A Lactalis do Brasil e a CCPR (Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais) concretizaram, nesta quarta-feira (10), a parceria estratégica que cria a líder nacional em produtos lácteos.

Lactalis do Brasil e a CCPR (Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais) concretizaram, nesta quarta-feira (10), a parceria estratégica que cria a líder nacional em produtos lácteos. Como parte do acordo, a Lactalis concluiu, nesta data, a aquisição de 100% do capital da Itambé. A CCPR, por sua vez, garantiu um contrato de fornecimento de leite de longo-prazo, mirando o crescimento sustentado das bacias leiteiras de Minas Gerais e Goiás.

A união de Lactalis e Itambé cria uma verdadeira potência no mercado nacional: faturamento de quase R$ 8 bilhõesprocessamento de 2,3 bilhões de litros de leite por ano (o que corresponde a 9,4% da produção formal brasileiro), e um portfólio de marcas e produtos que estão no coração e na mesa do consumidor brasileiro. Para o grupo francês, líder mundial em produtos lácteos, o Brasil passa a ser a quinta maior operação, reforçando o comprometimento e otimismo com o país.

A parceria entre CCPR e Lactalis vai além. No campo, ambas trabalham para elevar o leite brasileiro aos melhores padrões mundiais de qualidade e produtividade. Para isso, investem significativamente em programas de apoio e desenvolvimento para o produtor, assistência técnica, fornecimento de insumos, serviços, tecnologia e logística. Destaca-se também a complementariedade de atuação nas duas bacias leiteiras mais importantes do país: CCPR é líder de captação em Minas Gerais e Lactalis é importantíssima no Sul. Como as regiões têm picos de safra em momentos distintos, há oportunidades de otimização em toda a cadeia, beneficiando produtores e consumidores.

“A Lactalis tem como visão valorizar as marcas que adquire, maximizando a capacidade produtiva e buscando oportunidades de sinergia para o crescimento do negócio. Com a aquisição da Itambé, praticamente dobramos a nossa presença no Brasil. Além disso, ganhamos com toda a expertise desenvolvida pela empresa ao longo da sua história. Por isso, a Itambé segue com gestão independente baseada em Minas Gerais, próxima de seus consumidores e fornecedores”, afirma Patrick Sauvageot, CEO da Lactalis para a América Latina. “No nosso setor, produtos ótimos exigem leite ótimo. Ao passo em que as exigências dos consumidores avançam e mais investimentos são necessários no campo, nossa posição é de grande vantagem”, completa.

“A CCPR criou e conduziu a Itambé ao longo dos seus primeiros 70 anos de vida. Mas, para garantir a tranquilidade do nosso produtor pelas próximas décadas, precisávamos escolher um parceiro forte e com experiência no relacionamento com cooperativas, o que é algo bastante importante. Nossa opção pela Lactalis se deu muito em função das relações de sucesso que ela estabeleceu com produtores de todos os tamanhos, em várias regiões do planeta. Nossas origens e valores são muito similares”, explica Marcelo Candiotto, presidente da CCPR.

“Nosso acordo traz o melhor de dois mundos. De um lado, a certeza de que a Itambé continuará a crescer num mercado cada vez mais consolidado e competitivo. De outro, a tranquilidade de termos um contrato de fornecimento exclusivo e de longo prazo, que valoriza nosso leite e nosso produtor. Daqui para frente, a CCPR se concentrará na captação e apoio ao campo, enquanto a Itambé focará no desenvolvimento e fabricação dos melhores produtos, de Minas e Goiás para o Brasil todo”, conclui.

A concretização do negócio se tornou possível em decorrência de um acordo firmado globalmente entre o grupo Lactalis e o grupo Lala, que resolve em definitivo a transferência da Itambé para a multinacional francesa.

Possíveis próximos passos

De acordo com Sauvageot, a Lactalis ainda tem espaço para crescer no país. “Se você olha outros mercados no Brasil, os líderes em geral têm mais de 15% [de participação]”, disse o executivo.

Questionado pelo jornal Valor Econômico, ele admitiu o interesse da Lactalis na Dairy Partners Americas (DPA), joint venture entre Nestlé e Fonterra que foi colocada à venda neste ano. “Acho que todos do mercado vão estar interessados”, afirmou. Se adquirir a DPA, empresa que faturou cerca de R$ 1 bilhão em 2018, a Lactalis desbancará a Danone da liderança do mercado brasileiro de iogurtes.

Conflito entre Lactalis e Lala

Encerrado oficialmente ontem, o conflito entre Lactalis e Lala remonta a agosto de 2017, quando a Vigor, que era controlada pela J&F Investimentos, foi vendida para os mexicanos. Na ocasião, a Lala acertou a compra da Vigor e da fatia de 50% que a companhia da J&F tinha na Itambé por R$ 5,7 bilhões. No entanto, a CCPR decidiu fazer valer o direito de recompra dos 50% da Itambé que pertenciam à J&F e retomou 100% do capital do laticínio mineiro. Um dia depois, porém, a cooperativa vendeu a totalidade da Itambé à Lactalis, por estimados R$ 1,9 bilhão.

A reviravolta envolvendo o controle da Itambé levou o grupo Lala à Justiça e à Câmara de Arbitragem Brasil Canadá. Os mexicanos questionaram o que consideravam ser o descumprimento, pela CCPR, do acordo de acionistas que tinha com a Vigor. Um dos argumentos era que o acordo proibia a venda da Itambé a um grupo concorrente justamente o caso da Lactalis.

A inteligência artificial (IA) e sistemas avançados de câmeras estão revolucionando a maneira como os produtores de leite nos EUA gerenciam seus rebanhos.

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