O laticínio mineiro Verde Campo, conhecido pelos seus produtos lácteos saudáveis, passou por uma reviravolta nos últimos anos.
Fundada em 1999, em Lavras, Minas Gerais, a empresa ganhou destaque no mercado de laticínios por inovar com produtos como o Lacfree, o primeiro queijo zero lactose do Brasil, em 2011, e uma linha de shakes proteicos chamada Natural Whey anos mais tarde.
Os produtos com pegada saudável fizeram da marca uma queridinha de um amplo espectro de consumidores com preocupação com o próprio corpo, de atletas de fim de semana a marombeiros raiz. Em supermercados chiques de Rio e São Paulo, a marca era estrela das gôndolas — e tinha status de uma love brand.
Do sonho local à venda para a Coca-Cola
A história da Verde Campo começa em 1968, quando Antônio Alberto de Carvalho, conhecido como “Seu Totonho”, iniciou a produção de queijos de qualidade em Ijaci, na região de Lavras, no sul de Minas Gerais, sob o nome Cobocó.
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A boa aceitação dos produtos levou Alessandro Rios, filho de Carvalho, e o sócio Álvaro Gazola, a abrir a Verde Campo em 1999. Inicialmente o negócio era uma consultoria de novas tecnologias em alimentos. No mesmo ano, a primeira fábrica da empresa foi aberta.
Em 2016, a Leão Alimentos, uma subsidiária da Coca-Cola, comprou a Verde Campo. Após o negócio, cujos valores não foram revelados na época, a Verde Campo teve acesso a uma rede de distribuição ampla da gigante de bebidas.
Ao mesmo tempo, enfrentou desafios de integração. Os negócios da Coca-Cola, focados em sucos, refrigerantes, água mineral, entre outros, e os da Verde Campo, concentrados em laticínios, nem sempre conversavam entre si.
No meio disso tudo, o pioneirismo da Verde Campo em categorias como o de shakes proteicos chamou a atenção do mercado.
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Concorrentes de peso, como o YoPro, da Danone, ganharam destaque nas gôndolas de farmácias e supermercados.
A chegada do Emmi e a volta dos fundadores
Em abril de 2024, a Coca-Cola vendeu a Verde Campo para o grupo suíço Emmi, um dos líderes globais em laticínios premium com faturamento global de cerca de 4,8 bilhões de dólares no ano passado.
A empresa suíça iniciou a expansão no Brasil em 2017, ao adquirir uma participação na Laticínios Porto Alegre, cuja sede fica em Ponte Nova, também em Minas Gerais.
A Emmi adquiriu 70% da Verde Campo. Os outros 30% estão nas mãos dos fundadores originais, hoje no conselho de administração da empresa.
O cargo de CEO da Verde Campo ficou nas mãos do administrador de empresas Fábio Ferreira, executivo com 24 anos de experiência no mercado de alimentos e uma pegada empreendedora.
Ferreira iniciou sua carreira em empresas como Jeito Caseiro, Bimbo, Perfetti Van Melle e Nestlé. Antes de assumir a Verde Campo, era diretor da unidade de negócios Nordeste da Marilan Alimentos num momento em que a empresa, de Marília, no interior paulista, investiu 220 milhões de reais numa fábrica na região.
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A cadeira na Verde Campo é a primeira experiência como CEO. Entre os principais desafios de Ferreira está resgatar a cultura de inovação da empresa e aproveitar as sinergias com o grupo Emmi e a Laticínios Porto Alegre.
Kefir e sobremesa com pouca gordura
Em seu primeiro ano, a meta é aumentar o faturamento da Verde Campo com novos produtos e um reforço na distribuição dos produtos.
“Queremos recuperar nosso protagonismo no mercado de saudabilidade, e para isso vamos aumentar nosso portfólio, focar na inovação e estreitar nosso relacionamento com consumidores e distribuidores”, diz Ferreira.
Em 2024, a empresa espera aumentar em 20% o faturamento registrado no ano passado, de 423 milhões de reais.
Entre os destaques de 2024 está o Kefir Lacfree, voltado a quem faz dietas com restrição de lactose. Além disso, a linha Natural Whey, de novos iogurtes proteicos, ganhou versões ‘colheráveis’, com uma consistência superior ao dos iogurtes vendidos até agora, engarrafados de modo ao consumidor beber no gargalo.
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Uma nova linha de sobremesas lácteas com sabores como frutas vermelhas e banana, e níveis baixíssimos de gorduras uma vez que não levam açúcar na composição, também esteve entre as novidades.
“A ideia é reforçar o posicionamento no mercado de alimentos funcionais, com um foco claro em produtos sem aditivos artificiais e com ingredientes naturais”, diz Ferreira.
Como preservar a essência
Um ponto importante na história da Verde Campo é a preocupação da empresa em fazer alimentos do jeito mais simples possível. Não há corantes, conservantes ou adoçantes artificiais em seus produtos.
“O leite é fresco e vem de fazendas certificadas, principalmente da região de Minas Gerais, o que garante um controle maior sobre a qualidade do leite utilizado na produção”, diz Ferreira.
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Agora, a meta é ampliar a linha de produtos sem perder a essência. “Nossos produtos atendem ao público que busca saúde, mas sem abrir mão do sabor. Temos desde iogurtes e kefir até sobremesas e lanches saudáveis. A ideia é ter opções para todos os momentos do dia a dia”, afirma o CEO.
Ferreira mira uma expansão através de novos canais de distribuição, como farmácias, lojas de conveniência e supermercados. Além disso, quer ampliar a presença em redes sociais e investir em parcerias com nutricionistas para promover seus produtos.
A meta é dobrar de tamanho nos próximos quatro anos. “O mercado de alimentos saudáveis está em alta, e queremos ser uma das principais marcas desse nicho”, diz Ferreira. “Para isso, precisamos ser rápidos e estar atentos ao que o consumidor deseja.”