O café é paixão mundial — são mais de 2,25 bilhões de xícaras servidas todos os dias.
Além de energia, ele oferece compostos antioxidantes associados à longevidade, saúde cardiovascular e melhor metabolismo da glicose, segundo estudos da Associação Nacional do Café dos EUA e do consórcio europeu EPIC Study.
Mas o que pouca gente percebe é que o verdadeiro poder do café aparece quando ele se une ao leite. Sim, o tradicional café com leite — tão comum nas mesas brasileiras — não é apenas um hábito cultural: é um reforço comprovado para o sistema imunológico e a saúde mental.
O leite transforma o café — e o corpo
Cientistas da Universidade de Copenhague descobriram que os polifenóis do café, quando combinados com aminoácidos do leite, dobram a eficácia anti-inflamatória das células imunes.
O estudo, publicado em 2023, observou que a combinação ativa respostas imunológicas mais potentes que os compostos isolados. “Essa reação ocorre naturalmente nas bebidas com café e leite usadas em cafeterias”, explicou a professora Marianne Nissen Lund, líder da pesquisa.
Em outras palavras: um simples latte pode ser mais poderoso do que parece.
O impulso da Fonterra: inovação que virou referência
Atenta à tendência das bebidas funcionais, a Fonterra, gigante global de lácteos da Nova Zelândia, apresentou em setembro de 2022 a sua marca de nutrição B2B Nutiani, voltada para soluções de bem-estar com base científica.
Naquele contexto, a empresa revelou o conceito do “Phospholipid Latte”, uma proposta criada para mostrar o potencial dos fosfolípidos do leite, ingredientes lançados originalmente em 2021.
Segundo Peyton Rudy, diretor global de marketing da Fonterra, os fosfolípidos — gorduras complexas naturais do leite — possuem efeitos clinicamente comprovados no controle do estresse, na melhora da concentração e na recuperação muscular.
Embora a iniciativa não seja recente, ela marcou o início de uma tendência que continua crescendo: o uso do leite não apenas como alimento, mas como ingrediente funcional e neuroativo.
Entre o cappuccino e o frappuccino: onde mora o perigo?
Os lattes e cappuccinos estão entre as bebidas mais pedidas nas cafeterias, especialmente entre jovens adultos que não consomem leite puro, mas o incorporam no café.
No entanto, há um alerta: o açúcar pode sabotar todos os benefícios.
Um cappuccino curto da Starbucks contém 70 calorias, enquanto um Mocha Frappuccino RTD chega a 190 calorias — sendo 22 gramas de açúcar adicionado, o equivalente a quase metade do limite diário recomendado.
Ou seja, se a intenção é aproveitar os antioxidantes e aminoácidos benéficos, vale optar por versões menos doces e mais próximas do natural.
Plant-based ou leite de verdade?
Apesar da onda das bebidas vegetais, 91% dos cafés com leite ainda são feitos com produtos lácteos, segundo o portal Perfect Daily Grind.
Entre os substitutos, o leite de aveia ganhou espaço pela textura cremosa e capacidade de espumar — essencial para o latte art —, mas nutricionalmente ainda fica atrás do leite tradicional, que oferece 13 nutrientes essenciais, incluindo cálcio, proteína, vitamina B12 e potássio.
Além disso, o leite neutraliza a acidez do café, reduzindo azia e refluxo, benefícios que os “cremes vegetais” raramente replicam.
Café com responsabilidade
O consumo ideal parece estar entre três e quatro xícaras por dia, segundo a meta-análise “Coffee Consumption and Health”.
Essa quantidade reduz o risco de doenças cardiovasculares e até mortalidade geral.
Por outro lado, excessos acima de 200 mg de cafeína por dose (o equivalente a duas xícaras grandes) podem aumentar a ansiedade e prejudicar o sono — especialmente em mulheres grávidas e crianças.
Para quem busca equilíbrio, surgem alternativas como o Buzz Lite, um café com apenas 10% da cafeína tradicional — cerca de 20 mg por xícara —, uma ponte entre o café comum e o descafeinado.
Tendência global: funcionalidade no copo
O crescimento das bebidas prontas à base de café e leite é explosivo.
A consultoria Mordor Intelligence estima uma taxa média anual de crescimento de 7,7% até 2026 para o segmento RTD (Ready To Drink).
Combinando conveniência, sabor e apelo “saudável”, a categoria tende a incorporar cada vez mais ingredientes bioativos, como os fosfolípidos e proteínas lácteas funcionais.
No Brasil, onde o café é símbolo nacional e o leite é produzido em todas as regiões, a união dos dois ingredientes tem tudo para liderar uma nova onda de consumo consciente e nutricional — que vai muito além do prazer do primeiro gole.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de Dairy Foods
