Kefir é hoje um dos símbolos mais fortes da nova geração de produtos funcionais na Europa, e seu avanço revela tendências valiosas para a indústria láctea global.
Uma análise realizada com base em dados fornecidos por especialistas da Lumina Intelligence mostra como os consumidores europeus priorizam funções específicas ao escolher alimentos e bebidas com bioticos — mesmo em um ambiente regulatório extremamente rigoroso.
Pesquisadores consultados por nossa redação afirmam que o interesse por produtos funcionais cresce de maneira consistente, embora ainda exista uma grande parcela de consumidores que não se engaja com suplementos ou alimentos fortificados.
Segundo o levantamento, 11% dos consumidores globais consomem suplementos ou alimentos/bebidas fortificadas ao menos uma vez por semana; 13% fazem isso algumas vezes ao mês, e 6% têm consumo diário. No entanto, 40% afirmam nunca recorrer a esses produtos, o que demonstra uma lacuna de mercado ainda aberta para as marcas.
Na Europa, essa distância entre curiosidade e consumo efetivo também é impactada por restrições legais. Especialistas lembram que alegações de saúde envolvendo bioticos só podem ser utilizadas quando autorizadas pela Comissão Europeia após avaliação científica da EFSA.
Até agora, a autoridade europeia não aprovou alegações relacionadas a probióticos por falta de evidência considerada suficiente. Apesar disso, analistas consultados explicam que o consumidor continua buscando produtos que respondam a objetivos claros de saúde — e é aí que o ranking das cinco prioridades europeias se torna relevante.
1. Microbioma intestinal – 15%
O microbioma é a função mais buscada pelos europeus. Fermentados como iogurtes e produtos à base de Kefir ganharam novo fôlego, impulsionando pesquisas sobre probióticos de precisão. Fabricantes apostam em cepas cada vez mais específicas, desenhadas para modular o intestino de forma direcionada.
2. Bem-estar geral – 14%
Praticamente empatado com o microbioma, o bem-estar geral se posiciona como prioridade central. Analistas ouvidos pela eDairyNews destacam que consumidores associam alimentos com bioticos a uma sensação mais ampla de equilíbrio, energia e vitalidade — mesmo sem buscar resultados clínicos específicos.
O estudo mostra ainda que 39% dos consumidores de França, Alemanha, Itália e Espanha reconhecem o termo “probióticos”; 28% entendem “prebióticos”; 15% sabem o que são “pós-bióticos” e 12% compreendem “simbióticos”. A familiaridade crescente abre espaço para narrativas educacionais das marcas.
3. Imunidade – 14%
A pandemia impulsionou o interesse por produtos que afirmam apoiar a imunidade. Embora o ritmo tenha estabilizado a partir de 2022, a tendência continua forte. Bebidas lácteas fortificadas com vitaminas e minerais seguem como nicho de oportunidade. Paralelamente, produtos naturalmente ricos em vitaminas do complexo B — como o Kefir — ganharam destaque em mercados como Reino Unido e Estados Unidos.
4. Saúde digestiva – 10%
Problemas digestivos continuam sendo uma porta de entrada para o consumo de alimentos funcionais. No setor lácteo, itens como leites sem lactose, iogurtes enriquecidos com fibras e bebidas fermentadas crescem de forma constante. Especialistas ressaltam que essa tendência não depende diretamente de alegações bioticas — o comportamento do consumidor já está consolidado.
5. Energia – 5%
Embora ocupe a quinta posição, o interesse por energia está longe de ser irrelevante. Produtos proteicos seguem em alta, impulsionando inovações em cafés prontos para beber, sorvetes proteicos e snacks refrigerados que prometem força para a rotina. Aqui também o Kefir aparece como alternativa natural para quem busca energia sustentada.
Analistas concordam que o cenário europeu oferece lições importantes para a América Latina e para o Brasil. Mesmo com regulações restritivas, as marcas que melhor entenderem as prioridades funcionais do consumidor — e que souberem comunicar valor sem extrapolar as regras — tendem a liderar a próxima fase da categoria funcional. E, dentro desse movimento, o Kefir surge como protagonista incontornável.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de Dairy Reporter






