O consumo de iogurte tem sido associado a uma série de benefícios à saúde, incluindo a redução do risco de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
Agora, evidências de dois grandes estudos prospectivos nos Estados Unidos sugerem que a ingestão regular desse alimento pode também estar relacionada à menor incidência de câncer colorretal positivo para Bifidobacterium, uma bactéria probiótica presente no tecido tumoral de alguns pacientes.
Probióticos, microbiota e prevenção do câncer
O estudo avaliou mais de 132 mil participantes, acompanhados por mais de 3 milhões de pessoas-ano, identificando 3.079 casos incidentes de câncer colorretal. Em 1.121 casos analisados, 31% apresentaram presença de Bifidobacterium no tecido tumoral.
Pesquisadores destacam que cepas probióticas, como as Bifidobacterium presentes no iogurte, podem exercer efeitos supressores de tumor, modulando a microbiota intestinal, fortalecendo a barreira intestinal e inibindo micro-organismos nocivos. Além disso, a produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) pelas Bifidobacterium teria propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e estimuladoras do sistema imune.
Associação entre consumo de iogurte e tipos de câncer colorretal
Os resultados apontaram que a relação entre o consumo de iogurte e a incidência de câncer variou conforme a presença de Bifidobacterium no tecido tumoral.
Foi observada uma associação significativa entre a ingestão frequente de iogurte e a menor incidência de câncer de cólon proximal positivo para Bifidobacterium. No entanto, não houve relação significativa com tumores negativos para essa bactéria.
O colon proximal é um local onde ocorre a conversão de ácidos biliares primários em secundários, um processo que afeta a composição da microbiota. Estudos sugerem que Bifidobacterium pode degradar esses ácidos biliares, o que ajudaria a prevenir alterações inflamatórias e tumorais.
Fatores de estilo de vida e limitações do estudo
Os participantes que consumiam mais iogurte também apresentaram hábitos de vida mais saudáveis, como maior ingestão de cálcio, vitamina D e folato, prática de atividade física e menor consumo de carne vermelha processada. Apesar dos ajustes estatísticos, essas variáveis podem influenciar os resultados.
Outra limitação importante foi o uso de questionários alimentares autodeclarados e a análise restrita à presença de Bifidobacterium no tecido tumoral, sem considerar outras cepas probióticas como Lactobacillus, também presentes no iogurte.
O que isso significa para o consumidor?
Embora os pesquisadores não tenham encontrado uma associação geral entre o consumo de iogurte e a redução de todos os tipos de câncer colorretal, os dados reforçam a hipótese de que o iogurte, por meio de seus probióticos, pode desempenhar um papel protetor contra o câncer de cólon proximal positivo para Bifidobacterium.
Essa descoberta fortalece a importância de incluir alimentos fermentados na dieta, especialmente em populações de risco, ao mesmo tempo em que abre espaço para novas pesquisas sobre a relação entre microbiota, dieta e prevenção do câncer.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de seu Content Partner Fedeleche