O Lactalis, grupo francês de laticínios tem autorização para finalizar a aquisição da Dairy Partners Americas, um empreendimento da Fonterra-Nestlé.
A Lactalis fechou um acordo para a DPA em dezembro, em um contrato de R$ 700 milhões, depois que os parceiros Fonterra e Nestlé colocaram o empreendimento no mercado em 2019.
A Lactalis fechou um acordo para a DPA em dezembro, em um contrato de R$ 700 milhões, depois que os parceiros Fonterra e Nestlé colocaram o empreendimento no mercado em 2019.
A Lactalis entrará em um acordo de licenciamento de laticínios no Brasil sob uma condição regulatória que permite a compra da empresa conjunta Fonterra-Nestlé.

O órgão regulador da concorrência do Brasil – o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) – autorizou ontem (11 de outubro) a aquisição demorada para que a Lactalis, grande empresa francesa de laticínios, adquira a Dairy Partners Americas, ou DPA Brasil.

A Lactalis fechou um acordo para a DPA em dezembro, em um contrato de R$ 700 milhões, depois que os parceiros Fonterra e Nestlé colocaram o empreendimento no mercado em 2019. No entanto, o CADE expressou preocupações com a “concorrência horizontal” em julho, bloqueando efetivamente a transação enquanto aguardava uma revisão.

Para que o acordo fosse sancionado, a Lactalis e a DPA propuseram um acordo de licenciamento com um parceiro local para sobremesas lácteas, petit suisse e leites fermentados, as áreas de produtos em que o CADE estava mais preocupado com a diminuição da concorrência ou, como disse o órgão regulador, “maior concentração de mercado”.

De acordo com o chamado acordo de controle de concentrações (ACC) de sete anos – com uma possível extensão de três anos – as duas empresas de laticínios propuseram licenciar as marcas Batavo e Batavinho de leite fermentado e petit suisse para a empresa brasileira de laticínios Tirol.

De acordo com o CADE, a Tirol tem “operações reconhecidas no setor de produtos lácteos, especialmente na região sul do país”.

 

Victor Oliveira Fern, o “relator” do CADE para o caso, disse: “Ao licenciar marcas por um período prolongado, a possibilidade de formar um rival forte e competitivo no setor se torna possível, sendo um meio eficaz de garantir que o mercado permaneça dinâmico e competitivo.

“Essa é uma solução que o CADE já implementou em casos anteriores e para a qual tem expertise em termos de construção e monitoramento.”

A Fonterra, sediada na Nova Zelândia, e a Nestlé, sediada na Suíça, criaram o empreendimento DPA em 2003, com a primeira detendo a maior participação de 51%.

A Lactalis entrou no Brasil pela primeira vez em 2013, quando a Parmalat, sua subsidiária italiana de laticínios na época, adquiriu a especialista em queijos gourmet Balkis Indústria e Comércio de Laticínios por meio da subsidiária brasileira da Lactalis. A Lactalis passou a aumentar sua participação na Parmalat até se tornar proprietária integral.

Em 2014, a Parmalat, de propriedade da Lactalis, adquiriu uma série de fábricas de laticínios e ativos da BRF do Brasil – agora um dos principais processadores de carne do país – incluindo a polêmica marca Batavo, juntamente com as linhas Elegê e Cotochés.

Em seguida, em 2019, o grupo francês de propriedade privada concluiu um acordo para a cooperativa brasileira de laticínios Itambé Alimentos e, em 2021, comprou a Confepar Agro-Industrial. A empresa afirma ser a maior empresa de coleta de leite do Brasil.

Mercado pulverizado

A Lactalis, por meio de sua subsidiária local Lactalis do Brasil, reconheceu o acordo de licenciamento com a Tirol para as marcas Batavo e Batavinho, um acordo que, segundo ela, deverá ser “formalizado em breve”.

A major francesa confirmou que atualmente opera 23 fábricas no Brasil e que, uma vez concluída a transação com a DPA, empregará mais de 10.900 funcionários no país.

A DPA, por sua vez, tem duas fábricas localizadas em Araras, no estado de São Paulo, e Garanhuns, em Pernambuco, empregando 1.300 pessoas. Ela também fornece produtos lácteos sob a marca Nestlé e também Chamyto, Ninho, Chandelle, Chambinho, Neston e Molico.

Patrick Sauvageot, CEO da divisão sul da Lactalis no Brasil, disse: “Esta aquisição é mais um passo para a construção de um líder forte e responsável para a cadeia de laticínios do Brasil.

“Sabemos que é um mercado muito pulverizado e muito difícil para todos os atores que fazem parte dele, desde o produtor de leite até os clientes, incluindo as indústrias. Mas nossa ambição é continuar investindo em todo o Brasil para criar valor para toda a cadeia de lácteos.”

A Tirol não havia respondido ao pedido de comentário da Just Food sobre o acordo de licenciamento até o momento da redação deste artigo.

De acordo com o relator do CADE, Fernandes, havia preocupações iniciais sobre a “sobreposição horizontal” em nove áreas nacionais de produtos e processamento no Brasil.

Ele identificou leite fermentado, iogurte, petit suisse, sobremesas lácteas e cream cheese, bem como a coleta de leite nos estados de São Paulo, Pernambuco, Paraná e Minas Gerais.

A declaração acrescentou: “Também foram avaliadas as integrações verticais entre as atividades de coleta de leite nesses estados e o fornecimento de leite em pó e soro de leite em pó para a produção de produtos lácteos refrigerados.

“O mercado tem uma franja competitiva muito relevante composta por empresas regionais, especialmente no Nordeste, Sul e Sudeste do país.”

concluiu Fernandes: “Apesar de termos identificado esse mercado como de abrangência nacional, observou-se que esses atores regionais têm capacidade de rivalizar com grandes players nacionais e que, após a operação, o nível de concentração nesse mercado nacional tende a ser visto de forma menos preocupante.”

 

 

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