No Brasil e em muitas regiões do mundo, a oferta de lácteos sem lactose cresce a passos largos.
Leite, iogurtes e queijos chegam às prateleiras com destaque para a expressão “sem lactose”, prometendo digestão mais leve e maior bem-estar. Mas afinal, quem realmente precisa desses produtos e quais são os benefícios para a população em geral?
Intolerância ≠ alergia
Antes de tudo, é importante diferenciar intolerância à lactose de alergia à proteína do leite. A alergia envolve uma reação do sistema imunológico às proteínas do leite, enquanto a intolerância acontece quando o organismo não produz lactase suficiente, a enzima responsável por quebrar a lactose em glicose e galactose.
Sem lactase suficiente, a lactose chega ao intestino grosso, onde a flora intestinal a fermenta, provocando sintomas como dor abdominal, gases e diarreia.
Estima-se que entre 15% e 20% da população dos países mediterrâneos sofra com a intolerância, enquanto em outras regiões do planeta a incidência é ainda maior.
Como funcionam os lácteos sem lactose
Diferentemente do que muitos imaginam, a lactose não é retirada do produto. Na prática, os fabricantes adicionam lactase durante o processamento, permitindo que o açúcar seja previamente desdobrado.
Assim, leite, iogurtes e queijos tornam-se mais digestíveis para quem possui deficiência dessa enzima, sem perder o sabor nem os nutrientes essenciais.
Alternativas para intolerantes
O mercado brasileiro já oferece uma ampla variedade de produtos sem lactose, incluindo marcas tradicionais e linhas próprias de redes de supermercado. Para aqueles com intolerância leve, alguns produtos convencionais também podem ser tolerados:
- Iogurte: durante a fermentação, parte da lactose é quebrada e o próprio produto produz lactase.
- Queijo: no processamento, grande parte da lactose é removida, tornando certos queijos mais digestíveis.
Outra opção são as bebidas vegetais, embora do ponto de vista nutricional não substituam totalmente o leite: têm menos proteínas (exceto soja) e cálcio, mesmo quando enriquecidas, não chegam aos níveis naturalmente presentes nos lácteos.
Dieta sem lactose: apenas se necessário
Para a população em geral, não há motivo para eliminar a lactose da dieta. A presença desse açúcar não prejudica a saúde e ainda auxilia na absorção de cálcio, sendo a leite uma das principais fontes desse mineral na dieta.
A publicidade, que promove produtos sem lactose como “mais saudáveis” ou “mais leves”, muitas vezes exagera nos benefícios, podendo gerar confusão no consumidor.
Antes de decidir cortar a lactose, é recomendado consultar um profissional de saúde para diagnóstico preciso. Caso sintomas como dor abdominal, gases ou diarreia apareçam após o consumo de leite, mesmo que queijos ou iogurtes sejam bem tolerados, um médico poderá orientar o tratamento adequado.
Conclusão
Os lácteos sem lactose são um avanço importante para quem tem intolerância, garantindo que esses consumidores não precisem abrir mão de produtos tradicionais, saborosos e nutritivos.
Porém, para a população que não apresenta deficiência da enzima lactase, a exclusão do açúcar natural do leite não traz benefícios, e pode até comprometer a ingestão adequada de cálcio.
A informação correta e o diagnóstico profissional continuam sendo aliados essenciais para escolhas alimentares conscientes.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de OCU
