BRASÍLIA – Um dos setores considerados essenciais para manter os supermercados abastecidos durante o período de isolamento da população, a indústria do leite já começou a enfrentar dificuldades para manter o mesmo nível de produção diante da pandemia do coronavírus.
Segundo representantes do setor, os problemas se devem à insegurança jurídica provocada por medidas divergentes a nível municipal, estadual e federal, ao aumento dos custos devido à alta do dólar e aos cuidados redobrados de higiene e ao período de entressafra que começa no mês de março.
Os dados do setor contabilizam 1,35 milhão de produtores de leite no Brasil, que abastecem as indústrias responsáveis por tratar, embalar e distribuir o produto pelo país. Em 2018, foram produzidos 33 bilhões de litros de leite.
Segundo Alexandre Guerra, presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat), terceiro maior Estado produtor, as indústrias estão redobrando os cuidados de segurança para permitir que a produção não seja interrompida e ao mesmo tempo manter os funcionários protegidos contra o coronavírus. Mas, afirma Guerra, diversos fatores tem provocado uma insegurança para o setor.
– O dólar a R$ 5 aumentou o custo de produção, porque toda parte de fertilizantes e insumos aumentou de preço. Além desse câmbio elevado que aumenta os custos, estamos em período de menor produção, de estiagem, e agora vem o coronavírus, que, queira ou não queira, gera custos e incertezas – afirmou.
Guerra afirma que a indústria reduziu a produção destinada a restaurantes para focar nos produtos que irão abastecer os supermercados, mas restrições de funcionamento e de circulação determinadas de forma divergente por governos municipal, estadual e federal têm provocado a necessidade de reavaliar o cenário diariamente.
– O nosso maior desafio agora é permitir que as pessoas continuem trabalhando e se sintam seguras. Há municípios que tiraram transporte público, nós colocamos transporte próprio. Onde tínhamos um ônibus, nós colocamos três para as pessoas ficarem com mais espaço entre elas. Nossa indústria não pode parar – disse o presidente do sindicato.