ESPMEXENGBRAIND
10 jul 2025
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📈 Mesmo com importações históricas, produtores de leite tiveram margens recordes em 2024; UHT pressiona a indústria e varejo se reposiciona.
Se para o produtor 2024 foi um ano para comemorar, o mesmo não se pode dizer da indústria de processamento, especialmente no segmento do leite UHT.
Se para o produtor 2024 foi um ano para comemorar, o mesmo não se pode dizer da indústria de processamento, especialmente no segmento do leite UHT.

Mesmo após um início de ano desanimador e com importações recordes de lácteos vindas da Argentina e do Uruguai, o setor leiteiro brasileiro encerrou 2024 com uma recuperação surpreendente:

Os preços pagos ao produtor subiram 27,1%, superando com folga a inflação geral e devolvendo margens financeiras históricas ao campo.

O cenário que se desenhava no início de 2024 era dos mais pessimistas. A avalanche de leite importado pressionava o mercado interno, empurrando os preços para baixo e colocando em risco a sustentabilidade de pequenos e médios produtores.

A indústria nacional via seu espaço ser corroído no varejo do Nordeste, reduto tradicional de consumo de leite vindo de outras regiões.

Ainda assim, o setor reagiu. A virada começou a se consolidar ao longo do primeiro semestre, mesmo com incertezas climáticas e custos de produção ainda elevados.

A partir de abril, o preço do leite pago ao produtor entrou em trajetória de alta, impulsionado por uma combinação de fatores: redução dos custos operacionais, leve recuperação da demanda e uma menor pressão concorrencial no mercado interno.

De acordo com dados do Anuário Leite 2025, produzido pela Embrapa Gado de Leite, o preço ao produtor subiu mês a mês, chegando a um pico de 41,4% de aumento em setembro.

O ano fechou com alta acumulada de 27,1%, desempenho que superou não só a inflação geral (4,8%), como também o índice de alimentos (7,7%) e o de leite e derivados no varejo (10,4%).

Enquanto isso, os custos de produção, medidos pelo ICPLeite/Embrapa, cresceram apenas 2,1% no mesmo período. O resultado? Margens inéditas e recuperação das perdas acumuladas em 2023, que havia sido um ano de frustração profunda para o setor produtivo.

A indústria em xeque

Se para o produtor 2024 foi um ano para comemorar, o mesmo não se pode dizer da indústria de processamento, especialmente no segmento do leite UHT.

Apesar de os preços ao consumidor terem subido 18,8% no varejo, o atacado viu queda nos preços no último trimestre. Em dezembro, o UHT foi vendido pela indústria com apenas 1% de aumento em relação ao mesmo mês de 2023 — bem abaixo da inflação acumulada.

Essa defasagem pressionou as margens industriais, especialmente entre os laticínios que dependem fortemente do UHT, produto de menor valor agregado.

Enquanto isso, queijos e outros derivados, menos sensíveis à competição direta com importados e com margens maiores, podem ter oferecido melhor desempenho — embora o Anuário não detalhe esses segmentos.

Importados, análogos e reposicionamento

Mesmo com a reação positiva do mercado interno, o impacto das importações ainda foi sentido. Laticínios argentinos e uruguaios, diante das dificuldades em seus próprios países, consolidaram sua presença no Brasil.

No caso do Uruguai, a retração das compras chinesas forçou a busca de novos mercados. Já na Argentina, a inflação galopante derrubou o consumo interno, fazendo do Brasil um refúgio comercial.

No varejo, a alta de preços levou a uma maior presença de produtos análogos — como requeijões e muçarelas com adição de amido — numa tentativa de manter o consumo com preços mais acessíveis.

Essa mudança no mix de produtos é uma resposta direta ao novo comportamento do consumidor, que busca alternativas mais baratas sem abrir mão dos lácteos.

2024 entra para a história

O desempenho de 2024 marca uma reviravolta notável. Após anos de margens apertadas, o campo finalmente viu o retorno da rentabilidade. Segundo o Anuário, mesmo com o cenário de incerteza climática e forte competição externa, o poder de compra das famílias produtoras foi amplamente restabelecido.

Para o varejo, a capacidade de repassar preços garantiu bons resultados. Já para a indústria, os desafios persistem.

O desempenho fraco no UHT acende um alerta sobre a necessidade de diversificação de portfólio e maior eficiência logística, especialmente diante da possibilidade de novas ondas de importações e flutuações de demanda em 2025.

 

*Adaptado para eDairyNews, com informações de O Presente Rural

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