O leite longa vida historicamente tem aumento de preço no meio do ano, período de inverno por aqui. Isso por conta do ciclo natural do clima, que, nessa época, é de seca nas regiões produtoras concentradas no Sul e Sudeste do país. No último IPCA-15 divulgado pelo IBGE, com os dados da prévia de inflação de junho, o produto responde por uma das maiores altas na composição do índice, de 2,58%.
O pesquisador da FGV Agro Felippe Serigati explica que, além do período natural da entressafra, de baixa da produção, ainda tivemos problemas climáticos, primeiro a seca intensa, especialmente no principal estado produtor, Minas Gerais, e, mais recentemente, as chuvas no Rio Grande Sul. “Durante o inverno é normal ter uma elevação [no preço], não só do leite, mas de produtos associados à pecuária.”
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A explicação passa pela biologia. No período de seca, o pasto fica mais “pobre”, a vaca come menos e, assim, produz menos leite.
Efeito prolongado
Mas, o encarecimento do produto, não está concentrado agora em junho. No acumulado de 2024, o leite longa vida ficou 23,25% mais caro segundo os dados do IPCA-15.
Como o ciclo agropecuário de escala comercial tem um tempo mais longo de produção, ele vai levar mais tempo para se recuperar. “A produção do agro está muito associada a clima, safra e entressafra. E são produtos que demandam escala maior, comercial, então a margem para contornar crises é mais estreita”.
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No auge da crise dos grãos, por exemplo, muitos produtores acabaram interrompendo a criação do gado leiteiro, pois o custo alto combinado com a medida governista de importar o produto para reduzir os preços tornou o negócio insustentável. “Muitos produtores acabaram vendendo seus gados para corte como uma forma de ajudar nas receitas no curto prazo. Então, até se refazer esse rebanho e voltar a produzir em larga escala, leva um tempo”, explica o pesquisador.
Até quando vai a alta?
Segundo levantamento do Procon-SP, entre maio e junho de 2024, o valor médio do litro do leite integral UHT aumentou de R$ 4,98 para R$ 5,34 na cidade de São Paulo. A elevação foi de 7,23%.
O produto deve continuar com custo mais elevado ao longo dos próximos dois meses. Espera-se que em setembro as chuvas retorno. Contudo, segundo Serigati, este ano está previsa a incidência da La Niña, que pode atrasar um pouco o início do período chuvoso.
Mas, iniciadas as chuvas, além da melhora do pasto, também tem início o período de cruzamento e procriação do gado, e as vacas passam a produzir mais leite.
“É uma cadeia com ciclo de produção mais longo, e ainda se trata de um bem essencial”.