Abalado por um cenário econômico globalizado, em que o dólar e a valorização internacional das commodities ditaram as regras de preços de insumos dentro do Brasil, o setor lácteo enfrenta em 2021 uma crise sem precedentes. O impacto é realidade nas indústrias e nas propriedades rurais e agravou-se nos últimos meses com o tradicional período de safra na região Sul, quando se verifica aumento de produção e redução de preços. “As indústrias estão operando com margem negativa, pressionadas pelo preço da matéria-prima e a forte alta nos insumos de produção, tais como diesel e embalagens plásticas, de alumínio e acartonadas. Os custos de produção no campo também sofrem com o cenário, que ainda atinge, sob outra ótica, boa parte da população que teve seu poder de compra minimizado pela inflação”, frisou o secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat), Darlan Palharini.
Olhar o cenário do leite hoje exige cautela. “Não há um culpado pelo problema estabelecido. O que precisamos, neste momento, é encontrar uma resolução”, argumentou. Ao lado dos produtores, o Sindilat busca junto às autoridades medidas protetivas que ajudem, ao menos momentaneamente, a atravessar esse período crítico para toda cadeia produtiva. Uma das demandas que deve ser levada à Brasília em breve, é a adoção de ferramentas de compras governamentais que ajudem a reaquecer o mercado. Unido, o setor também reivindica ações que permitam suavizar os custos de produção e melhorar a competitividade do produto gaúcho no cenário nacional. “O leite é um setor estratégico para a nutrição da população e para a capilaridade de renda no campo. É hora de adotarmos uma política nacional de valorização do leite e que viabilize que nossa produção seja competitiva e rentável novamente”.