O inverno aquece vendas no Brasil, transformando hábitos de consumo e abrindo espaço para que supermercados e indústrias explorem a sazonalidade com lançamentos, reforço de estoques e campanhas estratégicas.
Entre prateleiras recheadas de chocolates, vinhos, queijos e sopas, o varejo alimentar aproveita a estação mais fria do ano para ampliar mix de produtos e atrair clientes.
Segundo dados da Nielsen, o inverno de 2024 representou 56,3% das vendas da categoria de chás para infusão no país, evidenciando o potencial comercial da estação.
Para atender essa demanda, marcas como a Leão investem pesado: foram mais de R$ 50 milhões em tecnologia fabril, resultando no lançamento de 11 novos produtos em 2025, alguns com ingredientes típicos de inverno, como camomila, baunilha e mel.
Fabio Moreno, head Comercial da Leão, destaca que a empresa combina inovação e estratégias no ponto de venda para ampliar o consumo e reforçar seu posicionamento no mercado.
Queijos, chocolates e indulgência no frio
A Tirolez aposta em queijos especiais como brie, azul, parmesão e fondues para inspirar momentos de aconchego e harmonização.
Maria Flávia Calió, gerente de produto, inovação e inteligência de mercado, explica que a marca promove conteúdos e ativações para incentivar o consumo em receitas de inverno.
No setor de chocolates, a Neugebauer — com mais de 130 anos de história — registra crescimento acima de dois dígitos.
Ricardo Vontobel, presidente da companhia, relata que as vendas de doce de leite aumentaram mais de 20% no período pós-Páscoa, impulsionadas pelo clima frio no Sul e Sudeste.
A Mococa, segundo dados da Scanntech, detém 40% de participação na categoria mistura láctea condensada e 70% em mistura de creme de leite.
Michelle Oliveira, gerente de Marketing, aponta que produtos como creme de leite, leite condensado e manteiga ganham protagonismo nas receitas quentes e cremosas que o inverno pede.
Sabores salgados e defumados
Na Pamplona Alimentos, cortes suínos, defumados e kits prontos para feijoada e caldos registram aumento médio de 15% nas vendas durante o inverno, especialmente no Sul e Sudeste.
Cleiton Pamplona Peters, diretor comercial de mercado interno, explica que a empresa reforça estoques desde o outono, com embalagens práticas e porções adaptadas para diferentes perfis de consumo.
Massas e conveniência no prato
Massas também ganham protagonismo no frio. A Barilla ampliou a linha sem glúten e lançou a massa “Pasta Love” no formato de corações, alinhada a campanhas como o Dia dos Namorados.
Segundo Fabiana Araújo, gerente de Marketing, o inverno — especialmente junho e julho — é o período de melhor desempenho da marca, com vendas de sopas chegando a dobrar.
O Grupo Trigo, que atingiu 1.000 pontos de venda no país, confirma o aumento no consumo de raviólis e gnocchis no inverno.
Rodolfo Dana, diretor de Suprimentos, destaca que a degustação no ponto de venda é uma das principais estratégias para conquistar o consumidor.
Dados do mercado reforçam o potencial
A consultoria Euromonitor aponta que o consumo de chá no Brasil cresceu 25% entre 2013 e 2020, quase o dobro da média mundial. Já dados da Scanntech mostram que, entre junho e agosto de 2024, a cesta de produtos de inverno cresceu 3,1% em unidades e 8,1% em faturamento, superando o desempenho médio das cestas anuais.
Segundo a ABIA (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos), sopas e caldos registram alta de 20% no consumo nessa estação.
Com estratégias bem definidas e um portfólio adaptado à sazonalidade, supermercados e indústrias demonstram que o inverno vai muito além de aquecer o corpo: ele aquece negócios e movimenta toda a cadeia do varejo alimentar brasileiro.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de SuperVarejo