Anvisa dá aval para uma rotulagem mais precisa, atendendo a um antigo pleito da cadeia produtiva leiteira.
Wenderson Araújo/Trilux/CNA Rotulagem mais precisa permitirá que consumidor identifique facilmente o leite A2, de maior digestibilidade

Os produtores de leite A2 acabam de receber do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) uma notícia que aguardavam há alguns anos. Desde a semana passada, eles podem utilizar nos rótulos das embalagens de leite a expressão ‘leite de vacas A2A2’. Essa também era uma demanda da indústria de laticínios. O aval foi concedido na quarta-feira (20) pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), um instrumento legal para informar o consumidor das diferenças deste tipo de leite com o leite tradicional.

O A2 é um tipo de leite produzido por vacas, que através de cruzamentos – nada a ver com transgenia ou qualquer outro método –, de geração após geração deixaram de ter em sua carga genética um tipo de proteína pesada na digestão e se tornaram geneticamente dominante para uma proteína do leite mais digerível pelos humanos. O leite do tipo A2 é considerado de fácil digestibilidade justamente porque não promove a formação de BCM-7 (betacasomorfina-7), peptídeo liberado durante a digestão do leite e que pode causar desconforto digestivo.

Com a publicação da resolução 3.980, os produtores deste tipo de alimento poderão incluir a frase “leite produzido a partir de vacas com genótipo A2A2” nas embalagens. “Esta é mais uma conquista para os produtores de leite do país. É um dos mais antigos pleitos da Abraleite (Associação Brasileira dos Produtores de Leite)”, pontua Geraldo Borges, presidente da Abraleite. As tratativas começaram em 2019.

Mas o mercado do leite A2 não é apenas para os intolerantes ao leite. A entidade acredita em um mercado mais elástico. “A resolução da Anvisa é importante para os adultos que se consideram, mas eventualmente não são realmente intolerantes à lactose”, explica Andrea Esquivel, nutricionista e consultora que acompanhou o processo de aprovação do leite A2 desde o início. “O produto não promove formação de BCM-7, que pode causar desconforto digestivo, com sintomas parecidos aos da intolerância à lactose.”

Outro ponto é que “o leite A2 tem a mesma betacaseína [peptídeo relacionado à proteína] do leite materno, o que facilita a adaptação das crianças na transição do leite da mãe para o leite de vaca”, explica Roberto Jank Júnior, vice-presidente da Abraleite, coordenador da comissão da entidade sobre leite A2 e um dos sócios da Agrindus, em Descalvado (SP). A fazenda vem pesquisando e aprimorando a genética bovina leiteira para ter vacas com essa característica desde 2007.

Com mais esse passo na rotulagem, o leite A2 produzido no país se iguala à legislação de outros países, como os do Reino Unido e a China, que comercializam este produto desde 2012. O presidente da Abraleite reforça que a atual mudança tem o “potencial para agregar valor a quem produz este tipo de leite”.

 

Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

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