul, por sua praticidade, versatilidade e diversidade”, diz.
No mercado interno, a demanda de alimentos industrializados tem acompanhado a dinâmica do emprego e da renda, segundo a Abia. Mas, apesar de ainda estar positiva, apresentou tendência de desaceleração no primeiro semestre deste ano. “A redução da taxa de inflação, inclusive a de alimentos, contribui para minimizar a perda de poder aquisitivo da população, além de viabilizar o início de um ciclo de redução na taxa básica de juros, o que contribuirá para a retomada do ritmo de crescimento da economia no segundo semestre”, avalia Dornellas.
Para a Ajinomoto do Brasil, o consumo doméstico começou a se recuperar depois dos impactos da pandemia, e a tendência deve se acelerar mais neste ano. Esse cenário faz a empresa projetar uma expansão de 12% na sua divisão de alimentos industrializados, alavancada pela demanda e por lançamentos recentes.
De janeiro a maio deste ano, as vendas da Ajinomoto cresceram 6%, taxa menor que a projetada para 2023. Mas, segundo Shigeo Nakamura, presidente da empresa, o resultado está dentro do planejado, porque em igual período de 2022 houve uma expansão significativa nas vendas. “Quando incluímos junho, já atingimos os dois dígitos”, diz o executivo.
Nakamura explica que duas frentes têm acelerado o desempenho das vendas da Ajinomoto. Primeiro, o aumento do consumo fora do lar e algumas mudanças de comportamento no consumo dos domicílios.
A outra alavanca de expansão é atribuída ao aumento das compras on-line, tanto para o cliente/consumidor final como para os supermercadistas. “Trata-se de uma frente na qual estamos apostando”, explica Nakamura. Segundo ele, a linha de produtos para os serviços de alimentação fora do lar tem crescido por meio de serviços e parcerias com clientes, além de lançamentos de produtos inovadores.
No segmento de consumo nos lares, a Ajinomoto diz ter aumentado sua busca por saudabilidade e soluções que ajudem a contornar período de restrição de renda. “Novos itens com redução de sódio ou fontes de proteínas têm alavancado o crescimento, além de produtos à base de vegetais, tendência que também está relacionada com a sustentabilidade”, diz.
Sobre custos de produção, Nakamura afirma que, no último ano, a empresa enfrentou aumentos significativos, principalmente por causa do incremento nos preços dos materiais e dos custos logísticos.
“Essa situação foi influenciada por fatores como a inflação, flutuações na taxa de câmbio e até mesmo conflitos como a guerra na Ucrânia. No entanto, adotamos uma abordagem proativa e aproveitamos essa oportunidade para implementar estratégias que minimizaram o impacto desses custos para nossos clientes e consumidores”, diz Nakamura.
Segundo ele, estratégias como a prospecção de fornecedores com preços mais atrativos, otimização da linha produtiva, uso de inteligência artificial e impressão 3D, além da melhoria na comunicação com a cadeia de valor, permitiram garantir um fornecimento contínuo e competitivo, ao mesmo tempo em que minimizou custos para clientes e consumidores.
A Unilever Brasil, que não informa projeções relacionadas a vendas e faturamento de suas operações, principalmente em período de divulgação de resultados, relata que os insumos aumentaram consideravelmente nos últimos três anos, impactando a indústria de forma geral. “Tratam-se de circunstâncias mercadológicas nas quais estamos inseridos e com as quais precisamos lidar”, aponta Rodrigo Visentini, líder de nutrição e marketing da Unilever Brasil.
Para ele, essa questão não está restrita apenas ao Brasil, mas ao mundo todo. “Na Unilever, lidamos com esse desafio a partir de um sistema de controle de custos eficiente, também apoiados pela tecnologia e inovação, essenciais para manter nosso crescimento de forma sustentável, fazendo movimentos nos momentos certos e em sintonia com a indústria e o varejo”, explica.
Visentini avalia ainda que o conhecimento dos desejos e necessidades do consumidor, combinados à agilidade de resposta à demanda, são essenciais para o crescimento das marcas da Unilever.
“Diante disso, contamos com um alto investimento em pesquisa com o consumidor, e trabalhamos constantemente para tornar nossos processos de inovação cada vez mais rápidos e eficientes”, afirma. Para ele, o resultado desse movimento são inovações que antes levavam mais de um ano desde a identificação da demanda até a chegada do produto à prateleira. Hoje, são viabilizadas em três ou quatro meses.
Outro ponto considerado importante por Visentini é o acompanhamento de perto dessas inovações, contando com a tecnologia como aliada. “O Data Hub, nossa ferramenta de coleta de dados de mercado, nos permite entender de modo assertivo a aceitação e a demanda sobre os nossos produtos, possibilitando correções de rota, se necessário, de forma muito mais ágil”, diz ele.
Em relação ao emprego no setor, a Abia estima para este ano um crescimento no patamar de 0,5% a 1%, com a geração de 10 mil a 20 mil novos postos de trabalho formais e diretos e entre 50 mil e 100 mil na cadeia produtiva como um todo, somando os empregos diretos e indiretos.
Já a Abimapi diz que um levantamento elaborado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) exclusivamente para a entidade em 2022 constatou que o segmento é responsável por mais de R$ 18 bilhões de renda do trabalho anualmente. A categoria emprega mais de 260 mil trabalhadores. “Esses números indicam o potencial que o setor possui na geração de empregos, renda, arrecadação e produtividade do país”, diz Zanão.
A Ajinomoto avalia que o país está em meio a um cenário econômico desafiador e dinâmico, e a empresa projeta manter suas operações de forma estável e responsável. “Nossas projeções otimistas baseiam-se em uma série de fatores, incluindo a solidez de nossa equipe, a rápida adaptação estratégica ao mercado e, acima de tudo, nosso compromisso em investir na capacitação das pessoas”, diz Nakamura.
Para ele, a estabilidade na empresa não se limita somente aos recursos humanos, mas também se estende às estruturas de negócios, produção, de desenvolvimento, financeira e operacional. “Temos mantido um gerenciamento responsável, focado em eficiência e otimização dos processos internos, o que nos permite manter uma posição financeira sólida mesmo em tempos incertos”, afirma.
Aceda aos nossos melhores artigos aqui 👉Destaques – eDairyNews-BR🐮🥛✨
