A intolerância à lactose é uma condição comum que afeta uma grande parcela da população mundial.
No México, por exemplo, entre 30% e 50% dos adultos apresentam dificuldade em digerir o açúcar presente no leite, a lactose. Esta condição pode gerar desconfortos digestivos, como inchaço abdominal, gases, diarreia e náusea, especialmente após o consumo de leite e derivados.
O problema tem origem na atividade da enzima lactase, produzida no intestino delgado, responsável por quebrar a lactose em glicose e galactose, que podem ser absorvidas pelo organismo. Quando a produção de lactase diminui, a lactose não digerida alcança o intestino grosso, onde é fermentada por bactérias, causando os sintomas típicos da intolerância.
Durante a infância, a produção de lactase é naturalmente elevada, uma vez que o leite materno ou fórmulas infantis constituem a base da alimentação. Com o passar dos anos, porém, a síntese da enzima tende a diminuir em muitas pessoas, explicando o surgimento da intolerância na vida adulta.
Existem três formas principais de intolerância à lactose:
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Primária (hipolactasia do adulto), a mais frequente, resultado de redução genética da lactase após a infância. Afeta particularmente pessoas de ascendência latino-americana, asiática e africana.
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Secundária, causada por danos temporários ao intestino delgado, como gastroenterite, doença celíaca ou inflamações intestinais. Pode ser revertida ao tratar a condição subjacente.
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Congênita, extremamente rara, manifesta-se nos primeiros dias de vida devido à incapacidade total de produzir lactase.
A prevalência varia globalmente. Enquanto no México uma parte significativa dos adultos apresenta intolerância, em países do norte europeu a maioria mantém a capacidade de digerir lactose ao longo da vida, reflexo de uma adaptação genética em sociedades historicamente dependentes de produtos lácteos.
O manejo da intolerância é simples e não exige tratamentos complexos. Estratégias eficazes incluem:
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Redução ou eliminação de produtos lácteos que contenham lactose em excesso
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Uso de produtos sem lactose
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Suplementos de lactase antes de consumir leite ou derivados
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Leitura atenta de rótulos, pois muitos alimentos processados contêm lactose oculta
Para manter nutrição completa, é fundamental garantir a ingestão adequada de nutrientes essenciais presentes no leite:
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Cálcio, que ajuda a fortalecer ossos e dentes, pode ser obtido também em vegetais de folhas verdes, tofu, amêndoas, sardinhas e bebidas vegetais fortificadas.
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Proteínas de alta qualidade, importantes para músculos e tecidos, estão disponíveis em carnes magras, leguminosas, ovos e soja.
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Vitamina D, que facilita a absorção do cálcio, pode ser obtida via exposição solar, peixes gordurosos e ovos.
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Vitamina B12, essencial para o sistema nervoso, pode vir de alimentos de origem animal ou suplementos, especialmente para dietas veganas.
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Gorduras, que devem ser consumidas em quantidades adequadas, também contribuem para a saúde geral.
Segundo Jesús Tovar Sosa, especialista citado pelo Infobae, “a intolerância à lactose não deve excluir o leite da alimentação, mas exige estratégias que permitam a digestão sem comprometer os nutrientes que ele fornece”.
Globalmente, estima-se que mais de 65% da população experiencie algum grau de intolerância à lactose, com maior incidência entre pessoas de origem asiática, africana e latino-americana. Com atenção à ingestão de leite e alternativas adequadas, é possível manter uma alimentação balanceada e rica em nutrientes, conciliando tradição, ciência e saúde digestiva.
Em resumo, a intolerância à lactose é uma realidade comum, mas pode ser gerida com estratégias simples, sem abrir mão dos nutrientes essenciais que o leite oferece. Produtos sem lactose, suplementos de lactase e dietas equilibradas garantem que adultos intolerantes continuem a desfrutar dos benefícios nutricionais do leite de forma segura e eficaz.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de Infobae






