ESPMEXENGBRAIND
20 ago 2025
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A Cuenca Leiteira argentina volta a ter papel estratégico no mercado global, com forte alta na produção e preços recordes da manteiga.
🧈 Preço recorde da manteiga reforça papel da Argentina no mundo
🧈 Preço recorde da manteiga reforça papel da Argentina no mundo.

Argentina lidera a produção de leite mundial em 2025. Segundo o Observatório da Cadeia Láctea Argentina (OCLA), entre janeiro e junho o país registrou um crescimento de 11,7% no volume ordenhado, o maior avanço entre os principais produtores globais e muito acima da média mundial de apenas 1%.

De acordo com o relatório do OCLA, esse grupo de países analisados representa pouco mais de 55% da produção global de leite de vaca. No primeiro semestre, em conjunto, eles registraram alta de 1,05%, mas o desempenho argentino superou com folga esse patamar.

Sudamérica puxa a expansão

O levantamento mostra que a liderança da Argentina foi acompanhada de perto por outros vizinhos: Chile cresceu 8%, Brasil 6,2% e Uruguai 5,7%. Assim, a América do Sul despontou como a região de melhor performance no mercado leiteiro global durante a primeira metade de 2025.

Na outra ponta, algumas potências reduziram produção: Austrália caiu 2,7%, China recuou 1,2% e a União Europeia, considerada em bloco, apresentou baixa de 0,6%.

Em termos absolutos, a Argentina adicionou cerca de 500 milhões de litros de leite ao mercado no semestre, ficando atrás apenas do Brasil, que aumentou sua produção em quase 800 milhões de litros. Nos Estados Unidos, a alta foi de apenas 1%, equivalente a 500 milhões de litros adicionais.

Segundo o OCLA, a oferta dos fornecedores tradicionais (União Europeia, EUA, Nova Zelândia, Austrália, Argentina e Uruguai) cresceu apenas 0,6% no período.

Isso resultou em um comércio internacional mais restrito diante de uma demanda em recuperação, especialmente da China e do Sudeste Asiático. A consequência direta foi a sustentação de preços elevados para as principais commodities lácteas.

O Observatório lembrou ainda que apenas 11% a 12% da produção global de leite é destinada ao comércio internacional, excluindo as trocas dentro da União Europeia. Por isso, pequenas variações na produção têm forte impacto nos preços, conferindo ao setor a conhecida volatilidade.

O peso da manteiga no mercado global

Paralelamente ao aumento da produção, outro fator recolocou a Argentina no radar mundial: o preço recorde da manteiga. Conforme dados da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), o valor do produto atingiu US$ 7.200 por tonelada, o maior desde que existem registros, acumulando alta superior a 50% nos últimos dois anos.

Essa escalada de preços transformou-se em problema político em diferentes países. Na Polônia, em pleno processo eleitoral, o governo liberou mais de 1.000 toneladas de manteiga de suas reservas com subsídios para conter a escassez.

Na Nova Zelândia, o ministro das Finanças, Nicholas Willis, pressionou Miles Hurrell, CEO da cooperativa Fonterra, a vender parte da produção a preços reduzidos para garantir o consumo interno. Já na França, maior consumidora per capita de manteiga, a falta do produto despertou alarme nacional.

Menos vacas, mais pressão

A raiz do problema está na queda acelerada do número de vacas leiteiras no mundo, que encolheu mais de 10% nos últimos dois anos, agravada por secas severas em várias regiões. Como resultado, os cinco maiores exportadores de manteiga – União Europeia, Estados Unidos, Nova Zelândia, Argentina e Austrália – devem registrar em 2025 expansão inferior a meio ponto percentual.

Essa limitação já afeta grandes indústrias de alimentos, sobretudo fabricantes de sorvetes, seguidos pelos de iogurtes, queijos e a própria manteiga. O cenário coincide com uma tendência global de valorização de alimentos naturais, em detrimento dos ultraprocessados de laboratório.

Além disso, a demanda explodiu por proteínas do soro de leite, antes descartadas e hoje convertidas em um mercado de mais de US$ 10 bilhões anuais.

Esse fenômeno se conecta ao movimento por uma vida mais saudável, iniciado nos Estados Unidos, consolidado na Europa e agora com forte adesão da Ásia, especialmente da classe média chinesa, estimada em 500 milhões de pessoas com renda comparável à norte-americana.

O papel da Argentina

Nesse contexto, a Argentina – quarta produtora mundial de lácteos – ganha protagonismo inevitável. O país tem potencial para liderar segmentos específicos e marcas reconhecidas, apostando em qualidade, diferenciação e posicionamento internacional.

A chave, como destacou análise do especialista Jorge Castro, está na especialização e no esforço sistemático de promoção externa. Esse caminho pode transformar a produção leiteira argentina em referência mundial, contribuindo para o crescimento econômico e para a chamada “prosperidade do século XXI”.

Um papel central cabe à Cuenca Leiteira, com polos em Santa Fé, Córdoba (com destaque para Villa María) e Buenos Aires, que concentram centros de pesquisa e capacitação.

O setor, que nasceu com os imigrantes suíços e alemães na Pampa Gringa, volta agora ao cenário internacional, em um momento decisivo para consolidar sua vocação global.

*Adaptado para eDairyNews, com informações de  Infocampo e Clarín

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