A produção de leite no mundo segue concentrada nas mãos de poucos países, e a Índia, mais uma vez em 2025, lidera com ampla vantagem.
O país asiático produz sozinho cerca de um quarto de todo o leite do planeta, superando os 239 milhões de toneladas anuais e consolidando sua posição como maior produtor mundial.
No cenário global, o Brasil alcança um novo recorde histórico e entra no Top 5, mas ainda opera abaixo do seu potencial produtivo.
Segundo os dados mais recentes, o ranking de produção de leite em 2025 é liderado por Índia, Estados Unidos, Paquistão, China e Brasil:
- Índia – 239 milhões de toneladas
- Estados Unidos – 102 milhões de toneladas
- Paquistão – 62 milhões de toneladas
- China – 40 milhões de toneladas
- Brasil – 35 milhões de toneladas
Potência tropical em crescimento
A entrada do Brasil entre os cinco maiores produtores de leite do mundo evidencia o avanço da pecuária leiteira nacional.
O país atingiu 35 milhões de toneladas anuais, número que marca um recorde histórico e reflete investimentos em genética adaptada ao clima tropical, melhoria no manejo e nutrição animal.
A raça Girolando, desenvolvida para se adaptar ao clima brasileiro, tem desempenhado papel central nesse crescimento.
Criada a partir do cruzamento entre o gado Gir (zebuíno) e o Holandês (taurino), ela une rusticidade, resistência ao calor e alta capacidade leiteira.
Essa genética tem garantido resultados notáveis, inclusive em recordes de produção por vaca.
Vacas brasileiras entre as mais produtivas do mundo
Em 2020, a vaca Marília FIV Teatro de Naylo, da raça Girolando, entrou para o Guinness World Records ao produzir impressionantes 127,6 litros de leite em 24 horas, superando a lendária Ubre Blanca, vaca cubana que detinha o recorde desde 1982 com 121,6 litros.
Três anos depois, o Brasil voltou a surpreender: a vaca Poesia, também Girolando, atingiu a marca de 144,2 litros de leite em um único dia durante um torneio leiteiro em Minas Gerais.
O feito, embora ainda aguarde homologação oficial, é reconhecido como a maior produção diária já registrada.
Esses números reforçam o potencial genético e técnico da pecuária leiteira brasileira, destacando o país não apenas em volume total, mas também em produtividade individual.
Os desafios que ainda freiam o Brasil
Apesar dos avanços, a produção brasileira de leite ainda enfrenta importantes gargalos estruturais que impedem o país de alcançar patamares mais altos no mercado global:
- Baixa produtividade média por vaca – Em muitas propriedades, a produção ainda é inferior a 10 litros/dia por animal, reflexo de genética limitada e manejo deficiente.
- Falta de assistência técnica – Pequenos e médios produtores têm pouco acesso a profissionais especializados.
- Alto custo de produção – Alimentação, energia e insumos pesam no orçamento do produtor.
- Infraestrutura precária – Estradas ruins, logística ineficiente e armazenamento inadequado comprometem o escoamento.
- Baixa adoção de tecnologia – O uso de ordenhadeiras eficientes, resfriamento adequado e softwares de gestão ainda é limitado.
- Oscilação nos preços pagos ao produtor – A instabilidade desestimula investimentos de longo prazo.
- Concorrência internacional – Países com menores custos de produção pressionam os preços no mercado interno e externo.
Caminho para o futuro: produtividade com sustentabilidade
Para manter-se competitivo, o Brasil precisa aumentar sua produtividade de forma sustentável, atendendo às exigências do consumidor moderno e dos mercados internacionais, que valorizam não apenas volume, mas também qualidade do leite, bem-estar animal e responsabilidade ambiental.
O avanço da pecuária leiteira depende de políticas públicas eficazes, maior acesso à tecnologia e valorização do produtor rural.
O Brasil tem clima favorável, disponibilidade de terras e conhecimento técnico. Falta integrar melhor esses ativos para transformar potencial em resultados consistentes.
A entrada no Top 5 mundial é motivo de comemoração, mas também um sinal de alerta: é hora de profissionalizar, inovar e tornar o leite brasileiro ainda mais competitivo no cenário global.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de CompreRural