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19 nov 2025
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A visita técnica da Indonésia ao Uruguai pode reposicionar o país sul-americano num mercado dominado por NZ, UE e EUA 🚢
Auditoria da Indonésia avalia requisitos sanitários do Uruguai e adiciona pressão à disputa global pelo leite em pó. 🥛
Auditoria da Indonésia avalia requisitos sanitários do Uruguai e adiciona pressão à disputa global pelo leite em pó 🥛

Indonésia iniciou uma auditoria técnica em plantas lácteas do Uruguai, um movimento que pode reposicionar o país sul-americano na disputa por um dos mercados mais relevantes da Ásia.

A informação foi relatada por fontes ligadas ao setor exportador uruguaio, que confirmam a presença da missão sanitária por uma semana no país, com visitas distribuídas entre diferentes unidades industriais.

A avaliação conduzida pelos auditores asiáticos não é uma formalidade. O processo, segundo relatado por técnicos envolvidos na recepção da delegação, é considerado “longo, detalhado e extremamente criterioso”.

A habilitação depende de um parecer minucioso que será elevado às autoridades sanitárias da Indonésia, que nos últimos anos vêm reforçando exigências e controles para todos os países fornecedores.

A relevância desse movimento não passa despercebida pelos atores globais. Em 2024, as importações de lácteos da Indonésia rondaram cerca de 700 mil toneladas, segundo dados divulgados por analistas setoriais.

No pódio dos principais abastecedores aparecem Nova Zelândia, União Europeia e Estados Unidos — três players capazes de operar com escala, regularidade e forte poder logístico.

Entrar nessa lista não é simples, mas o interesse dos indonésios em auditar o Uruguai indica que há espaço para diversificação de origens, especialmente em leite em pó descremado, o principal produto comprado pelo país asiático.

Para o Uruguai, a auditoria é uma oportunidade estratégica. A indústria local consolidou um histórico de padrões sanitários elevados, com rastreabilidade, controle oficial robusto e uma articulação eficiente entre setor privado e serviços veterinários.

Esse perfil, considerado um diferencial competitivo por analistas internacionais, tem permitido ao país avançar sobre nichos e mercados tradicionais de lácteos. Uma eventual habilitação pela Indonésia acrescentaria um destino de grande escala e relevância geoeconômica ao portfólio uruguaio.

A presença da missão asiática também se soma a um calendário intenso de avaliações externas. Antes do fim do ano, outras duas auditorias de rotina — uma do México e outra do Chile — devem ocorrer em plantas já habilitadas para exportação.

Embora sejam inspeções periódicas, elas reforçam um ponto estratégico: o sistema uruguaio mantém-se alinhado às exigências internacionais e busca garantir a continuidade e expansão das vendas externas, mesmo diante de um comércio global extremamente competitivo.

Analistas consultados interpretam a visita da Indonésia como um sinal de renovação no mapa de abastecimento asiático. A região vive uma disputa crescente entre grandes exportadores, sobretudo pela oferta de leite em pó descremado, ingrediente central para a indústria alimentícia, o canal foodservice e programas governamentais de nutrição.

Se o Uruguai conseguir habilitação, ainda que comece com volumes moderados, poderá ampliar sua presença ao longo dos próximos anos e diversificar riscos geográficos.

Essa dinâmica é especialmente relevante diante das flutuações de preços internacionais, das variações cambiais e das oscilações de demanda chinesa, fatores que têm pressionado margens e exigido maior diversificação dos países exportadores.

Além disso, conquistar a habilitação em um mercado com exigências sanitárias elevadas tende a fortalecer a percepção internacional de qualidade do leite uruguaio.

Essa credibilidade funciona como “selo implícito” para negociações com outros países que buscam fornecedores confiáveis, especialmente na Ásia e no Oriente Médio, regiões que pretendem reduzir dependências de poucos players e ampliar a segurança alimentar.

Para o Brasil, principal vizinho e parceiro comercial regional, o movimento também merece atenção. A abertura de novas portas para o Uruguai altera o fluxo potencial de produtos no Mercosul e pode influenciar a dinâmica competitiva no segmento de leite em pó, um dos mais sensíveis para a indústria brasileira.

A eventual entrada do Uruguai na Indonésia tende a reforçar o posicionamento exportador uruguaio e criar novas referências de preço para o mercado regional.

Por ora, a missão segue em andamento. O relatório final dos auditores deve ser elaborado após a conclusão das visitas e enviado às autoridades da Indonésia, responsáveis por decidir se o Uruguai avança para a etapa de habilitação formal.

Até lá, o setor uruguaio acompanha cada detalhe com expectativa — e com a consciência de que, na arena global, cada nova abertura pode redefinir a geografia do leite.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Blasina y Asociados

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