O Laticínio Municipal de Araguaína entrou oficialmente em operação na última quarta-feira (17), marcando um passo estratégico para a retomada da produção de leite e derivados no norte do Tocantins.
A liberação ocorreu após vistoria técnica da Agência de Defesa Agropecuária do Tocantins (Adapec), que autorizou o início das atividades ao constatar o cumprimento integral das exigências sanitárias, estruturais e operacionais.
Instalada em um prédio de 370 metros quadrados no Distrito Agroindustrial de Araguaína (Daiara), a unidade foi concebida para atender padrões industriais e inicia suas atividades com capacidade de captação e processamento de até 20 mil litros de leite por dia. A estrutura permite, ainda, expansão gradual, acompanhando o crescimento da oferta local de matéria-prima. Nesta primeira fase, o portfólio inclui leite pasteurizado, queijo muçarela e iogurte.
Segundo o superintendente de Agricultura da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Agricultura, Meio Ambiente e Turismo, Mário Vitória, a ativação do Laticínio Municipal de Araguaína representa mais do que um novo empreendimento industrial. Trata-se, segundo ele, de um instrumento de política pública voltado à reorganização da cadeia produtiva local.
Araguaína já chegou a concentrar a maior bacia leiteira do Tocantins, mas perdeu competitividade ao longo dos anos com o fechamento de laticínios privados e o aumento dos custos logísticos. “Esse investimento cria impacto direto na vida dos pequenos produtores, que antes precisavam enviar o leite para outros municípios, o que encarecia o processo e desestimulava a atividade”, afirmou Vitória, ao destacar a importância da industrialização próxima à produção.
De acordo com o gestor, a reativação da planta industrial está integrada a um conjunto de ações já em andamento no município. Programas de capacitação técnica, incentivo produtivo e melhoramento genético, como a inseminação artificial convencional e a inseminação artificial em tempo fixo (IATF), vêm sendo executados para elevar produtividade e qualidade do rebanho. A expectativa é que, com essas medidas, Araguaína volte a produzir volumes superiores a 10 mil litros diários em curto prazo.
O prédio do Laticínio Municipal de Araguaína foi concedido à empresa Feliz Laticínios por meio de processo licitatório. Coube à concessionária realizar a aquisição dos equipamentos e as adequações técnicas necessárias para atender às normas sanitárias. O investimento inicial, segundo a empresa, foi da ordem de R$ 1,2 milhão.
Para o sócio-proprietário da Feliz Laticínios, Douglas Félix, a instalação da unidade tem valor estratégico e simbólico. Ele ressalta que a decisão de produzir em Araguaína está ligada ao potencial histórico da região e à proximidade com os produtores. A proposta, segundo ele, é reconstruir a bacia leiteira local com base em parcerias estáveis, qualidade industrial e identidade regional.
A operação começa com capacidade de processamento de cerca de 10 mil litros por dia, com possibilidade de ampliação rápida conforme a adesão dos produtores. Entre os produtos iniciais estão a muçarela em barra e o leite ensacado, item que deve retornar ao mercado local após anos fora das prateleiras. A empresa também projeta o fornecimento para escolas, restaurantes e programas institucionais, fortalecendo o consumo regional.
Além da muçarela e do leite fluido, o planejamento inclui a produção de iogurtes e outros derivados lácteos, ampliando o mix e aumentando a presença de produtos locais nas gôndolas dos supermercados. A estratégia busca agregar valor à matéria-prima regional e reduzir a dependência de fornecedores externos.
Do ponto de vista regulatório, a Adapec confirmou que a empresa obteve o registro no Serviço de Inspeção Estadual (SIE-TO). A médica veterinária e inspetora Hellen Núbia Carlos Maciel Miranda explicou que a fiscalização acompanhou todas as etapas do processo, desde a adequação da estrutura até a qualificação da equipe técnica. A primeira produção de queijo muçarela foi monitorada in loco, com verificação documental e operacional.
Com o selo estadual, o Laticínio Municipal de Araguaína passa a integrar oficialmente o grupo de estabelecimentos autorizados a comercializar produtos com garantia de qualidade e segurança alimentar em todo o território tocantinense.
A retomada da atividade industrial ocorre em um contexto de resgate de um potencial produtivo que, no passado, sustentou ao menos três laticínios privados no município. Com o fechamento dessas unidades, muitos produtores migraram para outras atividades ou passaram a vender leite em cidades vizinhas, como Augustinópolis e Colinas. A nova concessão surge como resposta estruturante a esse cenário, criando mercado local e reduzindo custos logísticos.
A iniciativa também se conecta ao programa Mais Pecuária Brasil, que permite a inseminação artificial de até 600 animais por ano no município. A ação, realizada em parceria com a Conafer, oferece sêmen de touros registrados e suporte técnico gratuito, fortalecendo a base produtiva que deverá sustentar o crescimento do Laticínio Municipal de Araguaína nos próximos anos.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de AF






